23.

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  Poucas coisas me surpreendiam nessa vida, mas Shawn dizer que me ama veio do nada e eu não sabia o que responder. Antes que a minha mente formasse alguma piada sobre, escutei a sua risada e foquei a minha visão nele novamente.

- Sabe que não precisa dizer que também me ama, não sabe?

- Você não imagina o quanto isso é bom de se escutar. - Ele me deu um beijo rápido antes de levantar.

- Vou trocar de roupa e ir para a minha sala. Esteja aqui no final da tarde.

Observei-o indo embora.

Enquanto tomava o meu café eu pensava em alguma coisa que eu poderia fazer sobre aquele templo. Ele não podia continuar existindo. Sei que eles arranjariam outro lugar para torturarem pessoas em nome de Satã, mas queria fazer algo contra isso. Não posso ficar parada e aceitar o que acontece, mesmo que não consiga mudar completamente a situação.

Talvez eu pudesse encontrar álcool em algum lugar.

A sra. Spout me deu um casaco de lã e os livros que eu precisaria para as primeiras aulas do dia.

- Por acaso você teria algum isqueiro ou algo assim? - Perguntei enquanto prendia o cabelo.

- Acho que tenho um guardado, se quiser esperar posso procurar.

Ela começou a vasculhar algumas gavetas da onde costumava ficar sentada no horário de expediente. Depois de um tempo ela me deu um isqueiro quadrado de metal.

- Está cheio. Nunca usei, só sabia que tinha. Evito usar isqueiros aqui.

- Por quê?

- Há períodos que tudo no instituto fica extremamente inflamável.

- Como assim? - sra. Spout sorriu parecendo extremamente calma.

- Apenas tome cuidado. Tenha um bom dia.

Olhei para o isqueiro em minha mão. Eu tomaria cuidado, mas não como deveria. Coloquei-o no bolso, prendi o cabelo, peguei os livros e saí da biblioteca. Assim que saí no pátio senti um cheiro forte. Nunca senti aquele cheiro na vida, mas era muito ruim. Era um cheiro fraco de podre misturado com algum outro cheiro forte.

Enquanto caminhava para dentro do castelo, eu olhava em volta. As pessoas que pareciam robôs sem vida, a neve em todo lugar. Algo está diferente. Eu não sei o que, mas esse lugar é como um organismo vivo que ao passar dos dias vai mudando.

Fui para a aula, mas era a mesma coisa que não estar lá.

No corredor, enquanto eu ia para a outra sala, parei no meio de todas aquelas pessoas andando. Os homens de Sjunde estavam andando ali livremente e ninguém parecia achar aquilo estranho. Ao invés de ir para a próxima aula, acabei entrando no banheiro e me trancado em um sanitário.

Sjunde faria alguma coisa que não tenha feito antes. Eu precisava descobrir o que seria. Respirei fundo várias vezes, saí do sanitário, lavei meu rosto e me olhei no espelho.

Você vai sair desse banheiro e não será uma covarde.

Os corredores já estavam vazios quando saí. Felizmente todos davam aula com as portas fechadas, senão eu logo seria descoberta. Olhei em todos os banheiros e não vi mais os homens de Sjunde. Parei em um dos janelões e olhei para o pátio. Vi Sjunde em um vestido marrom com um casaco pesado da mesma cor. Ela caminhava calmamente em direção ao seu escritório. Eu não poderia ter certeza, mas ela parecia ter uma expressão contente ou minimamente satisfeita.

- Elizabeth. - Pulei de susto quando escutei o meu nome e vi Shawn se aproximando. Xinguei-o baixo de todos os nomes que conhecia. - O que está fazendo aqui? Deveria estar na aula.

IMPURE • Shawn Mendes [em revisão]Where stories live. Discover now