Capítulo 27 [1ª parte]

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Lia


Olho para aqueles grandes olhos azuis, porém cansados depois de tudo o que temos passado.

Eu já estava mais calma, depois de um ataque de raiva que tive, talvez sem qualquer necessidade que fosse. Sentia as minhas bochechas com as lágrimas secas sobre as mesmas mas nem me importei, logo iria lavar a cara e dormir ao lado de Enzo.

- Estás melhor? – A sua voz transportava uma calma nada desconhecida, também sentia o seu sentimento por mim e o seu olhar atento sobre mim.

Apenas assenti calmamente e voltei a abraçar o seu grande corpo, já que era mais pequena que ele e não estava com disposição de ficar em bicos de pés só para abraçar o seu pescoço forte, apesar de ter vontade de o fazer. Eu não sou pequeno, não me considero pequena, mas os meus 170 centímetros não são nada ao lado dos 189 ou 190 centímetros de Enzo, e por isso que sempre que o quisesse beijar de pé, teria que me colocar de bicos de pés, algo que nunca fora normal para a minha altura, penso eu. Talvez eu seja mais estranha do que o que pareço, pois prefiro abraçar o seu peitoral, como uma criança abraça o seu pai, e encostar a minha cabeça sobre o seu peito forte e másculo e poder sentir as batidas rápidas do seu coração.

Batidas rápidas... sim... estou a ver que o seu coração fica mais feliz quando estou consigo... tal como o meu. Isso é óptimo, pode querer dizer muita coisa, certo? Penso que sim.

Algo me martela na cabeça e ainda penso se eu iria mesmo embora se Enzo não resolvesse esta situação. Estou a ser egoísta... estou mesmo, porque quero que Enzo mude, mas eu não o amo do jeito que ele é? Foi por ele que me apaixonei, foi pelo homem frio e misterioso que me apaixonei. Foi pelo seu sorriso que me apaixonei, pelas suas gargalhadas e pela sua protecção. Ele só foi privado disso tudo devido ao seu passado, agora que ele finalmente se estava a recompor na sua vida amorosa e social, eu quero que ele mude?

Talvez não seja o caso de mudar que eu queria que ele faça... Talvez seja a preocupação a falar por mim, mas sinto que continuo a ser injusta com ele...

Ele não me fez nada de mal, nunca... Aliás, faz tudo por mim e até abriu o seu coração para mim, ajudou-me em tudo... Mas porquê que me sinto tão estranha pelo facto de ele ter o trabalho que tem? Talvez porque tenho medo de ficar sem ele... Eu já disse que não me imagino sem ele e isso é totalmente verdade...

Se ele tem que mudar, então eu tenho que mudar também. Não pode um andar e o outro ficar parado, não é mesmo?

Não o vou deixar, até porque não aconteceu nada que justificasse o facto de eu o querer deixar... Eu amo-o e é com ele que vou ficar...

- Por favor Lia... Não guardes tudo para ti... - A sua voz faz com que eu pare rapidamente de pensar e focar-me nele.

- O quê? – Murmuro meio desorientada.

- Não penses tanto... Fala comigo... Diz-me o que essa cabecinha está a martelar agora... - Vi através dos seus olhos, mais escuros agora, a sua preocupação.

- Eu peço o que não é preciso...

- Como assim? – A sua voz carregou a dúvida consigo e a sua sobrancelha arqueou-se levemente.

- Eu não quero que mudes nada... A gangue é importante para ti porque na verdade é para o bem do mundo... E eu vou respeitar isso, por ti e por todos os que te ajudaram a chegar até ao nível que estás... - Vi um sorriso a formar-se lentamente nos seus lábios, e logo os seus olhos azuis já não estavam mais cansados e já tinham o certo brilho nos mesmos, algo que qualquer mulher ama ver no seu amado. – Vou ajudar-te em tudo o que precisas, mas não quero que te metas em sarilhos... Eu sei que queres um mundo melhor mas tem cuidado. Não sou tão ingénua de pensar que o que estás a fazer e o que o teu Estado quer fazer não seja muito perigoso e pode nem funcionar...

- Lia...

- É verdade Enzo... Eu estou a aceitar isto por ti, por nós, pela nossa família. Então não me desiludas e não me faças arrepender do que acabei de dizer e fazer... - Tentei ficar séria, mas o seu sorriso era tão largo que me contagiou em segundos e me fez sorrir também.

- Eu amo-te tanto minha loira! – Abraçou-me com tanta força e beijou-me logo de seguida. – Não te vou desiludir, prometo. Porra, és o melhor de mim. – Murmurou assim que separamos os nossos lábios depois do beijo louco que demos, com um sorriso gigante.

- Eu quero entrar na universidade... Quero seguir com artes... Quero ter o meu próprio emprego. – Olho-o.

- Tudo bem... Mas queres saber a minha opinião? Talvez seja melhor começares em Setembro...

Assenti, até porque estávamos em fevereiro e já tinha perdido metade do curso.

Logo voltamos para o quarto e deitámo-nos na cama, um ao lado do outro, as nossas pernas entrelaçadas e com a minha cabeça sobre o seu longo braço e forte, com certeza que Enzo iria ficar com ele dormente.

- Enzo... - Sussurro e o mesmo acorda dos seus pensamentos e encara-me logo de seguida. – Eu gostava de conhecer os meus pais biológicos.

Notei o seu espanto ao ouvir as minhas palavras mas nada disse. Continuou a encarar-me como se raciocinasse sobre o que eu acabara de dizer. Mas logo suspirou baixinho e entendeu que o que eu dizia era verdade. Deita-se de lado, virado para mim, e coloca o seu outro braço sobre o meu corpo, abraçando-me.

- De certeza que queres conhecê-los? Sei que iriam ficar muito felizes por te verem. – Sussurrou e enquanto acariciava as minhas costas com a sua mão, delicadamente.

- Sim... apesar de ter ódio pelo que me fizeram passar, pelo menos tive uma boa educação e nunca me faltou nada. Não me sinto rejeitada, porque tive uma mãe, apesar de todas as complicações que a mesma tinha. Eu nunca tive interesse em conhecer o meu pai, mas agora que sei que tenho outros pais, e que esses são os verdadeiros, eu gostava de os conhecer.

- Tudo bem... Eu vou avisá-los, mas amanhã eu queria que viesses comigo para a empresa...

- Para a empresa? Fazer o quê?

- Eu quero que estejas a par de tudo...

- De tudo? Como assim?

- Amanhã falámos okay? – Bocejou e sorriu para mim. Assenti e beijei os seus lábios delicadamente.

- Até amanhã. – Fechei os olhos e logo ambos adormecemos.

☼☼☼

Olá meus amores! 

Eu sei que o capítulo está muito pequeno e peço desculpas por isso! 

Eu não tenho tempo para nada, infelizmente. 

Mas como sei que é horrivel esperar pelo próximo capítulo, decidi publicar a primeira parte do capítulo 27. 

Já devem ter reparado que eu não tenho o livro já escrito, foi um erro que cometi, mas que da próxima vez não acontecerá. 

Sim, vai haver próxima porque tenho em mente de publicar mais dois livros. :) 

O segundo livro do O Meu Gangster e o Superei-te, que já tem o prólogo aqui há alguns meses! 

Bom, espero que estejam a gostar. Beijinhos e bom fim de semana! ♥

O Meu GangsterWhere stories live. Discover now