Capítulo 56

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Já faz dois dias em que mando mensagens para Vitinho e ele não me responde.Dois dias em que ligo para ele e seu celular sempre está desligado,ou algo assim.

Estou começando a ficar irritada.Não sei o que meu falou para ele,mas ele já devia saber que eu sou contra qualquer coisa que meu pai pensa em fazer para nos separar.

Ficar deitada na minha cama fazendo o que faço a dois dias,não está resultando em nada!Aprendi muito quando não obedeci meu padrinho e Bertão me pressionou.Sei que prometi a mim mesma nunca mais sair sem avisar para onde ia,mas agora é uma caso-quase-de vida ou morte.

Levantei da minha cama,guardei o celular no bolso do meu short jeans e caminhei até meu armário.Peguei minha blusa moletom e a coloquei dentro da minha mochela.

Saí do meu quarto deixando a mochila em cima da minha cama.Desci a procura do meu pai.Se ele não me contar o que disse a Vitinho,eu vou pessoalmente perguntar ao meu namorado!

-Pai.-o chamo e o mesmo vira a cabeça para me olhar,já que ele estava 'mexendo no celular sentado no sofá.-Será que agora pode me dizer o que disse ao Vitor?

-Alana,já conversamos sobre isso.-ele fala e volta a mexer em seu celular.

-Não!Não conversamos.O que você está me escondendo,pai?-me aproximo dele.

-Eu nada!-ele encolhe os ombros.

-Pai,já tem dois dias que Vitinho não responde as minhas mensagens e não atende as minhas ligações.-extravaso e vejo o semblante do meu pai passar de confuso para...alegre?Porque ele estaria alegre?

-Porque está me dizendo isso?Só ele pode te responder,mas isso é impossível,já que tu acabou de me dizer que ele não te atende.-meu pai é tão cínico.

-Eu acho que eu te odeio.-falo calmamente e vejo os olhos do meu pai endurecerem.Um nó se formou na minha garganta ao vê-lo daquele jeito.No mesmo instante me arrependi de ter dito o que saiu da minha boca e pedir desculpas a ele,pareceu ser algo tão difícil naquele momento,que a única coisa que consegui fazer foi correr para o meu quarto,mas acabei desabando no último degrau da escada.Me escorei na parede e chorei baixinho,para talvez me torturar e me condenar por ter dito que odeio meu próprio pai.

-Lorenzo,está chorando?-escuto minha mãe falar e passos apressados no andar de baixo.Estico minha cabeça para o lado e a vejo com avental enrolado em seu corpo.-O que aconteceu,vagabundo?-meu pai permanece calado.-Lorenzo,você está me deixando preocupada,meu Deus!

-Não fique.Tu tá  grávida não pode ficar preocupada.-meu pai finalmente fala e puxa minha mãe para um abraço.-Ela disse que me odeia.-meu pai fala enquanto chora.

-Ela disse?Ela quem,Lorenzo?-minha mãe se solta do abraço e o encara.Ela está tão confusa.

-Alana.-ele suspira.-Tivemos uma conversa.Ela disse com todas as palavras,minha dama.

-E essa conversa tinha haver com o Vitor?-minha mãe pergunta sem tirar os olhos do meu pai.

-Tinha.-meu pai abaixa a cabeça.

-Eu sabia que ia acontecer isso,Lorenzo.O culpado de tudo isso é você!-minha mãe se levantou de onde estava sentada.-E se você não quer piorar mais as coisas,se é que tem como piorar mais,coloque já um basta nessa brincadeira.Deixa Alana e Vitinho viverem a vida deles,Lorenzo!-

Meu pai suspira,mas palavra nenhuma sai de sua boca.Minha mãe passa uma das mãos em seu rosto e se retira da sala em silêncio,provavelmente voltar a fazer o que estava fazendo antes.

Eu me levanto do chão,onde estou sentada e vou para o meu quarto.Como havia dito antes,meu pai não me contou o que disse a Vitinho,então vou perguntar a ele pessoalmente.

Pego a minha mochila que está em cima da minha cama,e a jogo pela janela,torcendo para que não fizesse muito barulho ao cair no chão.

Logo em seguida lavei meu rosto no banheiro.Meus olhos estão vermelhos,assim como meu rosto.A água não ajudou muito a esconder que eu havia chorado a minutos atrás,então passei um corretivo no rosto e saí.

Ao passar pela sala,meu pai está deitado no sofá com o rosto enterrado em uma das almofadas.Esperei que ele fosse me olhar e perguntar para onde estava indo,mas nada disso aconteceu.

Doeu.Pareceu que ele não se importa mais comigo.Eu já devia saber que isso ia acontecer,já que disse que o odeio,por mais que isso tenha saído da minha boca por um impulso enorme.

Passo pela porta e pego minha mochila jogada no chão na lateral da casa.Coloco-a nas minhas costas e caminho descendo o morro em direção ao ponto de ônibus.



A Dama & O Vagabundo Vol.2حيث تعيش القصص. اكتشف الآن