Capítulo 37

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Blair acordou apenas no dia seguinte. Tinha a cabeça pesada, o corpo doído, como quem tivera um sonho ruim. A cama era estranhamente familiar. Ela se esticou, sorrindo de canto... Então a realidade a buscou de volta como um balde de água de gelada. A fez engasgar e sufocar.

Aquela era a sua antiga cama. Estava de volta a sua antiga casa. Deixara Chuck pra trás.

A percepção disso a empurrou pra baixo de uma forma violenta, quase como se a pressionasse contra o colchão. Nem o conforto da cama, ou travesseiros, ou edredom ou o pijama familiares a reconfortou da dor que a engolfou ao lembrar do rosto dele. Ela lembrou do rosto dela e os olhos encheram d'água. Levou a mão ao rosto, tentando emergir, tentando respirar. Precisava aguentar, precisava suportar, havia um motivo pelo qual suportar, precisava por...

Ela virou o rosto e viu Melanie em uma das poltronas do quarto. Mantivera a promessa, afinal: Ficara. Saíra da cama pra dar espaço, mas estava logo ali, a uma chamada de distancia. Blair olhou, atordoada entre o que sabia.

Por um lado Chuck era o amor da vida dela, e ela nunca mais seria capaz de amar ninguém. Abandoná-lo significava sentir a falta dele enquanto ela durasse, e isso doeria do modo mais cruel. Por outro lado, fora o ponto de que Melanie não concordava, todo o tempo que ela o visse com Chuck, ela se lembraria do que vivera com o próprio primo. Se lembraria da infância e se lembraria do preço que pagara em uma tarde horrorosa pra protegê-la quando ainda era uma criança. Se lembraria do ciúme doentio que engolira quando, seja lá porque diabo, Harry resolvera lhe fazer ciúme.

Não havia outra alternativa. Ela não podia impor esse tipo de lembrança à mãe.

Se sentou, olhando o quarto em volta. Era estranho porque era familiar. Há mais de um ano aquele não era seu quarto; agora ela tinha um quarto de adulta, um quarto de casal, com coisas de homem. Tivera. Ela olhou em volta, e seu olhar recaiu na aliança em seu dedo. A ferroada foi dolorosa, fazendo-a arfar.



Melanie: Hey. – Murmurou, rouca, e Blair a olhou. – Bebê, chorando de novo? – Perguntou, se aproximando da cama e sentando do lado da filha.

Blair: Eu só preciso de um banho. – Mentiu, fungando – Eu juro.

Melanie: Certo. Não acreditei nem por um minuto, mas vamos tentar distrair você hoje. – Disse, acariciando o cabelo dela.

Blair: Distrair? – Perguntou, se permitindo aproveitar o carinho. Há muito tempo não sabia o que era carinho de mãe e sentira falta disso.

Melanie: Bem, seu irmão terminou levando quase tudo que você tinha. Mas vamos comprar tudo novo. – Antecipou – Vá, tome um banho, e quando você sair vamos começar do zero! – Animou, batendo palmas.



Blair não quis sair de casa. Não queria a agitação de Nova York. Queria ser infantil, queria seu quarto e o colo da mãe. Melanie estava mais que disposta a dar isso: Moveu Deus e o mundo pra dentro do apartamento. Meia hora depois (depois de forçar a garota tomar café) as duas estavam sentadas na cama, e dois profissionais mostravam catálogos atualizados com direito a modelos provando. Blair até conseguia rir, as duas aprovando e reprovando algumas coisas.



Melanie: Coma. – Insistiu, e Blair apanhou um blueberry.

Blair: Nunca pude dizer isso, mas a sacada da ultima coleção com a sobreposição ficou ótima. – Disse, distraída, levando a frutinha a boca. A modelo vestia um vestido Melanie Styles cobre – Podíamos explorar mais isso se houver demanda.

Último Ato - Efeito Borboleta (Livro 5) [H.S]Onde histórias criam vida. Descubra agora