Capítulo 46

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Talvez o mundo estivesse mesmo voltando pro lugar. Blair foi conseguindo, aos poucos, voltar a se alimentar normalmente, e não houveram novas recaídas ou episódios, pra paz geral. O processo levaria mais tempo no normal, mas ela era uma Styles, e Liam estava usando tudo o que tinha a mão pra salvá-la (o que não era pouco). Não importava o quanto Blair progredisse, Melanie não saía de perto dela. Chuck a visitava, porém cada vez menos. As conversas dos dois morriam com facilidade, sendo que ela nunca deixava um assunto durar. Na verdade queria perguntar a ele sobre seu dia, sobre sua rotina, sobre coisas alheias, dizer que sentia sua falta... Mas se limitava a assentir.

As visitas eram as mais variadas. A família ia com frequência, Rose ia todos os dias depois da escola, Clair era presença cativa. Mas houveram visitas inusitadas.



Blair: Oh, droga. – Gemeu, puxando o edredom. Não queria que Ansel a visse daquele jeito, mas ele permanecia normal.

Juliet: Não seja idiota. – Repreendeu, indo pro lado da mãe, que estava perto de Melanie, em uma poltrona.

Ansel: Ei, sumida. – Brincou – Certo que nós não somos a companhia mais interessante, mas você podia avisar antes de parar de aparecer. – Concluiu.

Blair: Sempre fui horrível dando desculpas. – Admitiu, dando de ombros.

Ansel: Blair... Você quer morrer? – Perguntou, tranquilo. Melanie, em uma poltrona, virou o rosto de imediato, pronta pra partir pra briga. Que diabo de pergunta era essa? Ela viu a filha hesitar, o olhar distante e ia levantar, mas Sophia a deteve pelo ombro.

Blair: Não. – Concluiu – Cheguei a achar que sim, mas agora não. Só quero ficar boa e sair daqui. – Ansel sorriu, assentindo.

Ansel: Ótimo, então. Eu te trouxe um presente. – Disse, erguendo a mão – É pra você.



Blair apanhou o pequeno pote, que cabia na mão dela, sem entender direito, e desembrulhou. Era um pote de cerâmica clara decorada, com motivos florais, com terra dentro. Havia um sache preso no fundo do pote, sem identificação. Ela olhou a terra, confusa. A verdade é que Ansel sabia o nível das flores que estariam ali, e ele que ele não poderia competir com isso. Nate, por exemplo, todos os dias levava um buquê novo de flores diferentes pra irmã, flores que custavam o que dava pra sustentar uma família pequena por mês. O quarto sempre tinha o cheiro leve, a cabeceira da cama rodeado de arranjos caros. Ele nunca conseguiria levar nada que não fosse se destacar por ser inferior em meio aquilo tudo.

Então ele fez melhor.



Blair: Eu não... – Ela olhou de novo – Um jarro de terra. – Disse, como se talvez ao dizer em voz alta fosse fazer mais sentido.

Ansel: Tem uma flor plantada ai. Isso no sache é adubo. – Explicou – Cuide dela e de si mesma, assim enquanto você melhorar, ela vai florescer. – Concluiu. – Uma vez você me disse que adorava O Pequeno Principe. A metáfora da rosa. – Lembrou.

Blair: "Foi o tempo que dedicaste a tua rosa que fez a tua rosa tão importante." – Citou, em uma lembrança agridoce. Fora Chuck que lhe dera aquele livro de presente, enquanto ainda eram muito novos, quase crianças – Obrigada.



Blair hesitou um momento, captando a mensagem, então sorriu. Era a primeira vez que sorria desde que soubera da morte do filho, e era um sorriso lindo, genuíno. Melanie sorriu levemente ao vê-la sorrir, sentindo como se finalmente tivesse um pouco de sossego após uma tormenta muito grande.



Último Ato - Efeito Borboleta (Livro 5) [H.S]Onde histórias criam vida. Descubra agora