Capítulo 62

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5 meses depois...


Vitor e eu,estamos morando no mesmo prédio do meu avô.Longe de comunidade.

Ontem,fui o julgamento do Bertão,e o cara pegou 35 anos na prisão.Vitor ficou chateado,talvez até triste,e eu sei que por mais que Bertão seja um crápula,psicopata que tentou me matar,ainda continua sendo seu pai.

Tentei da minha maneria,tentar consola-lo,ou seja tentativa falha.Sou péssima nisso.Nem um sorriso ele deu.Nem pra me agradar por estar tentando distraí-lo.Então resolvi deixa-lo sozinho.Ter um tempo para ele.

Estou deitada na nossa  cama,enquanto ele está na sala assistindo TV.Desde que nos mudamos para cá,não tenho um tempo assim.Estou sempre ocupada em limpando a casa,cozinhando,lavando roupas...Tudo o que uma verdadeira dona de casa faz.

Meu pai ofereceu para pagar uma empregada,mas não quero continuar dependendo dele,eu sou praticamente uma mulher casada e quem tem que pagar alguma coisa para mim,é o Vitor.Mais ainda não estamos podendo com isso.

O trabalho que Vitinho conseguiu,só serve para fazermos a compra do mês e pagar o condomínio.O resto,a gente pega da sua gorda "poupança".Leandro,o carinha que Vitinho deu a comunidade,não quis um centavo que Bertão tinha conseguido para a comunidade e deu todo o dinheiro a Vitor.Disse que,dinheiro para a comunidade dele,ele mesmo fará.Gostei da atitude,e é claro que Vitor não pegou todo o dinheiro,quis lhe deixar um pouco como reserva para o começo do seu comando,mas ainda sim tem muito dinheiro.

                                                                                            ***

-Vitor,você não vem se deitar?-pergunto massageando seus ombros.Desde o julgamento do pai,Vitor praticamento entrou em estado de desânimo.-Já é tarde.-digo após olhar para o relógio pendurado na parede e que marca que são quase meia noite.

-Vá você.Depois eu vou.-ele diz sem olhar para mim.

-Tudo bem.Estou te esperando.-suspiro e vou para o quarto.

Me deito na cama na esperança dele vir logo,mas sei que não.Vitor está mal.Poxa!Ele não pode continuar assim.

Fico tentando pegar no sono,mas é difícil dormir quando se está preocupada.Me mexo de um lado para o outro na cama.Sinto calor,frio e nada de sono.

Meu celular começa a tocar.Quem será em uma horas dessas?

Me arrasto pela cama até o criado-mudo e pego o celular.Olho para a tela e vejo o nome do meu padrinho estampado ali.

-Padrinho,o que houve?-pergunto com a preocupação bem visível.

-Teu irmão vai nascer.Tua mãe acabou de ir para o hospital-Ele falou tudo muito rápido,porém entendi claramente.

-Eu to indo pra lá.-jogo a coberta para o lado e me visto com a primeira roupa que vejo.Uma calça jeans,um camiseta larga e antiga da minha formatura da oitava série.Calço meus chinelos e corro para a sala.-Vitor,levanta!-grito.-Pega a chave da moto e vamos para o hospital,meu irmão vai nascer.

-A gente não pode ir de moto.-ele me olha.

-Ham?-faço a pior cara de desentendida que tenho.

Qual o problema?

-Alana,eu ainda não tenho habilitação.-Vitor me responde.-Esqueceu,disso?

-Deixa de ser bonzinho pelo menos por hoje,Vitor.-grito.-Agora vai,pega a chave!

Ele corre em direção ao quarto.Só me faltava essa.Vitor,ex dono de morro,seguindo rigorosamente a lei.

Pego o capacete próximo ao sofá na sala e saímos de casa.Por sorte o elevador não demorou,e eu nem me lembro se trancamos a porta.

Já era.

Elevador para no estacionamento e eu corro até a moto do Vitor junto a ele colocando o capacete.Meu namorado,mal me deixa me arrumar em cima da moto e já sai em disparada.

Demoramos menos de 10 minutos para chegar até o hospital.

Corri até a recepcionista e perguntei sobre a minha mãe.Ela disse que todos os familiares estavam na sala de espera.

Agarrei a mão de Vitor e fomos para lá.Meu pai,meu padrinho e a Mari,estavam sentados no sofá enorme da sala de espera.

-Pai.-o chamo para ter sua atenção.-Ela já está na sala de parto.

-Já.Acabou de ir para lá.-ele me dá um abraço e cumprimenta o Vitor.

                                                                                      ***

-Awn ele é a coisa mais linda.-falo com meu irmão nos braços.

-Posso ser o padrinho de novo?-meu padrinho diz segurando a mão do meu irmão.

-Não.-lanço um olhar raivoso para ele.-Você é só meu.-cerro os olhos para ele.

-Calminha.-ele dá leves tapinhas em meu ombro,o que nos arranca risos.

-Será que eu posso pegar ele agora?-Mari pergunta com as mãos na cintura.

-Espera só mais um minuto.-falo.

-Alana!-ela grita e eu começo a rir,mas entrego meu irmão a ela.

-Toma cuidado com meu herdeiro,Mariana.-meu pai fala sério.-Depois joga ele aqui pra mim,porque até agora eu não peguei o meu moleque.

-Ah depois eu que tenho que ter cuidado,né?Joga ele aqui pra mim.-Mari tenta imitar meu pai.

Vou até a Vitinho e ele me abraça de lado.

-Espera aí.-todos me olham.-Qual o nome do meu irmão?

-Lorenzo,alguma sugestão?-minha mãe pergunta.

-Lógico.-ele se gaba.-Gabriel.

-Então,o futuro dono do morro chama Gabriel.-digo.-Gostou do seu nome irmãozinho.-mexo em sua pequena mão.

                                                                                             ***

-Meu pai está tão feliz.-falo para Vitor referindo ao meu irmão.Estamos deitados em nossa cama.

-Claro,todo homem quer ter um filho homem.Ainda vamos ter os nossos.-ele fala acariciando meus cabelos.

-Quantos?-pergunto me virando para ele.

-O suficiente para montarmos um time de futebol.-ele diz tentando se manter mais sério possível.

-Idiota.-jogo o travesseiro nele rindo.

-Estava brincando.-ele diz rindo.

-Então quantos?-pergunto.

-O quanto Deus nos presentear.-ele me puxa e me beija.

             

              E quando é amor de verdade,você enfrenta qualquer coisa,espera o tempo que                                                         for,perdoa qualquer erro,ignora opiniões,só pra ter quem se ama.

   

                                                                                              Fim.




A Dama & O Vagabundo Vol.2Where stories live. Discover now