Dezesseis

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N

a manhã seguinte, os pingos de chuva que caiam sobre o telhado faziam um barulho estrondoso, como se cada pingo estivesse me alertando do quanto fazer aquilo seria doloroso, causaria um tremendo barulho na vida de Sofia e na minha também. Não sabia se depois do que eu iria dizer poderia voltar a abraçá-la daquele jeito. De vez em quando ela ficava zangada. Outras horas, ria por nada. Muitas outras se trancava no quarto. E eu a achava rebelde. Era apenas uma faze dizia minha mãe. Perguntava-me se aquilo iria trazer aqueles comportamentos. Travei os dentes e pensei que se eu não fizesse, Adam faria, e da pior maneira, me crucificando. E agora tinha Pedro, ele também lhe diria.

- Querida... Eu preciso ter uma conversa com você. - digo tirando um pedaço da coberta de cima dela.

- Fala mãe. - ela se espreguiça me acomodo na poltrona enquanto ela leva um tempo para levantar e trocar o pijama por um jeans apertado e uma regata. Parecia estar de bom humor, mas será por pouco tempo, penso.

- Acho que a conversa será um pouco demorada. - digo, ela me olha espantada.

- Então fala mãe. - deu de ombros.

- Não sei por onde começar. - busquei coragem e não encontrei. - Olha filha, eu tentei achar uma maneira que fosse fácil, mais eu não encontrei.

Enquanto eu falava, ela andava de um lado para o outro penteando o cabelo, sem nem se dar conta do quão importante seria o que estava por vir.

- Sente-se querida, por favor. - fico vermelha, estou em estado de choque. Por favor, meu Deus me dê força, me dê força.

Sofia se sentou em minha frente. Fez-se um pequeno silêncio. Embora eu não soubesse por onde começar eu comecei:

- Bem, você sabe que toda garota acaba se apaixonando. - concordou mexendo a cabeça. - E antes de me casar com Adam, com o seu pai. Eu era apaixonada por outro alguém. - saiu tão rápido, que nem eu acreditava que tinha dito aquilo. - Eu... Bem, o nome dele é Pedro. Mas ele precisou ir embora, foi estudar em Nova Iorque, por razões que a vida não explica, ele me deixou. – ela dava de ombros - E eu... Eu estava grávida. – por fim eu disse aquilo. - Grávida de você! - soltei o ar que prendia no pulmão.

- Mãe. Está tentando me dizer q...

- Eu estava esperando você. - interrompo-a.

Nesse momento sua expressão sofre uma brusca mudança.

- Quer dizer que... O meu pai não é o meu pai? - Sofia levanta da cama agitada.

- Eu estava sozinha filha, e tive que escolher. Eu nunca quis esconder a verdade de você, mas eu e Adam combinamos que seria assim. Eu queria que você tivesse uma família como todas as crianças. – fui explicando. – eu só quis o melhor para você.

A Vez do AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora