6.

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  Eu me fodi, mas me fodi muito. E nem foi do jeito que eu queria.

O arrependimento de ter gritado me seguiu durante o resto da semana.

Mas voltando ao momento que gritei por causa do corpo em que tropecei. Finalmente conheci o tal Angelo. Ele veio correndo ver o que tinha acontecido enquanto eu estava em choque e quase desmaiei. Não cheguei a desmaiar de fato, eu estava acordada, mas a minha mente desligou por alguns minutos pelo choque. Quando retornei ao controle da minha mente descontrolada eu estava na sala do diretor, mas não estava sozinha dessa vez. Padre Lyros, Mendes, Monsenhor e a demoníaca freira Amelia.

- Essa aluna já passou de todos os limites. Ela se recusa a seguir as regras e parece que a detenção com padre Mendes não adiantou muito. - A freira demoníaca falava com o tom de voz serio e lançou um olhar para Shawn como se pudesse esfaqueia-lo naquele momento. - Insisto que a detenção pelo comportamento de hoje seja sob a minha responsabilidade.

- Não seja ignorante, Amelia. Eu cuidarei da nova detenção. - Shawn comentou calmamente.

Padre Lyros andava de um lado para o outro com passos lentos, olhando para o chão com os braços para trás. Mendes estava na parede perto da porta encostado e com os braços cruzados. E que braços. A sua postura parecia relaxada, porém cansada. A demoníaca estava ao lado da mesa do Monsenhor onde o mesmo se sentava. Ela estava com uma postura severa e irritada. Monsenhor estava calmo escrevendo coisas em papéis.

- E o senhor é merecedor de tal responsabilidade? - Falou a demoníaca. - Falhou em ensinar regras para essa aluna assim como falhou em ensinar para a srta. Gilden. - Opa, o quê?

- Amelia, está muito alterada. Peço que nos dê licença. - Monsenhor disse com a voz calma. A freira agora parecia tão em choque quanto eu estava minutos atrás.

- Desculpe? - Monsenhor levantou o rosto dos papéis e olhou nos olhos de Amelia.

- Nos dê licença. - Ela engoliu todo o seu orgulho a seco e saiu da sala. Vi um sorriso discreto no canto dos lábios de Shawn. Ele tinha o olhar baixo, mas logo encontrou o meu.

- Srta. Way. Consegue falar ou ainda está em choque? - A voz do homem à minha frente chamou a minha atenção. Olhei para ele.

- Consigo falar. - Minha voz saiu engasgada e rouca. Dei um pigarro para normaliza-la.

- Então pode me responder o que fazia lá fora depois do toque de recolher. - Não era uma pergunta.

Segurei o impulso de olhar para Shawn. Algo me dizia que eu não deveria falar das cobras. Lara começou a se foder por achar que alguém a escutaria e resolvesse o que estava acontecendo de errado ali. Lara não sabia que o inferno não tem salvação e isso pode ter sido a causa da sua morte.

- Biblioteca. Joanna fez um resumo que achei muito vago de uma das aulas que perdi quando caí das escadas. Corri para a biblioteca na esperança que ainda estivesse aberta para pegar algum livro com o assunto e eu estudaria a madrugada toda para não ficar perdida na aula amanhã. Sei que deveria ter esperado até amanhecer, mas fiquei desesperada. Monsenhor, eu me cobro muito, de verdade, fiz terapia ano passado por isso. Amenizou o problema, mas não solucionou. Eu nunca me perdoaria por tirar uma nota baixa em uma matéria que não tenho dificuldade porque tropecei em uma escada estúpida e perdi alguns dias de aula. Te garanto que isso não tem a ver com padre Mendes ter falhado de alguma forma comigo. Ele tem sido ótimo nas detenções e nunca aprendi mais sobre hierarquia nos dias de detenção do que jamais aprendi com os meus pais. - Menti com um tom de voz preocupada e olhava diretamente nos olhos do Monsenhor. Ele não piscou nenhuma vez.

IMPURE • Shawn Mendes [em revisão]Where stories live. Discover now