2.

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Na manhã seguinte acordei com Luane me sacudindo e mandando eu vestir a roupa logo para tomarmos café da manhã. Só troquei de roupa já que tomei banho de madrugada antes de dormir. 

  - Não deveríamos ter dormido tão tarde - Joanna falou preocupada. 

  Em menos de 10 minutos eu estava pronta e já jogava o traje cinza por cima da minha calça e moletom. 

  Na noite passada eu, Luane e Joanna acabamos conversando até a madrugada. Eu não parava de agradecer mentalmente por ter colegas de quarto comunicativas, sei que as conheci ontem e não devo confiar nelas - não confio mesmo -, mas pelo menos são uma distração. Andei distraidamente enquanto fazia trança de um lado no meu cabelo castanho e liso que ia até a cintura. Notei algumas pessoas me olhando de lado, porém não liguei. Não seria a minha primeira experiência como centro das atenções.

Nos dirigimos ao fundo do castelo, onde ficava o refeitório e a cozinha. Tinham mesas de concreto com cadeiras no enorme refeitório escuro sendo iluminado por alguns lustres no teto. Havia uma mesa comprida com algumas coisas de comer e pratos e talheres. Algumas freiras estava do outro lado da mesa vigiando os estudantes atentamente. 

  Peguei bastante coisa já que não comi desde que cheguei aqui. Sentamos em uma mesa no meio do refeitório. As pessoas ali eram incrivelmente silenciosas, sem conversas. Senti como se fosse errado conversar ali. Eu já ia comendo quando Joanna se alterou e falou num sussurro:

  - Você não pode comer antes da oração. 

  - Eu realmente não ligo - e mordi meu sanduíche. Agora tinham mais olhares em mim, como se eu fosse um demônio encarnado.

Talvez fosse. 

  Uma freira saiu de trás da mesa e a vi andando severamente até mim. 

  - A senhorita deve ser a aluna que chegou ontem - falou em tom claro e tão severo quanto o seu andar.

  - Eu mesma - dei mais uma mordida displicente.

  - Se não me engano o monsenhor lhe deu todas as regras. 

  - Ele e o padre Lyros. 

  - Falaram das orações e os horários dela? - Acenei e tomei um gole de café. - Detenção - e começou a se afastar.

  - Espero que não ache que eu cumpra alguma dessas regras de oração agora que já estou de detenção, não é? - Perguntei tranquilamente mordendo novamente meu sanduíche e a freira parou. Senti todos a minha volta tensos. 

  - Duas semanas de detenção - soltei uma risada alta e espontânea. 

  - Sem problemas - senti o olhar dela irritado em mim. 

  Eu não tinha medo dos meus pais, não seria de uma freira que me despertaria tal sentimento.

Quando estava quase acabando começaram a oração coletiva. Uma freira das que vigiavam começou a falar as palavras alto e em bom som enquanto o resto a acompanhava. Levantei e fui até a mesa pegar mais um sanduíche e café enquanto a oração continuava ao meu redor. O assombro das pessoas com as minhas atitudes era tão grande que eu poderia senti-lo materializada. 

  Todos continuavam em silêncio ao meu redor, tão silêncio que dava para ouvir algumas pessoas mastigando. Não tentei puxar assunto com Joanna e Luane, preferi respeitá-las. Depois de 20 minutos vi todos se levantarem novamente e orarem. Continuei sentada completamente entediada e após isso, levantamos.

Agora teríamos 10 minutos para pegarmos nosso material. 

  - Você é completamente louca! - Joanna falou assombrada. - Ela é a freira Amelia, ela é a mais cruel em detenções. 

IMPURE • Shawn Mendes [em revisão]Where stories live. Discover now