Capítulo 50

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Ando pelas ruas desnorteada com um único pensamento na cabeça:Será que meus pais estão bem?Será que Bertão os...Não!É melhor não pensar nisso.

Encontro um ponto de ônibus e me encosto na pilastra o sustenta.Me encolho e choro baixinho.Algumas pessoas me olham com pena,mas sou digna disso.Coloquei meus pais em uma enrascada e eles estão correndo o risco de perder a vida por minha culpa.

O ônibus se aproxima do ponto e eu me esforço para enxergar qual é o seu destino.Ele passa perto da comunidade,mas ainda sim terei que fazer um boa caminhada até ela.

Sem me preocupar,entrei no veículo.Paguei minha passagem e me sentei na última poltrona.Fechei os meus olhos e relaxei meu corpo.

O falatório das conversas das pessoas dentro do ônibus me trouxe de volta a realidade.Ao abrir os olhos as pessoas me olhavam intrigadas e preocupadas.

-Você está bem?-um senhora me pergunta.Apenas chacoalho a cabeça positivo e os olhares são tirados de mim.

Me levanto da poltrona e observo a janela.Estou quase perto ao meu ponto de parada.

Dou o sinal e salto do ônibus quando o motorista o para e abre a porta.

Caminho pela calçada um tanto apressada.Tenho que avisar o pessoal e começar a bolar algum plano bom para salvarmos meus pais.

Atravesso a rua e um barulho estridente quase me ensurdece.Olho para o lado e um carro está parado quase em cima de mim.

-Presta atenção quando for atravessar a rua,garota!-um homem elegante grita com metade do corpo para fora do carro.

Não lhe respondo e volta a andar.

Chego na comunidade e sinto um olhar diferente do pessoal.Não ligo,talvez seja apenas coisa da minha cabeça,já que todos me cumprimentaram normalmente.

Vou direto para a lojinha.

-Onde está o meu padrinho?-pergunto para Lipinho.Um dos moleques que trabalha para meu pai na lojinha.

-No escritório dele.-ele responde.

A minha pressa é tanta que nem agradeço.Corro para o escritório do meu padrinho.

-Padrinho,você precisa aju...-paro no mesmo instante ao ver que alguns rapazes que trabalham com meu pai estão reunidos ali,e olham para mim.

-Eu já estou resolvendo isso.-ele fala sério.

-Já ficou sabendo?-pergunto confusa.

-Claro.Acha que o Bertão iriam ficar calado ao sequestrar o Lorenzo!?-ele fala irritado.-Lógico que ele idolatrar.

Abaixo meu olhar e meu padrinho me abraça.

-Vai pra casa.E não sai de lá.-meu padrinho ordena.

-Não!Eu quero ajudar.-me solto dele e cruzo os braços.

-Alana,faz o que eu to mandando.-ele diz.

-Eu coloquei meus pais nas mãos do Bertão,e eu quero ajudar a tira-los de lá.-falo.

-Não complica mais as coisas!-ele grita comigo.-Deixa que a gente resolve.

Suspiro e saio da sala dele.Fecho a porta e fico escutando a conversa.

-Segundo um dos nossos x9,o Bertão tem um galpão no topo do morro,e com certeza ele levou a Agnes e o Lorenzo pra lá.-escuto meu padrinho falar.

-Podemos distrair o pessoal lá embaixo,enquanto outros vão por cima.-escuto um pessoa dizer.

-Isso!Se a gente trocar tiro com o pessoal lá embaixo,Bertão vai se avisado e claro,como um bom otário que ele é,vai até lá verificar.-escuto outra pessoa falar.

-E então,essa é a nossa hora de pegar o Lorenzo e a Agnes.-meu padrinho bate na mesa.-Vamos na madrugada.Quero todo mundo na entrada da comunidade às três da manhã e se eu souber que a nossa reunião e plano vazou,considerem-se mortos.

Não sabia que meu padrinho é tão mal assim.

-Vamos a separação de grupos.-meu padrinho começa a falar nomes e mais nomes no grupo que vão distrair o Bertão,mas isso não me importa.O importante mesmo,é que as três da manhã estarei na entrada da comunidade.

                                                                                                 ***

Após pedir uma pizza para o meu jantar,me jogo no sofá e ligo a TV.

Não há nada de legal passando,mas para o tédio de esperar a pizza não me dominar,fico assistindo o filme idiota que está passando.

A campainha toca e eu corro até o portão.Pago a pizza e entro.Coloco a caixa em cima da mesinha de centro e como com as mãos mesmo.

Ao terminar de comer a pizza inteira sozinha,subi para o meu quarto.Escovei os dentes,coloquei o celular para despertar as três da manhã e dormi.

Preciso descansar para resgatar os meus pais.

Aquele barulho irritante soou.Meu celular despertando.Abro meus olhos e o desligo.Me levanto da cama sonolenta.Caminho até o banheiro e levo meu rosto.Me desperto um pouco.

Vou até meu armário e procuro por uma roupa discreta.Procuro por algo que meu padrinho não possa lembrar de mim ao me ver infiltrada em alguns dos grupos.

Tenho uma ideia!

Corro para o quarto dos meus pais e pego um boné dele.Escondo meu cabelo dentro do boné.Volto para o meu quarto e pego um moletom do Brício.É meio grande,mas fica melhor que um moletom do meu pai.

Calço meu tênis e pego minha arma atrás da minha penteadeira.Isso com certeza pode me entregar,mas no escuro ninguém vê nada,né?

Saio de casa faltando vinte minutos para três da manhã.Desço o morro tentando ser mais discreta possível.

Já havia bastante gente na entrada da comunidade.Meu padrinho estava com um papel nas mãos e o olhava atentamente com outros rapazes.

Fiquei parada junto a um grupo com a cabeça baixa.Não sei para onde eles iriam.Eu devia ter escutado a conversa inteira.

Entramos na van.Espero que eu faça parte do pessoal que vai para o topo do morro.


A Dama & O Vagabundo Vol.2Where stories live. Discover now