Nós devemos caminhar sozinhos

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Eu acordei com o barulho do aspirador de pó, aparentemente Liam estava limpando o andar de baixo. Não que ele não me ajudasse com os serviços domésticos, mas ele com certeza estava muito mais prestativo desde que eu voltei do hospital.

Quando voltei do banheiro, Liam ajeitava a cama e havia uma bandeja com o café da manhã sobre o criado mudo. Era uma cena comum agora, já que ele dizia que eu não podia descer as escadas ainda, era perigoso para o bebê.

De alguma forma esquisita, eu estava amando ser mimado e cuidado por Liam.

Me sentei na cama novamente e ele depositou a bandeja sobre meu colo, indo organizar o resto do quarto logo em seguida. Ainda estava na metade do café quando meu estômago protestou, me fazendo deixar a bandeja de lado e correr até o banheiro.

Liam se ajoelhou a meu lado enquanto eu colocava tudo o que estava em meu estômago para fora. Ele acariciou minhas costas e me ofereceu um copo de água para enxaguar a boca logo depois.

– Essa definitivamente é a pior parte de estar grávido. – eu disse manhoso, me sentando no chão do banheiro.

– Acho que isso significa que nosso bebê está bem, não acha? – ele sentou a meu lado e lançou um sorriso compreensivo. – Vai passar logo, não se preocupe.

Lentamente, me aproximei um pouco mais dele. Eu não queria dizer ou dar o braço a torcer, mas eu sempre precisava de um pouco de carinho após esses momentos. Liam nunca reclamou ou comentou sobre isso, ele simplesmente se aproximava e aconchegava meu corpo ao dele.

– Você não deveria estar na faculdade? Você não foi mais... – eu comentei ainda estando em seus braços.

– Eu vou trancar a matrícula.

– O quê? Por quê? – eu me afastei dele rapidamente, encarando-o confuso.

– Eu achei que você fosse querer voltar para a casa, para Wolverhampton, ficar perto de sua família.

– Mas essa faculdade sempre foi o seu sonho. Você fala sobre Oxford e sobre o curso de Direito desde que eu me conheço por gente! – eu disse exasperado.

– Niall, nada é mais importante para mim do que você e o nosso bebê. – sua voz era calma e me desarmou por alguns segundos, me deixando perdido ao encarar seus olhos.

– Eu não quero ir embora.

– Sério? Você mesmo me disse que queria ir para a casa...

– Eu queria visitá-los, não morar lá. Mesmo com tudo o que aconteceu, a nossa vida é aqui, Liam. Essa é a nossa casa, nossas coisas, a casa tem o nosso jeito, o nosso cheiro.

– Eu achei que fosse melhor recomeçarmos.

– Eu não quero fugir dos problemas de novo, Liam. Nós já fizemos isso uma vez e não deu certo, lembra? Eu achei que você estava com Sophia e acabei fazendo uma burrada. Depois você nos atou e...

– Você disse que não se arrependia disso. – ele interrompeu, demonstrando sua tristeza.

– Olha, nós não podemos mudar isso. Nós já somos unidos.

– Não foi isso que eu perguntei. – ele me encarou com intensidade, eu podia sentir a expectativa em seus olhos, os mesmos olhos que me encaravam e me protegiam desde a infância, os mesmos olhos que sempre foram sinônimos de carinho e amor, os mesmos olhos pelos quais eu me apaixonei.

– Se é isso que você quer saber, eu ainda te amo, Li. – disse abaixando a cabeça. – E não acho que deixarei de te amar um dia. – eu voltei a encará-lo. – Mas ainda dói, eu ainda não consigo esquecer aquela imagem. – uma lágrima solitária rolou por meu rosto e ele a enxugou. – Eu só preciso de um tempo...

Dream with me - l.s (a/b/o)Where stories live. Discover now