Capítulo 32

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Lia

Afasto-me lentamente dos braços aconchegantes da minha mãe biológica e passo a minha mão pelas minhas bochechas, tentando limpar as lágrimas que se tinham acumulado nas mesmas.

A minha mãe, Marie, estende um lenço na minha direcção com um sorriso meigo no rosto igualmente molhada pelas lágrimas. Agradeço e pego no lenço limpando o meu rosto.

O meu pai tinha um pequeno sorriso estampado nos seus lábios enquanto me olhava atentamente com ternura. A minha mãe acabara de limpar o seu rosto também com um lenço dela e após o guardar olha para mim e depois para Enzo.

- Olá querido! – Ela fala pouco depois sorrindo e caminhando na sua direcção. – Desculpa ter demorado a cumprimentar-te. – Sorriu dando-lhe dois beijos, um em cada bochecha.

- Boa tarde Marie. – Murmurou calmamente, cumprimentando a minha mãe pelo seu primeiro nome. – Como vai?

- Muito melhor agora. – Sorriu amplamente e logo dirige o seu olhar para mim. Sorri-lhe um pouco tímida.

Enzo caminha lentamente na minha direcção e leva a sua mão ao meu rosto acariciando-o delicadamente enquanto os nossos olhos se mantinham em contacto.

- Estás bem? – A sua voz estava mais calma e baixa.

- Sim... - Sussurro e sorri docemente.

Enzo encosta os seus lábios grossos na minha testa e dá-me ali um leve beijo fazendo-me fechar os olhos por breves segundos, apreciando aquele gesto de carinho e de amor.

- Vamos sentar-nos? – Meu pai fala, fazendo com que ambos olhássemo-lo, e assentimos. Sentei-me num sofá ao lado de Enzo que segurou a minha mão, entrelaçando os nossos dedos delicadamente. – Querem alguma coisa para comer ou beber?

- Estamos bem Richard. – Enzo murmura com educação enquanto a minha mãe senta-se ao lado do meu pai, no sofá à nossa frente.

Observava os meus pais atentamente. Ambos estavam com um leve sorriso nos lábios, pareciam felizes.

- Como tens estado Lia? – A minha mãe acaba por quebrar aquele silêncio.

- Melhor... Acho que finalmente estou a entender o verdadeiro significado do amor. – Murmuro calmamente sem desviar o meu olhar do olhar azul da minha mãe. – E antes que digam alguma coisa a mais... eu compreendo o que vocês fizeram, apesar de ter sido errado e apesar de poderem ter escolhido uma opção melhor... eu entendo o que vocês tiveram que fazer para garantirem a minha segurança.

Vejo os olhares de ambos arregalarem-se com a surpresa. Com certeza eles não estavam à espera que eu aceitasse isto tão bem.

- Tu não estás com ódio? Ou algo do género? – Desta vez foi o meu pai a falar, apesar de sério, a sua voz ainda estava calma e com o mesmo tom de sempre.

- Eu passei 18 anos a odiar a minha vida por nunca ter tido uma família de verdade. Por nunca ter conseguido fazer amigos de verdade e pelo facto de que a minha mãe não me tratar propriamente da melhor maneira. – Murmuro. – Mas, mesmo assim, quando ela faleceu eu senti falta dela, porque era a minha única família e a única companhia que tinha. – Observo-os. – Eu odiei vocês quando Enzo me contou toda a verdade. Odiei pelo facto de eu ter desejado uma família desde sempre e saber que isso não iria acontecer, mas que podia ter acontecido se vocês não tivessem feito o que fizeram comigo. – Aperto a mão de Enzo enquanto o mesmo se mantinha em silêncio e acariciava as costas da minha mão com o seu polegar. – Mas isso foi só uma fase. Eu não posso guardar sempre rancor pelo que vocês fizeram, até porque fizeram para o meu bem, e hoje estou feliz.

O Meu GangsterWhere stories live. Discover now