Capítulo 57

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Desço do ônibus no ponto mais próximo da comunidade de Vitinho.Arranco meu moletom de dentro da minha mochila e o visto.Escondo minha mochila atrás de uma caçamba de lixo esquecida e atrapalhando a passagem pela calçada e sigo caminhando até a entrada do morro.

Jogo meu capuz na cabeça assim que me aproximo da entrada e caminho rumo ao escritório do Vitinho.

Algumas pessoas me olham estranho,provavelmente se perguntando porque alguém estaria de moletom num calor desses?.

E para a minha sorte,eles deixam de lado essa pergunta.Não ligam.Simplesmente voltam a fazer o que estavam fazendo,pelo simples fato,de que se não incomodam.Não se incomodam por que não sabe quem está por trás do moletom.

Chego no escritório do Vitinho e as janelas estão fechadas.Tanto abrir a porta e ela está trancada.

O que será que aconteceu?

Começo a ficar preocupada com inúmeros pensamentos ruins que tomam conta da minha mente,e eu não vou sair daqui até descobrir o que está acontecendo!

Resolvo ir a casa do Vitinho.Ele tem que estar lá.

Caminho apressadamente.Uma ansiedade me invade.Um frio toma conta da minha barriga e por um instante,tive medo do que iria encontrar.E nem mesmo sei o que vou encontrar.

Estou tão fora do mundo,que nem percebo que a casa do Vitinho já é logo a frente.

Passo pelo portão aberto depressa.Sinal de que ele está em casa.Posso pensar assim,né?

Chego até a porta e giro a maçanete ansiosa por pular em seus braços e matar essa saudade de dois dias,mas...a porta está trancada.

Olho por uma fresta na janela e vejo a TV ligada e uma figura sentada no sofá de costa.É ele.O reconheceria em qualquer lugar e não é exagero.

Bato na porta para que ele abra.Se passa longos segundos e ele não abre a porta.Volto para a janela e Vitinho não está mais na sala e a TV está desligada.

O que tá acontecendo?

Meu coração se aperta e estou quase me arrependendo por ter arrependido de dizer ao meu pai que o odeio,porque Vitinho não quer falar por algo que ele falou.

-Vitor,abre a porta.-grito e nem sinal dele.O que me deixa frustrada.-Eu sei que você está aí!

Um nó se forma na minha garganta só de pensar que ele está me ignorando.

-Vitor,eu não sei que meu pai te falou,se te ameaçou,mas eu quero você.Sempre vou escolher você.-suspiro e espero por ele,mas nada.Que raiva!-Abre a porta pra mim,Vitor!

Nem percebo,mas estou chorando.Soco a parede de raiva por ele me deixar nesse estado.

-Vai embora,Alana.-olho pela janela e vejo parado próximo ao sofá.Não consigo ver seu rosto,apenas seu vulto.-Por favor.-ele insiste e pude sentir sua voz embargada. 

Eu não vou embora!

-Porque tá fazendo isso comigo,Vitor?Com a gente?-as lágrimas escorrem por minhas bochechas.

-Não quero que me veja,Alana.Só...vá embora.-ele suspira frustrado.

-Eu só vou embora,se você me disser o que meu pai te falou pra te deixar assim.-digo determinada.-Abre a porta,Vitor.Eu quero entender o que está acontecendo!?-me extravaso e perco minhas forças.Deslizo minha costa pela parede me sentando no chão e chorando lágrimas que é capaz de encher a cantareira inteira em dois minutos.

Poucos segundos depois,escuto um barulho da porta sendo destrancada.Olho surpresa para cima na esperança de vê-lo,mas só vejo a porta aberta para mim.

Me levanto do chão rapidamente e sigo para a porta limpando as lágrimas com a costa das minhas mãos.

Empurro vagarosamente a porta,abrindo passagem e adentro.

Vitor está parado próximo ao sofá.Ele está de costa para mim com uma das mãos encostadas no móvel.Fico parada o observando e esperando para que ele se vire e converse comigo.





A Dama & O Vagabundo Vol.2Opowieści tętniące życiem. Odkryj je teraz