Capítulo 38 (Extra)

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Talita narrando...

Moro na favela desde os meus cinco anos de idade.Meu pai foi convidado para administrar os ganhos da comunidade a mando de Bertão.

Me adpatei depressa ao novo mundo que meus pais estavam me apresentado,e com ajuda essencial dele,Vitinho.

Duas crianças.Dois amigos.Isso era o bastante para mim.

O tempo foi passando,e fomos nos descobrindo juntos.Perdi minha virgindade com ele.E ele comigo.Iniciamos um namoro.Um pequeno namoro.Eu era única garota em sua vida.

Com o passar dos anos,Vitinho mudou muito.Enfrentava e ainda enfrenta algumas dificuldades com o pai.Vitor é totalmente diferente dele,não vê maldade em tudo e não gosta de fazer maldade a quem não merece.E eu vi o meu Vitor passar do bom garoto,para um cara otário.

Ele mudou com todo mundo,principalmente comigo.Eu não era mais a única garota em sua vida.Ele passou a ter várias aos seus pés.Ele não me esqueceu,mas me colocou em segundo plano.E como não queria o perder,tive que me contentar com isso.

Vitor procurava as piranhas da comunidade para se aliviar,mas ele procurava a mim quando brigava com o pai.Era pra mim que ele desabafava e chorava agarrado em minha cintura.Ele era verdadeiro comigo.Seu verdadeiro Vitor,apenas aparecia para mim,e eu me sentia tão importante,que não me importava vê-lo beijando quem fosse,pois o que estava vendo,não era o meu Vitor real.

Um pleno sábado,a favela foi invadida pela tropa.Houve todo um alvoroço,e eu tive que me afastar da favela por um tempo indeterminado,pois meu pai tem escondido com ele,algo importante para a polícia.

Fiquei aproximadamente três anos longe do meu Vitor.Foi torturante cada dia longe dele.Não podia ter nenhum tipo de contato com ele,isso quase me matou.

Quando voltei a favela,foi inevitável não matar toda a saudade dele.Passamos um dia inteiro juntos.O meu Vitor estava de volta.Mais me decepcionei quando o vi brigando com o pai,e ele não veio desabafar para mim.O esperei,mas ele foi treinar.Ficou quase duas horas atirando em um alvo a alguns metros a sua frente.

Ele estava uma hora comigo,e logo depois com outra.Voltei a ser segundo plano,mas eu o amo tanto que não me importo.Dói vê-lo com outra,mas sei que não terei o meu velho Vitor de volta,que manda mensagens,que se importa e se preocupa.

Já tinha me acostumado com seu jeito.Já tinha me acostumado a dividi-lo,mas aí aquela garota apareceu e trouxe de volta aquele Vitor que só eu tinha.

                                                                                               ***

A observei por alguns dias.E suas vindas aqui na comunidade está se tornando mais frequente.Isso está me preocupando.Vitinho já mandou pastar as outras várias putas que se rastejavam atrás.Até a mim,ele mandou se afastar dele.Mais eu não vou fazer isso.Não suporto tê-lo longe de mim,e muito menos o fato da Alana ter ele por completo e o melhor dele.

Saio de casa e vou para o seu escritório.Ainda é cedo,mas o quanto antes falar com ele melhor.

Bato na porta e ela se abre.Vejo o rosto de bom humor de Vitinho se desfazer ao me ver.Algo dói dentro de mim.

-O que tá fazendo aqui,Talita?-ele pergunta sem paciência.

-Eu preciso falar com você.-digo parada a porta.

-A gente não tem nada para falar.Já mandei para se afastar de mim.Porque não faz igual as outras,some!-ele puxa a porta para fecha-la,mas antes a seguro.

-Porque eu não te quero só pelo motivo de ser o filho do dono do morro como outras.Eu te quero porque te amo!-extravaso.

Vitinho suspira e estala os dedos.Ele sempre faz isso quando está nervoso e tenta se acalmar.

-Esquece que eu existo.Finge que não me conhece,porque eu vou fazer o mesmo contigo.-ele diz frio.

-Já vivemos tantas coisas juntos,Vitor.Acha que vai ser fácil esquecer!?-o encaro com os olhos marejados,mas não vou chorar.Não na sua frente.

-Tenta.Agora,por favor Talita,vai embora.-ele gesticula com as mãos.

-Eu não vou embora Vitor,até você tirar dessa sua cabeça a Alana.Esquece essa garota,vocês não tem nada a ver um com o outro.Vocês não nasceram para ficarem juntos.Vocês são inimigos!-soco seu peito e Vitor segura meus braços.

-Tira você dessa sua cabeça a ideia de que eu vou esquecer a Alana,porque eu não vou.Nós temos tudo a ver um com o outro,e mesmo se não nascemos para ficarmos juntos,nós vamos ficar.Nossos pais são inimigos,e eu ela não.-ele diz tudo isso olhando em meus olhos,quando ia protestar,seu celular apita em cima da sua mesa,e ele corre até lá e pega o aparelho.Se joga em sua cadeira.

Corro para trás da cadeira,e Vitinho está tão bobo,que nem me xinga pelo meu ato curioso.Ela diz para ele não a buscar na escola.

Então ele faz isso!A busca na escola!?-penso.

Bufo de raiva e quando percebo,Vitinho já digitou uma mensagem a respondendo e logo outra dela chega.Ela vai vim na comunidade a tarde.

Penso em dar-lhe uma surra por estar tentando roubar o meu namorado,mas Vitinho me mataria.Porém eu posso mandar alguém fazer isso por mim,e dar o recado para ela afastar do meu Vitor.

-Depois de estragar a minha manhã e ler a minha conversa com a minha namorada,dá pra sair do meu escritório agora!?-ele fala em bom tom e me tira de transe.

Minha namorada.Isso ecoa em minha cabeça e sem dizer uma palavra,saio do seu escritório decidada a acabar com esse casalzinho.

Fico trancada em meu quarto pensando em quem poderia me ajudar.Tem que ser alguém de confiança,mas de fofoqueiro a comunidade está cheia.

Droga!Tenho que ter outro plano.

Fico pensando se alguém além de mim é contra esse relacionamento.E uma luz acende em minha cabeça.Bertão.Eu posso dizer a ele que Vitinho está encontrando com a filha do Lorenzo.O que não é mentira.

Mais Bertão é tão ruim,que é capaz de matar a garota e ainda por cima o próprio filho.E eu não quero mal algum ao Vitor.

E se eu não posso contar com Bertão.Eu sei com quem posso.

Pego minha bolsa e saio de casa.Desço até o ponto de ônibus e espero.O veículo encosta após longos minutos terem passados.Entro no veículo e fico atenta ao ponto que tenho que descer.

O ônibus para ao meu destino,e sigo para a comunidade.Pergunto sobre onde a fica o escritório do Lorenzo,e me indicam o lugar correto.

Me esbarro com um ruivinho gato saindo de lá,e ele diz que o chefe está sozinho.Ótimo para mim.

Entro-no que acho que é sua sala-sem bater.Acertei de primeiro.Vejo Lorenzo com a cabeça baixa tirando tudo quanto for de dentro de uma gaveta.E assim que me vê se assusta.Ele não quer conversa,mas eu preciso plantar a minha sementinha do mal aqui.

Digo tudo a ele.Lorenzo tenta ser forte e não acreditar no que digo.Pensa que vim a mando do Bertão.Tento convencê-lo mais uma vez,e vou embora.


A Dama & O Vagabundo Vol.2Where stories live. Discover now