15.

4.5K 361 855
                                    

  Na segunda, depois do almoço eu fui até a cabana onde a srta. Sjunde atendia. Ficava atrás da biblioteca e era de madeira escura. Parecia quente e aconchegante. A sala de espera era escura com três sofás e uma mesa como se devesse ter uma secretaria ali. Era bem grande por dentro. Tinha o banheiro e mais duas portas que não sei o que era.

Acabei entrando já que quando bati ninguém me respondeu, mas naquele horário deveria ter alguém ali.

- Olá? Alguém? - Falei quase gritando.

Silêncio.

Deus, eu odeio silêncio.

Estava quase indo embora quando a porta próxima a mesa se abriu e a mulher que eu vi alguns dias atrás com um corvo na cabeça sorriu para mim. Hoje o seu cabelo não tinha nenhum animal como chapéu, apenas um coque bem preso.

- Pois não? - Perguntou com a voz baixa.

- Estou procurado a srta. Sjunde. O Monsenhor mandou que eu viesse. - Seu sorriso se abriu.

- Você deve ser Elizabeth Way. - Confirmei. - Seu nome é muito falado por aqui. Queda de escada e duas detenções em menos de dois meses. Vi de longe uma troca de carinho sua com um jovem ruivo. Seu namorado?

- Na verdade não. A consulta já começou? - Perguntei confusa. Psicólogos não falando sobre a vida do paciente fora da consulta.

- Oh, não. Pode voltar aqui depois das suas aulas da tarde.

- Tudo bem, até mais tarde.

Me despedi e saí. Aquela mulher parecia mais entusiasmada do que os psicólogos que já frequentei. Estranhei o fato de saber até sobre a minha queda da escada. Ela tinha chegado há quase uma semana e já sabia tanto de mim. Levando em consideração que o instituto tem mais de duzentos alunos aquilo era minimamente estranho.

Assisti as aulas querendo morrer. Só queria terminar aquele ano e sumir dali.

Luane e Joanna estavam animadas comentando que neste final de semana iriamos visitar a cidade mais "próxima" ao Instituto. Passei a aula depois disso pensando nas possibilidades de conseguir fugir durante essa visita à cidade.

Me senti observada pelas minhas colegas de quarto quase que o tempo todo. Era irritante e eu queria explodir aquele lugar inteiro. Quem sabe assim as torturas e mortes acabassem. Decidi que depois da detenção com Mendes hoje eu voltaria naquela sala no último andar, dessa vez com uma lanterna. Eu me sentia insegura espionando aquele lugar, não sei os horários que aquela sala é visitada.

Quando acabou as aulas da tarde deixei o meu material no quarto e fui para a cabana da srta. Sjunde. Estava tão deserto e silencioso quanto mais cedo. Chamei e não tive resposta. Fui até a porta da onde a srta. Sjunde tinha saído da outra vez. Estava destrancada e ali estava bem mais quente do que o outro cômodo.

Uma grande lareira queimava deixando o ambiente agradável e era a única fonte de luz. As janelas estavam fechadas e as cortinas vermelho escuro mas tapavam. Na parede da lareira havia uma coleção de cabeças de animais empalhados e uma cruz bem no meio daquelas cabeças. Tinham leões, vacas, cavalos, onças, tigres, zebras, cervos, cachorros de caça, no móvel acima da lareira tinham texugos e outros animais menores que estavam empalhados de corpo inteiro. Na mesa no centro dos sofás tinha uma cobra... marrom.

Eu fiquei parada encarando aquela cobra por algum tempo. Era coincidência, não era?

- Elizabeth Way! - Me assustei quando escutei meu nome sendo dito de uma forma tão animada e olhei para trás vendo a srta. Sjunde. - Pontual. Gostei de você. Gostou da minha decoração? - Olhei em volta novamente.

IMPURE • Shawn Mendes [em revisão]Where stories live. Discover now