Capítulo 34

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                                                           Sam

Patrick franze o cenho assim que me vê seguir para meu lugar habitual. Não profiro palavra alguma, apenas ergo a mão em uma forma de cumprimento. Talvez, seja por isso que ele cutuca Cindy, que resolveu pintar novamente o cabelo, tirando o amarelo. Ou, sejam as minhas lágrimas que insistem em não me abandonar por instante algum.

- O que houve, criança? – pergunta-me preocupada Cindy, sentando-se ao meu lado e acariciando meu cabelo.

No lugar de palavras apenas um soluço sai quando abro a boca.

Ela se aproxima e me deixo deitar minha cabeça em seu ombro. Onde a intensidade das minhas lágrimas aumentam.

- Aqui! – Patrick deposita um copo d'água á minha frente.

- O-Obrigada, P-Patrick! – murmuro, bebendo um pouco.

- Só ponha pra fora, Sam – diz acariciando meu cabelo – Ponha pra fora – repete e volta para trás do balcão.

Um pequeno riso escapuli em meios as lágrimas. Tyler ganhou nossa aposta.

Patrick é realmente baixo. Até mesmo mais do que eu. Mas, por trás do balcão ele parece ser muito mais alto. Então, certamente é por isso que nunca sai de lá. Ele deve usar algum banquinho para lhe dar altura.

- Ele é baixinho! – sussurro.

- Sim, criança, ele é – concorda Cindy sorrindo – Devo chamar o Tyler? - oferece.

- Não! – sai quase como um grito. Levanto-me rapidamente – Não é necessário. Estou indo. Obrigada, Cindy! Obrigada, Patrick!

- Sam, volte aqui! – grita Cindy, mas já é tarde.

O primeiro pingo de chuva que ameaçou por toda a noite finalmente cai acertando-me em cheio. É uma solitária, grande e fria, quando a primeira vem com tudo em minha testa, mas ela não continua sozinha e é quase como as minhas lágrimas. Talvez seja o céu zombando de mim em toda a sua grandeza.

- Me solta! – grito e estapeio quando mais uma vez braços cobertos por jaqueta preta me tiram do chão – Jake, me deixa! Me deixa!

- Fique quieta! – esbraveja papai.

- Pai?

Libertando-me, me arrasta pelo cotovelo até seu próprio carro. Steve, seu motorista abre a porta traseira para mim e ele praticamente me joga lá. Leva muito para que eu não caia do banco.

- Pegue isso – estende-me um lenço que o motorista lhe passa – Aeroporto, Steve – ordena.

- Sim, senhor!

- O quê... O quê... Que merda é essa? – esbravejo irritada. Ele não tem esse direito. Seus olhos azuis transbordando algum sentimento indecifrável.

- Olha a boca. O irmão de Michael me ligou... Oh, Sam! – lamenta.

Pegando-me não só a mim como ao Steve de surpresa, ele me puxa em seus braços e me aperta. Só lembro uma vez de ter sido abraçada por ele. Foi na festa de Ano Novo do mesmo ano em que venci o câncer. Está tão atrás. Minha mente não tem reação e até mesmo a memória dos meus músculos falham. Não sei como agir. Do mesmo modo que não soube tempos atrás.

Finalmente ele me solta e sem jeito volto a meu lugar. Embora não chore, seus olhos estão marejados. Em silêncio tira sua jaqueta e a estende para mim. Aceito. Enfiando os braços, deixando-a ao contrário. Cobrindo minha barriga e não minhas costas.

- Eu te liguei – aponta – Liguei para todos. Até mesmo para aquele garoto com quem você está saindo – minha cabeça vira-se rapidamente. O que é isso? Ciúmes?

Mais Que Amigos {Finalizada}🚫16 Onde as histórias ganham vida. Descobre agora