5.

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  Os dias seguintes foram completamente frustrantes. Chovia quase o tempo todo e as detenções se resumiam em Shawn me mandando ler e me deixando sozinha na biblioteca enquanto a srta. Spout me olhava de vez em quando. As matérias estavam ridículas de fácil e as freiras e professores pareciam me ignorar, por mais que eu tentasse provocá-los e começar uma briga atoa para conseguir, quem sabe, mais uma semana de detenção com padre Mendes. Os dias nunca foram tão chatos.

Ninguém falava mais sobre a minha queda da escada. Foi um capítulo esquecido. Aquele instituto é acostumado com garotas desaparecidas ou mortas. Nesses últimos dias não vi mais a cobra preta, no máximo escutava passos em lugares vazios.

Faltavam apenas três dias para o fim da minha detenção. Minha mente me afirmava que Shawn fugia de mim para não responder as minhas perguntas, o que me fez procurar Abel.

- Você tem aula com padre Mendes? - Perguntei direta de manhã enquanto caminhava pelos corredores. Ele franziu as sobrancelhas e olhou para mim.

- Costumo matar as suas aulas. Não tenho simpatia por ele. - Afirmou.

- Por quê? Você pode repetir por falta.

- Ele concorda com isso. Desde que eu tire notas boas e não seja reprovado na matéria dele então isso não é um problema.

- Shawn aceitou esse acordo? - E então ele parou de andar e me olhou parecendo um pouco irritado.

- "Shawn"? Lizzie, por que está me perguntando sobre isso? - Dei de ombros.

- Só queria saber.

De volta à biblioteca eu tamborilava os dedos na capa dura de um livro qualquer sobre santos e olhava em volta. Tinham mais umas três pessoas ali, nenhuma parecia prestar atenção em mim. Levantei e fui até o balcão da srta. Spout.

- Preciso ir ao banheiro. Acho que estou com dor de barriga. - Sussurrei com um olhar sofrido. Ela levantou os olhos para mim e me olhou por cima dos óculos acenou concordando.

Saí da biblioteca o mais rápido possível. Caiam pingos finos de chuva. Liguei a minha lanterna. Para onde eu iria. Olhei a imensa propriedade e me perguntei onde Shawn estaria. Ele me ignorava até em suas aulas, isso não continuaria assim. Olhei para aquelas árvores juntas e resolvi ir para lá e saber o que tinha ali.

Tentei andar rápido. Meu cabelo e o meu casaco estavam começando a ficar úmidos pelas gotas quando abaixei a luz da lanterna e me esgueirei pelas árvores. Enquanto passava escutei como se algo pesado estivesse sendo arrastado no chão molhado que tinham algumas folhas. Virei a lanterna para o chão em volta e vi o corpo de uma cobra. Aquela era branca e parecia ter o triplo do tamanho da preta que me visitava. Engoli a seco e decidi que a seguiria. Alguém naquele instituto deveria dar um jeito nessas cobras. Quando finalmente vi a ponta do seu rabo andei uma distância segura dela, apenas vendo para onde iria.

Quando saí das árvores vi um pequeno amontoado de casas bem pequenas ali. Parecia um condomínio. Segui mais a cobra e vi que ela se aproximava de uma construção escura no centro daquelas outras casas, mas essa construção era enorme com uma estátua enorme e manchada pelos anos de Maria. A cobra contratava com o chão escuro e aparecia mesmo com pouca luz. Olhei para o céu. Hoje não tinha lua.

Hesitei e olhei em volta. Nenhum som e muito menos alguém. Olhei para a cobra receosa. Comecei a subir as escadas, então na metade do caminho escutei passos leves, se não fosse pelo silêncio absoluto eu nunca conseguiria escutar aqueles passos. Corri para o canto da escada onde havia um muro baixo e me escondi ali. A pessoa que estava ali passou em frente a escada sem olhar para ela, apenas passando em frente. Era Shawn. Ele estava com o cabelo e o seu traje de padre molhados. Esqueci da cobra, desliguei a minha lanterna e comecei a segui-lo.

IMPURE • Shawn Mendes [em revisão]Where stories live. Discover now