IMPURE • Shawn Mendes [em revisão]

7.

  Não posso dizer que não me incomodei em escutar Joanna e Luane falando sobre Shawn o resto do domingo porque seria uma mentira.

Depois que Shawn fechou a porta Luane caiu em sua cama olhando para o teto sonhadora.

- Não vamos abrir a janela e vamos evitar abrir a porta também, o cheio de padre Mendes está aqui. – Falou com a voz sonhadora. A olhei como se ela fosse uma alienígena.

- Não acredito que ele estava aqui! Nenhum professor vem aos dormitórios. Não vi outra pessoa aqui nem quando Lara sumiu. – Joanna comentava surpresa. Foi questão de segundos para que a atenção se voltasse para mim. – O que ele quis falar com você? – Luane se sentou ansiosa.

- Deve ser algo muito importante, ele poderia esperar até amanhã. – Dei de ombros.

- Ele só queria falar para eu esperar que ele viesse aqui me buscar para a detenção.

- Lizzie, você é a pessoa mais sortuda de toda Europa! Ninguém tem detenção com padre Mendes uma vez, quem dirá duas vezes seguidas.

- O que mais ele falou? – Luane perguntou.

- Foi só isso. – Deitei tentando ignorar aquele assunto.

- Vocês ficaram aqui durante o horário do almoço inteiro só para ele avisar uma coisa que se resumiria em uma frase? – Joanna perguntou descrente.

- Por que querem tanto falar sobre isso? Não é importante. – Tentei me desfazer do assunto. Aquilo me irritava e eu ao menos sabia o motivo.

- Se fosse qualquer outro padre eu acharia que estava te fazendo sentir like a virgin. – Luane fez piada. – Infelizmente ele segue as regras demais para fazer isso. Deve ter nascido com vocação para padre. – Suspirou. – O que é uma pena.

E então senti um gosto bom na boca quando um pensamento me ocorreu. Eu era a única das alunas que sabia o motivo de Shawn ser padre. Não era por vocação ou qualquer outra coisa. Ele sentia falta de não ser padre e todas as outras alunas admiravam a sua vocação de não desviar da sua obrigação. Desejei que elas continuassem na ignorância para sempre. O pensamento de que ele poderia foder com todas elas me incomodava.

Talvez eu estivesse começando a tratá-lo como minha propriedade. Isso não era bom. Sei que tenho uma pequena obsessão e uma grande atração por Mendes, mas não posso deixar que a minha cabeça comece a associá-lo como algo meu.

Peguei o livro e comecei a ler tentando ignorar Joanna e Luane fazendo teorias do que Shawn realmente falou comigo já que entenderam que eu não diria mais nada.

Torci pata que aquele assunto não circulasse por toda a torre.

A manhã de segunda tinha um vento tão frio que fazia os ossos congelarem. Eu odiava aquele lugar. Assisti as aulas com três moletons embaixo daquele lençol que chamavam de uniforme e mais duas meias em cada pé dentro das minhas botas acolchoadas que eram mais quentes do que as outras.

Eu nem prendia mais o cabelo porque isso parecia fazer o frio aumentar, o que foi uma merda porque o meu cabelo era na cintura e todo aquele vento o deixava mais embolado do que nunca esteve.

- Ei, Lizzie. – Escutei uma voz me chamando alto no corredor antes do primeiro intervalo e vi Abel correndo em minha direção. – Como está? Você parece melhor do que estava semana passada. – Quando ele me alcançou começamos a andar. Notei alguns olhares disfarçados em nossa direção.