octo.

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  Eu acabei adormecendo abraçada a Shawn mas acordei na sua cama e senti que segurava a sua mão enquanto ele estava sentado no chão com a cabeça apoiada na cama deitada em cima do seu outro braço. Ele poderia ter dormido na cama, caberia nós dois já que não sou tão grande quanto ele mas duvidava que Shawn fosse deitar ali comigo. Acho que praticamente todas as vezes que houve um toque entre nós veio de uma atitude minha, mesmo que ele não rejeitasse.

Olhei o relógio na parede e eram quatro da manhã. Luane e Joanna já deveriam estar conspirando o que eu devo estar fazendo com o padre favorito do Instituto. Soltei a minha mão da dele para não acordá-lo e fui silenciosamente até a cortina olhar. Abel ainda estava em uma via distância perto de outra casinha. Ainda chovia e relampejava. Fechei a fresta da cortina e sentei na cama novamente olhando para o chão de madeira escura.

Não vou mentir, Abel estava parecendo um psicopata fazendo aquilo e na minha cabeça isso fazia mais sentido do que qualquer coisa ligada a demônios. Não, eu ainda não levava aquela história a sério. Mas você pode falar da visão que eu tive, das cobras e como toda a explicação de Shawn fazia sentido, mas a verdade é que eu sou cética demais. Na sociologia vários filósofos debatiam o ceticismo e como ser cético até certo ponto é saudável e todos deveriam ser. Eu passo esse ponto de saudável e passo a linha do "cética a um ponto que pode prejudicar". Normalmente eu não paro muito para pensar no que acredito, apenas vivo e aproveito o que sinto, mas toda a religião católica me deixa cética. Talvez a religião toda seja uma fantasia e os livros que li não são, o que faria mais sentido porque eram estudos sobre o sobrenatural sem falar de uma religião específica.

- Elizabeth? - Pulei de susto quando escutei a voz grossa e rouca de quem acabou de acordar atrás de mim. Me virei para Shawn atrás de mim. - Por que acordou? Aconteceu alguma coisa?

Ele estava adorável com o rosto amassado de sono e os seus lábios pareciam mais vermelhos também.

- Não aconteceu nada, apenas acordei. Abel ainda está lá fora.

- Acho que talvez ele só saia quando der seis horas.

- Por que não está dormindo na cama? Não sei se notou mas tem espaço aqui. - Ele deu um pequeno sorriso.

- Pode ficar confortável na cama, não me importo.

- Mas eu sim. É a sua cama e não minha. Sem contar que essa casinha idiota deve estar me deixando sentimental porque eu realmente gostaria de mais abraços. - Ele deu risada de mim.

- Tudo bem, srta. Way. - Levantou do chão apenas para se jogar na cama.

Mordi o lábio e fui até ele me deitando em cima do seu peito e abraçando a sua cintura. Seus abraços abraçaram os meus ombros e Shawn se aconchegou mais a mim.

Eu nunca fui do tipo de gostar de dormir abraçada. Na verdade eu nunca fui do tipo que abraçava qualquer pessoa. Todos os caras que me envolvi eu pedia para pelo menos não me abraçarem se fossemos dormir na mesma cama e agora, ali estava eu, pedindo para ser abraçada e querendo dormir assim.

- Você sabe que isso não pode acontecer. - Shawn falou baixo e levantei o rosto para encará-lo apoiando o queixo nele.

- Perdão? - Ele suspirou, parecia triste. Shawn tirou um dos braços do meu ombro e passava as pontas dos dedos de leve no meu rosto.

- Eu não sei explicar, mas qualquer coisa a ver com envolvimento romântico ou até mesmo sexual. Não pode acontecer. Podemos ser amigos, até acho que já somos, de uma maneira um pouco torta, mas somos.

- É por causa das leis dos homens ou algum outro motivo? - Deu um pequeno sorriso e eu sorri de volta.

- Se você fosse, no mínimo dois anos mais velhas eu mandaria a lei dos homens para o inferno, mas você só tem dezessete, isso seria pedofilia.

IMPURE • Shawn Mendes [em revisão]Where stories live. Discover now