Apenas pessoas que habitam a mesma casa

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Voltei a escutar alguns sons depois do que parecia ser uma eternidade. Senti um ar gelado atingir meu corpo e mesmo com os olhos fechados podia sentir a claridade do local.

Logo depois ouvi algumas vozes distantes e um choro alto bem próximo a mim. Senti um peso sobre minha barriga e uma mão que segurava a minha com força, quase como uma necessidade de sobrevivência.

– Eu juro que serei o melhor pai do mundo pra você, pequeno. – foram as primeiras palavras que pude discernir em meio à confusão que estava instaurada em minha mente. – Eu vou consertar tudo. Eu já te amo tanto. – a mão sobre meu ventre se movimentou enquanto a voz sôfrega e em meio a soluços se fazia presente.

– Li-liam? – eu disse abrindo os olhos lentamente, minha voz saindo rouca e com muita dificuldade.

– Oh meu Deus! Você acordou. – a surpresa e a alegria tomaram conta de suas palavras e da expressão em seu rosto. – Eu vou chamar a enfermeira.

E encarando seu rosto por breves segundos, as lembranças retornaram a minha mente com uma rapidez impressionante.

Eu sai de casa a procura de um emprego, fui a duas lojas e consegui apenas duas carrancas por meu atrevimento, o atrevimento de um ômega marcado.

Mas quando entrei em uma escola de música, fui muito bem recebido por uma senhora, uma beta, que me olhava feliz enquanto eu mostrava minhas habilidades com o violão. E depois de duas músicas tocadas, eu estava contratado. É claro que eu teria que falar com meu alfa, mas apenas por uma pequena formalidade.

Nunca estive tão feliz em toda a minha vida e por isso quis ir até Liam para contar-lhe a novidade. As coisas entre eu e ele começavam a funcionar como eu sempre imaginei que seria, ele me amava e demonstrava isso. Me amava o suficiente para me ajudar a correr atrás de meu sonho e de minha liberdade. E Deus, como eu o amava!

Eu o amava desde o início. Amava a forma como ele me protegia. Amava fazer birra para ganhar seus carinhos e presentes. Amava como ele sempre estava ali, ao meu lado, me fazendo sentir bem. Amava quando ele me tocava. Amava quando seus olhos sumiam em meio a um sorriso. Amava Liam muito mais do que a mim mesmo.

Por isso a dor voltava a se fazer presente em mim e as lágrimas começavam a brotar em meus olhos. Porque Liam era tudo para mim, sempre foi. Mas eu não era o suficiente para ele. Ele havia ido procurar em outro o que eu não era capaz de dar. Ele não me amava com a mesma intensidade.

– Não chore. – suas mãos grandes vieram a meu rosto e ele enxugou minhas lágrimas. – Por favor, meu amor, não chore.

Uma enfermeira chegou perto dele e o afastou brevemente, tomando seu lugar e passando a me examinar. Ela fazia alguns exames comuns em mim e eu voltava a chorar copiosamente, tendo as imagens do maldito beijo entre Liam e o garoto desconhecido invadindo minha mente.

– Onde dói, querido? Aqui? – ela perguntou docemente, analisando a marca feita por Liam em meu pescoço.

– Sim, mas dói mais aqui. – eu levei minha mão livre do soro para o peito vendo ela me lançou um sorriso doce e um soluço forte preencheu o local.

– Sinto muito, mas acho que esses dois não sou eu que posso fazer parar de doer. – ela afagou meus cabelos. – Você está bem, Niall. Um pouco fraco, com a pressão e a insulina baixas, mas está bem. – ela olhou para o canto do quarto que eu sabia estar ocupado por Liam. – Vocês podem conversar agora, mas não o deixe muito irritado. Ele ainda está frágil e o quadro de inconsciência pode voltar, essas coisas são muito instáveis. – logo após ela se foi, deixando um silêncio sepulcral no quarto iluminado.

Dream with me - l.s (a/b/o)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora