Capítulo 7

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Vídeo: Michl - Kill Our Way To Heaven


27 de novembro de 2015 – 09h54min


Quando abri os meus olhos, levei as minhas mãos e esfreguei-os rapidamente, pensando no estranho sonho que tivera na noite anterior. Olho o teto branco do meu mais recente quarto e suspiro pesadamente. Os raios de sol entravam pelo vidro duplo da janela e batiam-me directamente no rosto. Quando estavas prestes a levantar-me, pronta para recomeçar mais um dia, um movimento na cama chamou-me a atenção e dirigi o meu olhar para o local.

Arregalei os olhos e quase dei um grito ao ver a figura ao meu lado. Afinal não fora um sonho? Enzo estava mesmo ali, a dormir confortavelmente de bruços ao meu lado? Assustada e sem saber ao certo o que fazer, sentei-me na cama, encostando as minhas costas na cabeceira da mesma, e percorri todo o corpo másculo daquele homem com o meu olhar. Imagens do que eu pensei ter sido um sonho me vêm à memória e arquejo. Parecia que ainda sentia o seu toque estranhamente delicado no meu rosto, e que ouvia a sua voz estranhamente carinhosa, antes de adormecer nos seus braços estranhamente protetores.

Ele estava perfeito, e como ontem, ele tinha a mesma cara de anjinho... mas na verdade ele é pior até que o diabo. Não sei se o que acabei de dizer é no bom ou no mau sentido. Eu simplesmente não sei... ele... ele simplesmente confunde-me tanto e deixa-me sempre com o coração na boca.

O facto de ele me ter pedido desculpas deixara-me mais nervosa ainda. Desculpa pela noite anterior? Certo, já o tinha perdoado sem sequer ter reparado que o fizera. Mas havia mais... Eu sabia que teria que cavar melhor toda aquela história, aquele mistério que o rondava constantemente.

Volto, novamente, o meu olhar para o seu rosto sereno e suspiro. Ele deixara-me tão confusa. Tinha medo de estar prestes a cair de um precipício e nunca mais conseguir subi-lo. Enzo tinha muito o que me explicar, era certo. Mas se continuasse a viver com esperança de que me fosse contar, certamente que não daria para mim.

Eu sabia que, lá no fundo, Enzo não era aquele homem arrogante e despreocupado. Uma prova disso fora o seu pedido de desculpas. Sorte a dele que eu estava acordada e o ouvira, senão talvez ainda estivesse muito desconfiada da sua atitude.

Entro na casa de banho, lavo o rosto, escovo os dentes e, depois de tirar o pijama, entro no chuveiro, iniciando um duche.

Estava virada de costas para a porta da casa de banho, quando sinto uns braços fortes a abraçarem a minha cintura. Era Enzo, o seu perfume nunca irá enganar ninguém. Sinto o seu amigo encostado no meu rabo e o seu nariz a raspar pelo meu pescoço, fazendo-me sentir arrepios na espinha.

- Não fiques zangada comigo. – Sussurrou. – Eu sei que tenho sido um rude e estranho para ti, Lia. Mas vou tentar melhorar... Quero que isto dê certo, apesar de tudo. Vamos a viver debaixo do mesmo teto pelo resto das nossas vidas e eu não queria desperdiçar isso.

- Eu sou um brinquedo nas tuas mãos. – Afirmo, desligando o chuveiro e desviando-me dele. Pego no frasco de champô e abro-o.

- Tu és a minha noiva, Lia. – A sua voz estava mais firme e olhei-o.

- Por contrato.

- Que eu já conheço há muitos anos. – O seu olhar era suplicante. Onde estava o homem que conhecera há dias atrás? Será que ele estava mesmo disposto a mudar? Ainda só se passaram alguns dias desde que eu o conhecera, já que o mesmo afirmara que me conhecera há mais tempo.

O Meu GangsterOnde histórias criam vida. Descubra agora