TRÊS

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Indo para casa naquela noite, pensei muitas vezes nele e era tão estranho pensar tanto em alguém. E todos aqueles dias após ter beijado-o tanto quis beijá-lo mais vezes. Sempre penso que estou com ele quando vou dormir. Parecia que o mundo tinha perdido o sentido, eu não pensava mais no futuro, só nele. Dali uns dias terminaria minha aula e planejava pegar férias no trabalho. E enfim eu poderei vê-lo com mais tempo. Tudo foi acontecendo eu não queria ter que deixar minha mãe sozinha, porém dentro de mim algo batia diferente. E mesmo que Mia não estivesse na casa de praia, eu ia e voltava de ônibus no mesmo dia, fiz isso muitas vezes.

Foi a única maneira que achei de me encontrar com Pedro. Ele gostava de surfar, eu particularmente não gostava sempre pensava que ele poderia morrer afogado. Sentada na areia naquela tarde de domingo, ele se juntou a mim, depois de quase morrer de hipotermia, encolheu-se ao meu lado puxando minha toalha para se proteger do frio que fazia, era junho. Sabia que eu e ele juntos era algo raro de acontecer, então aproveitei a ocasião e o abracei com força, no que me parecia éramos um casal, por mais que ainda não tivéssemos dito qualquer coisa sobre relacionamento.

A cada dia ficava mais claro de que eu estava amando pela primeira vez. Na quinta semana, ficamos sentados sobre a areia da praia, por um longo tempo, apenas observando as ondas quebrarem com um estrondoso barulho.

Um pecado para minha lista, talvez o primeiro: - Penso, imagino-o nu. - Fico muito distraída com seus beijos e mais uma vez o dia passou depressa.

- Me conta mais sobre você. Já sei que mora em Teresópolis com sua mãe, e gosta de sorvete.

- É. Isso mesmo.

- O que tem feito?

- Não muita coisa, tenho ido para a escola e para o trabalho. E no meu tempo vago, costumo ler.

- Ler...?

- Livros bobos de romances e também apostilas. Tenho que me preparar para as provas da faculdade. Eu quero tirar uma nota boa.

Ainda não tínhamos muito que dizer um ao outro. Era estranho falar de mim.

- Nossa, você tem jeito de quem estuda muito.

- Menos do que deveria. – e era verdade, eu queria ser mais estudiosa. - E você, o que faz além de surfar? – fiquei pensando se a pergunta pareceu meio petulante, não era minha intenção. Eu só queria que ele fosse um rapaz interessante aos olhos da minha mãe.

- No momento, só surfo. Mas, meus pais querem que eu seja engenheiro. – disse parecendo contrariado.

Num certo dia quando ainda era verão, estava quase no fim de nossas férias, ele me levou para um almoço em sua casa. A mãe dele, senhora Laila, não agiu nada bem quando percebeu como estávamos envolvidos. Parecia que eu era um problema, que atrapalharia o tão idealizado futuro, mas idealizado por seus pais do que por ele próprio.

- Quais são seus planos para o futuro, Alicia?

- Bem senhora Laila, quero trabalhar e ter uma vida normal, como toda garota. – Foi a única coisa de melhor que eu consegui dizer.

- Você não vai para a faculdade?

- Não sei. Depende muito da nota que irei tirar, ainda não saiu o resultado, então não sei.

- Mas e seus pais, não podem lhe pagar uma faculdade? – sua pergunta não pareceu gentil.

- Mãe, chega de perguntas. – Pedro interrompe.

- Sem problemas, Pedro. – disse sentindo um nó na garganta.

Ela abre um sorriso forçado.

- Não senhora Laila, minha mãe não tem condições de pagar uma faculdade para mim. Somos apenas nós duas! Meu pai morreu em um acidente de carro com meu irmão. E acredite, isso nos pesa até hoje. Ela me criou sozinha. – senti meus olhos pesados.

A Vez do AmorDonde viven las historias. Descúbrelo ahora