DOZE

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O primeiro raio do sol apontou pela janela num minúsculo flash que ultrapassou a cortina, enrugo os olhos e viro-me para o outro lado da cama e dou de cara com o relógio que marca 9 horas. Quando me dou conta, Sofia entra no quarto na ponta do pé, trazendo uma bandeja de café da manhã preparada por ela. Como eu sabia? Bem, é algo que só ela tinha feito para mim. Na bandeja veio omelete, pães fresquinhos, uma tigela com morangos e uvas, e uma flor colhida do jardim.


- Bom dia mãe.


- Bom dia meu amor, que linda surpresa. Obrigado. – eu disse pegando a bandeja e lhe dando um abraço singelo.


- De nada mãe. - ela se ajeita ao meu lado. – Mãe. Hoje tem uma festa na casa do Lucas, o menino da minha turma. É aqui pertinho, então pensei em ir até lá!


Eu não sabia se ela estava me pedindo permissão ou se estava pedindo minha opinião.


- Agora entendi esse café.


Ela avermelhou as bochechas.


- Tudo bem, se quer mesmo ir eu levo você. Mas eu quero conhecer a família dele. - me passou na cabeça como o universo era imenso e ao mesmo tempo tão pequeno, o amigo da escola tinha casa em Teresópolis bem perto da nossa. Pura coincidência ou talvez destino.


- Sim mãe– deu de ombros - pode ir até lá. Mas já os conhece. - ela estalou os dedos.


- Conheço?


- Do meu aniversário.


- Ah, verdade. O Lucas. Vou só dar um oi rápido, ta legal? Não quero que pense que sou uma mãe careta, não, isso nem pensar.


- Mãe, já disse que pode ir até lá. Não tenho vergonha de você. - me perguntava quando ela tinha crescido.


Eu já tinha vivido aquela mesma situação antes. Entendia bem o que ela estava sentindo e tentei transformar aquilo o mais natural possível.


- Tudo bem. Eu vou então!


Ela se juntou a mim na cama e tomamos nosso café. Conversamos um pouco sobre Lucas, apenas um pouco. Ela apenas disse que ele era legal. Eu acho que pelo sorriso no rosto, ele parecia um garoto muito legal e Sofia parecia ter sentimentos por ele. Soube o que era ver os olhos falarem. Naquele momento os olhos dela falavam como duas estrelas, bem acesas.


- Se eu fosse vocês duas, vinham comigo até a cidade. - diz mamãe aparecendo na porta de repente.


Eu e Sofia nos entreolhamos.


- Mas é claro, eu ia mesmo sugerir isso. - respondo abrindo meu sorriso, feliz de verdade por estar ali com minha mãe e minha filha, mesmo que com o pensamento, às vezes, longe.

A Vez do AmorWhere stories live. Discover now