Capítulo 1

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                                                                             Sam


O cheiro dos incensos perfumados paira ao ar, deixando um leve rastro de lavanda por toda a pequena extensão do Láctea Café, é de toda a cidade meu lugar favorito. Calmo, reservado, tranquilo e possui a melhor torta de coco que já comi. Olho ao redor das paredes inspiradas na Via Láctea – elas me fascinam -, no balcão senhor Patrick com seu bigode que alcança seu lábio superior – algo que acho particularmente nojento - sorri para mim carinhoso, devolvo. Olhando para a cadeira á minha frente checo novamente meu celular e, faltam apenas um minuto para o horário marcado com o Tyler. Estou morrendo de saudades, e amei o fato dele ter me feito prometer que o encontraria em nosso canto, somente nós dois antes de todos caírem sobre ele.

Sem precisar me virar para confirmar sei que Tyler está atravessando as fitas coloridas do café que separa a entrada das mesas mais afastadas, no entanto viro-me para observá-lo. A passos confiantes deixa um sorriso malicioso para duas garotas enquanto caminha em minha direção, elas só faltam babar. Seu cabelo louro está solto ficando em nível de seus ombros, nunca imaginei que um homem poderia ser tão lindo com cabelos longos. Seus olhos verdes pálidos encontram-se com os meus, embora magro possua músculos que agarram-se com perfeição em seu jeans surrado e camiseta do Led Zeppelin que lhe dei.

- Adoro ver o brilho de desejo que arde em seu olhar cada vez que me olha, Carrie – Tyler zomba de mim assim que se senta. É claro que ele me pegou o checando, ele sempre pega. – E corar também – Droga.

- Só estava vendo o quanto cretino você é – disfarço

- Assim como todas as outras vezes fingirei que acredito. – pisca-me o olho.

– A propósito, estava com saudades – admito.

- Eu também, Carrie – diz, levantando-se e me abraçando. Tyler me aperta em seus braços, em outras circunstâncias reclamaria, mas, foram dois dias inteiros sem o ver, apenas mensagens e ligações. Seu cheiro me domina por inteira.

- Já posso trazer, crianças? – Cindy nos pergunta como sempre, assim nos separamos e ele volta para seu lugar. Ela sorri e afaga nossas cabeças como se fossemos verdadeiras crianças, seu cabelo loiro oxigenado que beira o amarelo está preso em um coque firme no alto de sua cabeça.

- Sim – Tyler e eu respondemos juntos, sempre pedimos o mesmo. A mulher na casa dos cinquenta anos alta e desajeitada segue para trazer nossos pedidos.

Devorando minha torta de coco ouço atentamente Tyler me contar tudo sobre seu final de semana. Ele fala sobre as lutas em Chicago, sobre a comemoração, como Molly ficou furiosa com Peter seu namorado e melhor amigo dele depois que uma garota tentou o beijar, ele promete que Peter é inocente. Pra minha sorte ele não fala sobre as garotas que ficou, mas, quando o questiono para minha própria tortura ele apenas responde:

- Você sabe!

 Seguido de um sorriso sacana, o que significa que ele foi pra cama com diferentes delas. Pergunta o que fiz e digo apenas que maratonei mais uma vez Supernatural, ele diz que eu deveria ter ido com ele.

Tyler luta boxe formado por pequenas equipes dentro das faculdades, na nossa ele é o melhor. Nunca o vi em uma luta - criando coragem para o dia em que o verei no ringue, lutando pelo menos -, mas, isso não o impede de participar de circuitos ilegais como o de Chicago, não faço ideia de quem arranjou isso para ele, apenas sei que ele foi, e uma pequena grande platéia foram em seu encalço. Ele continua a falar, embora não ouço mais, mas, sei, pois seus lábios perfeitamente desenhados se movem de forma grosseiramente gostosa.

- Carrie? - Tyler me desperta.

- Umhum?

- Me desejando outra vez? – pergunta com os olhos cheios de malicia e, os lábios em seu habitual sorriso maliciosos.

- Sim – respondo vermelha. – Tem uma coisinha nos seus lábios – ergo um pouco meu tronco e alcanço o recheio da torta de nozes com meu polegar, sugo-o. Olhando-o novamente vejo seus olhos escurecerem – Tudo bem?

- Claro – responde depois de limpar a garganta.

- Legal – sorrio – É melhor irmos – ele assente se remexendo na cadeira antes de deixar umas notas sobre a mesa.

Agarrando minha mão seguimos para fora acenando um breve adeus para Patrick e Cindy, ignorando a sensação do conforto que é sua mão na minha.

                                                                             Tyler

Tomo mais algumas profundas inspirações antes de voltar para a Sam, mais pareço um adolescente virgem do que um homem experiente. Sem falar na porra que aconteceu no café, fiquei instantaneamente duro apenas a vendo chupar o polegar, sinceramente irei para o inferno por ter imaginado alguém como ela sobre os joelhos chupando o meu pau.

 Nem todas as fodas que tive no fim de semana chegam perto do que é somente olhar para Sam Lancaster. Você pode dizer que são os longos cabelos ruivos cacheados, os olhos azuis mais fantásticos de todo o mundo, os lábios cheios, ou o pequeno corpo magro e com curvas nos lugares certos, pra mim é isso também, no entanto o fato de ela ser alheia o quão sexy é deixa tudo melhor.

- Ty.? – sua voz doce e baixa chama-me. Sempre detestei apelidos, mas, mais uma vez Sam me faz fazer coisas que detesto. – Ty.?

Vamos lá amigão se controle. É apenas a Sam. Minha amiga.

Isso só piora toda a merda da situação, meu pau fica mais duro e pronto pra combate. Eu e minha brilhante ideia de mandá-la escolher um presente, Sam acabou optando por mais livros em um brechó e quando estávamos preparados para partir decidiu que precisa de um biquíni. Meu amigão e eu já havíamos nos conformados com a ideia de que apesar de seus seios caberem perfeitamente em minhas mãos, nenhum de nós os teria.

- Tyler, isso não tem graça – sua voz agora irritada está próxima de mais. O que me faz acreditar que entrou no banheiro masculino.

- Ei, calma Carrie, estou bem – respondo – A torta não me caiu bem.

- Não deve ser a torta – claro – Deve ter sido alguma coisa que você comeu em Chicago. – diz. – Uma estranha com herpes, por exemplo – diz baixinho. Gargalho só de imaginar sua cara de brava, o que se assemelha a um filhote de cão tentando ser valentão ou uma criança.

- Ou isso! – a constranjo mais.

- Eu disse em voz alta? – pergunta acanhada. Saio ajeitando minha calça. Seu rosto está todo vermelho. Olhando sua situação lhe dou como resposta mais risos.

- Pare! – ordena, batendo em meu braço. O que não pode nem de longe ser considerado tapa.

- Pega leve, valentona – outro tapa.- Vamos pagar pelo seu pedaço de pano e dá o fora daqui - digo, voltando a segurar sua mão. É tão pequena comparada a minha.

- Já paguei - diz.

- Você não fez? - indago irritado. Ela assente - É um presente, Sam.

- Os livros sim, mas, o biquíni não - seu tom indica que não vou ganhar.

- Merda - praguejo - Vamos!

- Não fica assim - pede, já do lado de fora - Você pode dá uma olhada no meu carro - diz - Ele tá fazendo um som estranho.

- São as lamúrias dos últimos dias.

- Tyler! Não diga isso.

- Não é minha culpa se você é obcecada por uma série es... - engulo minha palavra com seu olhar mortal. Pelo menos é o que ela acredita -  Você pode ter o carro que quiser e escolhe um Impala 67.

- Não é só pela série, ou meu amor platônico pelo Dean. Tá, talvez seja - corrige com meu olhar duvidoso - É que eu paguei por ele, com meu trabalho e não meu pai. É algo pessoal, achei que você entendia - diz por fim, tristeza brilhando em seus olhos. Eu não suporto Samuel Lancaster e sua ex-mulher.

- Eu entendo, desculpa - peço, querendo afastar os malditos de sua mente. - Vamos, consertar seu baby - ela sorri.

- Obrigada, Ty. - agradece beijando minha bochecha - Você é o melhor!

- Eu sei.

- Idiota.

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Mais Que Amigos {Finalizada}🚫16 Onde as histórias ganham vida. Descobre agora