NOVE

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Deitei cedo naquela noite, depois de ter chorado por mais de uma hora, coloquei um pijama e me joguei embaixo das cobertas. Tentei dormir, depois de um tempo eu abro os olhos assustada, ainda a noite estava escura e fria. No silêncio do quarto observo o sono tranquilo de Adam. Eu sei que ele me ama, e só de saber sentia um peso sobre mim por não o corresponder. Quando vejo estou aos soluços novamente, deitada em seu peito afundando meu rosto em seu pescoço, e ele acorda.

- O que foi amor? – perguntou com a voz de sono.

- Nada... - falei angustiada, enquanto penso em Pedro, penso em nós dois ainda jovens e cheios de sonhos, sonhos que não vivemos.

- Por favor, não chore Alicia. – disse ele, com a voz mais firme.

Afasta-se de mim, sentando sobre a cama. Sentia que aquele seria o momento em que ele me faria perguntas das quais ele já sabia todas as respostas.

- Pare de chorar, por favor, pare. - sussurra com a voz branda. - É demais para mim. Por favor, não continue a fazer isso com a gente.

Eu queria parar, mais do que ele podia imaginar, eu queria. Mas, estava sendo mais forte do que eu.

- Ver você assim, me machuca muito. Eu amo tanto você. Que sou capaz de deixá-la ir, de deixá-la livre para que reconstrua sua vida. - ele afaga meu rosto, secando as lágrimas. Ele não podia estar falando sério.

- Não diga isso, eu não irei à parte alguma. E eu amo você. - foi tão simples falar que eu o amava, mas parecia não ter profundidade aquilo que eu dizia.

- Eu sei! Sei que me ama.

- Então?

- Mas não é do mesmo jeito que ama ele.

- Pare. - sinto minhas lágrimas aumentarem. - Não fale isso, Adam. Por favor, não toque nesse assunto.

- Como que posso não tocar, como? - me olha com os olhos arregalados e tristes. - Você mudou, mudou desde que soube que ele voltou. - quando ele completou a frase, meu coração se espremeu. Pensei, como ele sabia que ele tinha voltado? - Você me ama, mas nunca o esqueceu. - respira fundo e volta a falar. - Eu não te culpo por isso. Esperava o dia que isso fosse acontecer. E enfim chegou, e não tem nada que eu possa fazer, e isso é que me mata aos poucos. Porque me sinto incapaz de lutar pela mulher que amo, estou em desvantagem, na verdade eu sempre estive.

- Não, Adam. Não!

- É claro que sim, só você não enxerga isso.

- Amo você- sussurrei - amo. - Meu coração bate acelerado, tentando encontrar as palavras certas, mesmo eu sabendo que não havia palavras certas. - Por favor, vamos esquecer isso. Não temos que falar do passado. - me agarro em suas costas, ele aperta minha mão sobre seu peito e logo as tira.

- Não, eu não quero esquecer. Não nos ajudará em nada esquecer. - aperta os dentes com força. – Suas lágrimas, não são por mim que elas caem. Nunca foram! Talvez tenha chegado aquela hora de você encarar suas escolhas e assumir de vez o que senti. Chega Alicia! Há quinze anos estamos tentando ter uma vida. Quer dizer, eu estou tentando ter uma vida com você. E por favor, não fique se torturando, por favor, nem torture as pessoas que estão ao seu redor.

Aquele Adam que estava agora ali na minha frente. Falando tudo aquilo. Eu não o conhecia até então.

- Ele já sabe sobre Sofia? - perguntou desconcertado. Como ele podia saber que eu tinha encontrado com ele.

- Não... É claro que não. – eu não diria uma só palavra sobre o encontro.

- Talvez esteja na hora dele saber. – falou num tom ameaçador, aquele não era o Adam que eu conhecia.

A Vez do AmorWhere stories live. Discover now