Capítulo 20

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"Let me see you
Stripped down to the bone"
Depeche Mode

Uma chuva fria e persistente começou a cair sobre a cidade naquele final de madrugada

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Uma chuva fria e persistente começou a cair sobre a cidade naquele final de madrugada. Percorreram o caminho até a casa em pleno silêncio. Rafe mantinha a cabeça inclinada para trás e os olhos bem fechados, mas a mão apoiada na perna dela, seus dedos, vez que outra, percorriam o caminho de suas coxas. Sentir o seu calor, a firmeza de sua pele, mesmo através do tecido da calça lhe acalmava e lhe dava a segurança de que aquele pesadelo tinha acabado.

Ao chegarem, constataram que o apartamento estava em total escuridão, apenas algumas lâmpadas estavam acesas, indicando que Cary e os seguranças tinham ido dormir, como ela recomendara antes de sair.

Em um silêncio solene e de mãos dadas, subiram direto para o banheiro da suíte que agora compartiam. Iggy dormia tranquilo no seu canto, e se notou que eles tinham chegado, não se incomodou em verificar.

Sob a iluminação adequada do banheiro, Maya pode notar o quão cansado ele parecia. As linhas de expressão estavam demarcadas. Ele trazia círculos escuros bem definidos sob os olhos, e na altura da maçã do rosto um hematoma bem definido começava a aparecer.

Maya o observava atenta, como uma mãe coruja, encostada no batente da porta do banheiro. Ele Aproximou-se dela e acariciou cuidadoso, a linha de sua mandíbula com a ponta dos dedos — Está tudo bem, sweetheart? Você não está brava? Eu não te perdi, não é?

A dor que ela viu transparecer em seus olhos quase a quebrou — Brava Rafe? Por que eu estaria brava com você, quando nada disso foi culpa tua? Só estou preocupada com você. Apesar de muito desejar, sabia que ele ainda não queria ser tocado, portanto teria que ter a paciência necessária e, esperar que ele tomasse a iniciativa.

Rafe concordou e, em automático, se encaminhou para a pia, pegou sua escova e colocou uma quantidade absurda de pasta nela. Escovou os dentes e tudo ao redor com força. Sentiu que esfolava a língua, a gengiva e o céu da boca, mas não queria nenhum vestígio daquela mulher nele. O ardor que o antisséptico bucal causou em sua pele exposta foi bem-vindo, fazendo com que lágrimas rolassem de seus olhos.

Quando ela percebeu a intenção dele de fazer a escassa barba que crescera durante o dia e, já cobria a sua mandíbula, Maya andou com cuidado até ele, como se fosse um frágil cristal. — Me deixa fazer isso por você. Ela estendeu a mão para que ele lhe entregasse a o aparelho de barbear.

Com um gesto econômico, ele fechou os olhos e se recusou. — Eu não quero te sujar, estou contaminado pela essência tóxica daquela mulher.

Maya pegou a sua mão e, acariciou levemente o dorso com o polegar, olhando-o com os olhos transbordando de amor. — Você é o homem que eu amo Rafe. O teu bem-estar é a minha prioridade agora. Você é mais importante do que qualquer coisa que ela tenha feito contigo.

As palavras sinceras de Maya tiveram efeito e, Rafe por fim entregou-lhe o aparelho.

Ela então aproximou a cadeira da bancada revestida com suntuoso mármore, sentou-o ali e, encheu a cuba com água morna. Pegou o sabão feito com azeite de oliva, molhou o pincel na água e esfregou sobre a barra para fazer espuma. Olhou-o em dúvida, analisando por onde seria melhor começar. — Devo te avisar que nunca fiz isso antes, Rafe, portanto tenha um pouco de paciência comigo.

Chama Indômita - CompletoOnde histórias criam vida. Descubra agora