Devo ser o que querem que eu seja

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Eu nunca pensei muito no futuro. Nunca tive o desejo de planejar uma vida, principalmente se essa vida fosse como a de meu pai. Eu odiava rotina, odiava ter hora para acordar, dormir, comer, conversar e trabalhar.

Para mim, a vida deveria ser vivida conforme a necessidade, conforme o seu amor pela profissão. Vivida da melhor forma possível, da forma mais prazerosa, e não para seguir um molde social ou ser reconhecido por pessoas que só se interessam pelo carro que você anda ou a roupa que você usa.

Esse foi o principal motivo pelo qual eu sempre reneguei os privilégios que meu sobrenome me trouxe. O grande problema é que a maioria das pessoas julgava isso como renegar a própria família. Aí é que está, ninguém nunca te conhece o suficiente, mas sempre tem alguém para apontar o dedo.

Como eu poderia renegar a mulher maravilhosa que minha mãe sempre foi, provavelmente a única pessoa no mundo que me acolhia independente do que acontecesse? Como poderia renegar minhas irmãs e seus abraços que me faziam sentir a pessoa mais importante do mundo?

Como eu poderia renegar o homem que me deu todas as lições sobre como ser uma pessoa íntegra e decente? Bom, talvez esse eu tivesse a obrigação de renegar, já que depois do que eu fiz, todas as lições que aprendi com meu pai se tornaram uma piada.

Talvez essa tenha sido a lição disso tudo. O meu estilo de vida era errado. Todos os outros estavam certos. Todos os que apontaram o dedo para mim estavam certos. Remar contra a sociedade é difícil demais. Louis teria muito trabalho pela frente.

Louis.

Eu o vi ontem. Estava com Harry, como sempre tem sido nos últimos tempos. Até ele, por mais que tente, acaba cedendo ao instinto e a ordem pré-estabelecida. Louis, que eu julguei ser o mais valente de todos, sucumbiu aos encantos do alfa perfeito, o orgulho de todos que o cercam.

É isso, eu sou o problema. Eu devo ser julgado. Eu errei. Eu devo mudar. Eu devo consertar as coisas. Eu e apenas eu.

– Pai, eu gostaria de pedir um favor. – eu me dirijo ao alfa que ocupa a ponta da mesa e atraio o olhar de todos.

– Estou ouvindo. – ele diz calmo, embora sua expressão demonstre curiosidade, mas de repente sua expressão muda para desespero. – Não me diga que tem a ver com aquele ômega. – ele se referia a Louis e eu franzi a testa em confusão. – Zayn, me diz que ele não está grávido!

– O que? Você está louco? Nós somos amigos! Por favor. – eu estava indignado com essa suspeita. – Eu só gostaria de fazer um estágio no escritório. – eu digo por fim, ganhando o olhar espantado de todos.

– Posso saber qual o motivo para tal mudança? Até ontem você odiava ir a faculdade e tinha espasmos só de se imaginar trabalhando comigo. – seu tom de voz era surpreso e até rude, o que me fez arrepender do pedido.

– Tudo bem, se não quer ajudar, não ajude, eu posso conseguir emprego em outro lugar. – deixei o guardanapo sobre a mesa e me levantei, pronto para sair dali.

– Não foi isso que seu pai disse. – minha mãe interveio com o tom mais calmo.

– Não seja ridículo, Zayn. – o alfa me encarou e me convidou para sentar novamente. – Eu só estou surpreso com o pedido, mas não poderia estar mais feliz. – ele abriu um sorriso e eu tentei retribuir, embora tenha a sensação de que mais fiz uma careta do que esbocei um sorriso. – Você pode ir comigo amanhã mesmo. – eu assenti. – Mas não pense que terá privilégios. – eu ergui a sobrancelha para ele e ele continuou. – Você terá que trabalhar junto com todos os outros estagiários, receberá o mesmo salário e estará sobre a mesma supervisão. Lá, você não será Zayn Malik, o filho de um dos sócios, será apenas Zayn, um dos novatos. Estamos entendidos?

Dream with me - l.s (a/b/o)Where stories live. Discover now