Quando abro o portão de casa vejo que tem um carro estacionado na garagem onde antes o carro de Adam ficava. Um carro cinza, e é nesse momento que me dou conta de que esqueci a chave. Dou a volta pelo jardim e tento a porta de vidro, mas estava trancada. Escuto vozes vindas da cozinha, vozes altas. Volto à porta da frente e bingo, ela estava aberta. Mas recuo um instante, imaginando quem pudesse ser. Pedro me olha atento do carro.
- Sofia... – chamo-a.
As vozes se calaram e senti um medo ao pensar que poderia ser algum bandido que tivesse invadido minha casa.
Foi ai que vi Adam vindo tranquilo em direção a sala de estar, vestido casualmente como se estivesse em uma festa ao ar livre, há tempos eu não o via sem terno. Apoio minha mão sobre o sofá respirando aliviada, constrangida por ele estar me vendo assim, como se minha cara dissesse o que eu tinha feito na noite anterior.
- O que está fazendo aqui? – questiono-o.
- Sofia está lá em cima, precisava de roupas limpas.
Franzo a sobrancelha, nem para lavar as roupas ele era capaz.
De repente desponta atrás dele a loira, fiz um esforço para lembrar o nome dela. Avermelhei na hora, senti meu sangue pulsar em cada veia do meu corpo. Como ela podia se tão sínico? A aparência dela era de uma mulher incrivelmente bem sucedida. Naquele momento ficou claro dentro de mim de que Adam tinha assumido de vez aquela mulher como sua. Para quebrar o gelo ela é simpática, quando diz, "Oi Alicia" com uma voz doce.
- Ei, está chegando agora? - indagou Adam
Hesitei um pouco, não lhe devia nenhuma satisfação, mas respondi.
- Estava caminhando na praia. - minto na cara dura.
- Eu também adoro uma caminhada vespertina aos domingos. - a metida da loira troca uma conversa comigo, como se aquilo fosse à coisa mais normal.
Adam olhou para trás então vi que era Sofia quem vinha descendo as escadas, com uma mala vermelha, que não era dela.
- Oi filha.
- Oi. - respondeu com a voz seca, sem me olhar dentro dos meus olhos.
- Está indo viajar? - Perguntei intrigada.
- Vamos para São Paulo, e depois vamos passar uma semana em Campos do Jordão. - responde Adam tão indiferente a mim, era como se eu não tivesse sido nada na vida dele.
- Achei que ficariam em Angra?
- Decidi subir para Campos.
- Hum.
Sofia não se despediu. Não gostei nada da ideia de ver minha filha saindo com uma mala. No fundo eu sabia que estava a perdendo para ele. Perguntei-me se Sofia já estava gostando da nova mulher que Adam tinha arrumado, e se ela não iria preferir a tal loira a eu como mãe. E pensar nisso me afundava o coração. A loira parecia divertida e eu sabia que eu não era divertida.
A ida deles me fez largar o peso no sofá e sufocar um grito na almofada. Cheguei a esquecer de Pedro. Tremi quando abri a porta e dei de cara com ele, na casa que também era de Adam, mas então lembrei que talvez não fosse nada tão ruim assim, afinal ele tinha entrado com a sua nova mulher e eu podia fazer o mesmo.
- Não vai me convidar para entrar?
- Ah, desculpa. Esqueci você. Entra.
Ele estava bem deslocado.
- Pode sentar. Só vou pegar umas roupas.
Subo e fico andando em círculos.
- E se ficarmos aqui? – volto para a sala e dou a ele essa opção, descabida.
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A Vez do Amor
RomancePara ser feliz no amor, deveríamos fazer tudo ao contrário do que fazemos. Quando Alicia conheceu Pedro, um jovem surfista rico da cidade, ela era só uma garota que sonhava em ser veterinária e ajudar sua mãe a recuperar a casa. E apesar de pertence...