Capítulo 30

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                                                             Sam

- O quê? – questiona-me Molly, enquanto encaro-a de pé secando mais um prato. Aflita.

- O Tyler me encheu de perguntas ontem mais uma vez sobre todas aquelas vitaminas que tomo – conto, querendo que ela entenda onde quero chegar.

- Você sabe o que penso. Você deve contar – diz e me passa um copo.

- É. Pode ser – concordo, ponderando toda a situação.

Não quero que haja segredos entre nós dois, mas é realmente difícil tocar nesse assunto, além de eu ter decidido deixá-lo para trás é o do Tyler que estamos falando. Será que ele precisa mesmo saber?

Sim! Grita meu subconsciente.

- Ei, faça o que você achar melhor – diz carinhosa. Seus olhos cheios de compreensão.

- Decidido, vou contar – afirmo.

Está mais do que na hora.

- Ótimo! Falando nisso, você já marcou sua consulta de rotina? – pergunta, modo mãezona ativo. Sorrio para ela. Com tanta gratidão que duvido que ela, o irmão e os pais possam imaginar.

- Sim, senhora! – bato continência. 

A marquei um pouco antes de sair de casa e ir a faculdade. Tudo o que eu queria era não precisar nunca mais na vida passar por essas coisas, mas é necessário. Assim posso ter algum controle.

- Idiota – rir.

                                                              (...)

- Eu sei que sou muito lindo e irresistível, mas não precisa babar, Carrie – sussurra Tyler em meu ouvido zombando de mim.

Nem havia percebido que desde que Phill anunciou sobre a festa a fantasia na Ômega depois da luta do Tyler – uma dos circuitos da faculdade – que não tiro meu sorriso de orelha-a-orelha do rosto. Ao que parece só o idiota do meu namorado percebeu, já que todos estão muito empolgados com o fim da primeira semana de provas e muito entusiasmados com suas fantasias. Eu sempre achei piegas casais se fantasiarem em conjunto, mas estou mais que disposta a morder minha própria língua. Sei exatamente quais roupas nós usaremos.

- Vamos ver quem irá babar, amorzinho – sussurro de volta. E ele me olha daquela forma sedutora, que faz com que minha calcinha molhe instantaneamente.

- O que você está aprontando, Sam? – pergunta quase rouco.

Arrepio!

Senhor, estamos no refeitório da faculdade. Como pode alguém me dominar tanto assim apenas com um olhar e poucas palavras?

- Eu? Nada – pronuncio da forma mais ingênua que consigo.

Seus olhos semicerram no momento em que seus olhos vão escurecendo.

Aqui não.

- Sam? - chama-me Molly. 

E agradeço ao bom Senhor pela distração, ao contrário do Tyler que continua a me estudar, querendo arrancar algo de mim. Não mesmo, baby. Não até a hora certa.

                                                        Tyler

"Não gaste dinheiro com a fantasia.

Presente meu - ou meu ;)"

A mensagem da Sam só faz com que eu imagine mais uma vez um milhão de possibilidades a respeito do que está tramando, e isso faz meu pau duro no mesmo segundo. Essa vai ser a segunda melhor festa de toda a minha vida – a primeira foi quando a Sam tornou-se minha namorada. Sorrio feito um idiota e não dou a mínima se Peter, Jake e Phill olham para mim como seu eu fosse algum tipo de louco. Dou de ombros, continuando a sorrir ao imaginar a minha garota em um infinita possibilidades de surpresas e a socar o saco de areia em minha frente.

Eu sou o cara mais sortudo de todo o mundo.

Tá, nem tanto. Sam nunca me deixou dar a surra merecida ao Isaac, mas não podemos ter tudo. O babaca finge não me ver quando caminha para o fundo da academia, ao menos sei que não tenta nem mais falar com ela. Ao que parece ele resolveu ser mais esperto.

No corredor do prédio de casa meu estúpido – e já irritante sorriso – retorna. Uma sacola de papel cor cinza está depositada próximo a porta. Apresso-me para apanhá-lo.

Dentro da sacola, antes de checar o presente procuro por algum cartão ou coisa do tipo, meio que me decepciono quando não o encontro. Esperava algo sarcástico e bem divertido, mas não a nada, além do embrulho e dentro dele um uniforme laranja. A Sam ainda lembra-se do que lhe contei. Mais uma vez brota o sorriso e assim entro em casa.

                                                                    (...)

Por mais que Molly explique-me que a Sam não virá não sou capaz de digerir a notícia ou talvez tenha ouvido errado. Muito errado. Estou a dias falando sobre essa luta e ela prometeu-me que estaria aqui comigo. Como ela esteve em todas as outras. Talvez a minha irritação seja por estar tão ansioso para a festa ou preocupado com o fato dela não estar se sentindo bem e sozinha. Molly não tinha nada que estar aqui e sim lá com ela.

Eu deveria estar lá com ela.

- Vou vê-la – aviso, arrancando uma das minhas luvas.

- Largue de ser tão dramático. A Sam só está com um pouco de dor de cabeça. E me prometeu se não melhorar nos liga – diz Molly. Peter me passa a luva arrancada fora.

- Concentre-se cara, ou José vai te arrebentar lá fora.

- Mas a Sam...

- Porra, Tyler, vá lá e ganhe essa merda. Quando acabar a Sam estará novinha em folha e será ela quem vai te nocautear – sorri maliciosa, me seguro pra não deixar o meu irritante sorriso surgir em meus lábios.

Porra! Eu não consigo.

- Tá legal, eu não preciso disso – diz Peter dando o fora do vestiário. Molly pisca-me e o segue.

"Boa sorte!

TE AMO mais do que possa imaginar - não se esqueça disso NUNCA. Por favor!

PS: SEMPRE!"

A nova mensagem da Sam mexe em algo dentro de mim, algo do qual não sou capaz de nomear. É claro, que amo ela se declarando, mas dessa vez parece ser diferente. Parece que tudo mudou.

"O que houve? Estou preocupado.

Você está bem?"

 Envio rapidamente.

"Claro!"

Recebo em pouco tempo sua resposta.

"Não minta!" - respondo. 

Porquê algo dentro de mim não acredita?

"Ei, não estou. 

Nos vemos mais tarde. 

Não apanhe muito. Não namoro cara desfigurados e horroroso!"

Ignoro minhas desconfianças. Deve ser só coisa da minha cabeça. Nos últimos tempos Sam e eu estamos mais grudados que o habitual. Dormimos juntos, vamos à faculdade juntos, saímos com os mesmos grupos de amigos, as mesmas festas. É isso. Somente isso.

  "Eu feio? Nunca, Carrie!"    

Mando de volta, tentando mudar o clima.

"PS: Você deveria mandar: Eu  te amo!"

Imagino-a fazendo bico.

"Eu também te amo! - brinco

"Idiota!"

Rebate.

"EU TE AMO MAIS QUE TUDO, SAM LANCASTER! 

SEMPRE!"

Envio e espero por alguma resposta, mas nunca chega, e não contava tanto com isso. Então, caminho ao tatame assim que anunciam meu nome. Em minha mente as palavras da Sam em sua boca dizendo o quanto me ama. 

Sempre!

Mais Que Amigos {Finalizada}🚫16 Onde as histórias ganham vida. Descobre agora