IMPURE • Shawn Mendes [em revisão]

12.

  Perguntei quem era Septem, mas sra. Spout disse que quanto menos eu soubesse, melhor seria. Mas, na minha opinião, saber menos poderia custar a minha vida.

A bibliotecária não respondeu nenhuma das minhas perguntas.

- Deveria estar no quarto com Joanna. Padre Mendes precisará limpar isso. - Estreitei os olhos analisando-a e saí.

Eu descobriria sobre isso mesmo se ela não me contasse. Quando voltei para o quarto vi Shawn, no final do corredor entre as macas, olhando a janela enquanto Joanna estava na penúltima cama. Quando cheguei perto vi que ela dormia.

- Vou limpar o banheiro. - Shawn começou a dizer sem olhar para mim. - A sra. Spout avisará à srta. Hurley que agora já pode fazer uma visita. - E com essa frieza e sem me olhar saiu do quarto.

Joanna estava com uma roupa branca que sempre colocavam em pessoas nos hospitais. Notei que os seus cobertores eram bem quentes. Ela ainda estava pálida com olhos escuros em volta, mas agora parecia descansar, não parecia atormentada mais. Sentei-me na maca ao lado.

Septem.

Eu sabia que isso significava algo, mas não conseguia lembrar agora. No momento os meus pensamentos pareciam pesar uma tonelada. Deitei na maca olhando para o teto branco. Hoje o dia não tinha uma luz forte, parecia final de tarde.

Escutei passos apressados quebrando o silêncio mortal e vi Luane vindo até Joanna. Ela tinha a mão tapando nariz e boca, mas vi que estava chorando silenciosamente. Depois de analisar meticulosamente o rosto de Joanna ela passou as pontas dos dedos suavemente no rosto da amiga, mas logo a afastou.

- O que aconteceu com ela? - Perguntou baixo.

- Não tive tempo de perguntar. Seria bom que não a pressionássemos, sabe? Deixar que ela fale quando se sentir bem. - Luane acenou.

- Padre Mendes disse para José me fazer companhia porque você não ia sair do lado de Joanna, mas estava preocupada comigo. - Virou o rosto para mim com o seu olho cheio de emoção. - Obrigada por isso, eu nunca conseguiria ajudar Joanna, meu estado estava lastimável. - Sacudi a cabeça.

- Não importa. Vai ficar tudo bem.

- E se não ficar tudo bem? E se só piorar?

- Então enfrentamos isso.

Achei que Shawn me dispensaria da detenção de hoje para ficar com Joanna na enfermaria. Luane tinha se juntado a nós. Joanna ainda dormia e Luane estava deitada em meu colo lendo o mesmo livro de ontem.

No horário da detenção Shawn se sentou na maca ao lado da minha e ficou escrevendo coisas em cadernos ou anotando coisas em livros. Luane tentava disfarçar que o observava por de trás do livro.

- Não deveria ser algum tipo de pecado riscar livros? - Perguntei chamando a sua atenção. Eu odiava ver livros de ficção, poesias ou qualquer coisa do tipo serem rabiscados.

- Esses livros são do Instituto. Essas anotações me ajudam a planejar aulas e a montar provas.

- Já ouviu falar de post-it? Poderia colocar alguns desses com anotações ao invés de rabiscar o livro todo. - Pela primeira vez na noite ele olhou para mim e ficou alguns segundos apenas assim e em silêncio.