Dream with me - l.s (a/b/o)

Fantasmas do passado

Estava concentrado nos rabiscos que fazia no papel desde que cheguei à casa de Perrie. Elisa me convidou para uma sessão de desenhos e eu aceitei, deitando-me no chão junto dela.

– Zee, você está bem? – a loira me perguntou, voltando da cozinha com duas xícaras de chocolate quente e entregando para mim e para Elisa.

– Sim, e você? – respondi ainda sem desviar meus olhos do papel.

– Você mal conversa comigo desde o dia em que fomos a sua faculdade. Você foi mal nas provas? – ela acariciou meus cabelos.

– Não, quer dizer, não tive as melhores notas, mas deu para concluir o semestre.

– Então sou eu, não sou? – eu finalmente a encarei, olhando-a confuso. – Foi porque eu fui cumprimentar seus amigos, não é? Me desculpa, eu não sabia que éramos um segredo, quando você me chamou para ir junto eu achei que... – ela suspirou. – Só me desculpe.

– Claro que não somos um segredo, Pezz. Você é maravilhosa, não foi o que você fez. Foi o que eu fiz. Eu sou uma droga de ser humano, entende? Eu realmente não acredito que você está comigo. E talvez depois de eu contar o que fiz, você nem fique mais... – disse tudo em fôlego só, querendo me livrar desse peso logo e tirar a culpa dos ombros dela.

– Lis, amor, você pode ir desenhar no seu quarto? – ela disse calma com a filha que pegou sua coleção de giz de cera e as folhas e rumou até seu quarto. – Podemos conversar agora. – ela disse tirando o papel e o lápis de minha mão, abrindo um sorriso doce ao perceber que eu havia a desenhado.

– Você viu todos os amigos do Louis? – ela assentiu. – Incluindo o casal próximo a ele, Liam e Niall, o ômega grávido. Eu quase os matei. – seus olhos me fitavam curiosos, mas ela não disse uma palavra. – Eu acabei me apaixonando por Liam assim que o vi e passei a investir nele, sempre recebendo um não. Mas eu nunca me contentei com essa resposta, eu estava decidido a tê-lo para mim. Até que um dia eu o provoquei tanto que ele me beijou. Niall estava na faculdade e viu a cena. Pode imaginar o que isso causou nele? Em um ômega marcado? – ela assentiu, tendo seus olhos dominados pela tristeza. – Niall entrou em um estado de inconsciência e Liam foi consumido pela tristeza e pela culpa, para completar, ele ainda estava grávido. Louis me disse que demorou algum tempo para que tudo voltasse a dar certo para os dois e que mesmo assim Niall tem uma gravidez de risco, o que só deixa Liam mais culpado. E eu sinto tanto! – senti meus olhos marejarem. – Sinto por ser um idiota egoísta. Sinto por ter um dia achado que nada mais importava além de mim e do que eu queria. Sinto por ter causado tanta dor para alguém. – limpei a lágrima solitária que escapou. – Eu só quero recomeçar a minha vida, ter responsabilidades, construir uma família, aprender a me doar pelos outros e realmente aprender o significado de amar, como Liam ama Niall. É por isso que eu preciso de você e de Elisa, porque vocês me fazem aprender isso.

Perrie tinha os olhos confusos, como que tentando absorver tudo o que eu havia dito. Após alguns segundos em silêncio ela se levantou, foi até os casacos pendurados à porta e eu já comecei a imaginar inúmeros cenários em que ela me expulsava de sua casa. Ela jogou meu casaco sobre meu corpo e vestiu o dela.

– Lis, vamos dar um passeio, vem. – ela chamou pela filha que apareceu no corredor saltitando alguns segundos depois.

– Aonde nós vamos?

– Vamos até a casa de Liam e Niall. – ela disse enquanto se ajoelhava para agasalhar a filha. – Você vai dizer tudo o que disse para mim a eles. Já passou da hora de você se desculpar.

– Eu não vou voltar lá. Eu prometi a mim mesmo que nunca mais encararia Liam.

– Você ainda gosta dele? – ela me perguntou já de pé, deixando sua pergunta ainda mais autoritária.