Capítulo 9: Do contrário, me caso com você!

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Légolas assentiu com a cabeça, conformado em me deixar pensar sobre ajudá-lo, escondendo seus olhos marejados e tristes, possivelmente envergonhado pela conversa precária que tivemos. Senti culpa, remorso talvez. Esperava sair do castelo ainda hoje e recebi o contrário do que queria. Precisaria reverter essa situação, não queria acompanhá-lo até o final da competição por falar mais do que deveria.

-Você tem até amanhã. - ele esclareceu, enquanto se voltava mais uma vez para me encarar.

-Do contrário...?

-Me caso com você. - ele respondeu sério, me fazendo estremecer com sua atitude, mas começou a rir logo após.

Ri junto com ele por um bom tempo, sua risada começou tímida e foi aumentando de acordo que foi percebendo eu acompanhá-lo. Nunca ouvi nada tão ridículo e engraçado, confesso. Era como se a melhor piada do mundo fosse contada para nós, e cada vez que pensava sobre, ria mais um pouco.

-Ridículo! - eu disse momentos depois, ainda rindo.

Légolas me encarou confuso, retomando a seriedade em seu olhar.

-Certo, mas ainda preciso de uma confirmação. Pense no que tiver que pensar e me fale amanhã.

-Tenho escolha? - perguntei, pensar uma noite inteira não faria sentido nenhum quando ele não me deixaria fazer nada além de ajudá-lo.

-Claro que tem, não sou perverso como pensa. Podes ir embora agora mesmo se quiser. - ele recuou, e parecia sincero. - Peço perdão por meu nervosismo, apesar de ter me insultado sem precedentes.

Me surpreendi ao ouvi-lo me pedir perdão depois de tudo o que disse. Dentro dele havia algo de bom, afinal. E ele estava me deixando sair? Fiquei imóvel à sua frente, notando cada centímetro de seu rosto que denunciavam certo desespero. Avaliei o olhar de Légolas minuciosamente, ele emitia uma súplica irresistível, e eu só podia estar enlouquecida quando me peguei imaginando o que deveria fazer para ajudá-lo. Eu não deveria dar ouvidos à ele depois de toda a briga que tivemos, que clima teríamos em nossos encontros todas as vezes, sendo que falei coisas que jamais falaria para qualquer pessoa em sã consciência. Eu deveria conter meu impulsos, sabia disso, mas concordei quando disse:

-Começo a esclarecer as coisas amanhã mesmo. - surpreendi o príncipe com minha atitude. Mas não era exatamente aquilo que ele queria?

Légolas suspirou aliviado e voltou ao banco para sentá-lo mais uma vez.

– Meu pai alertou-me sobre não estar levando isso a sério como deveria. – Légolas recomeçara a falar depois de alguns minutos calado, raciocinando sobre todo o ocorrido até aquele momento. – Eu realmente estava apavorado demais, assustado e angustiado, e confesso que ainda me sinto assim. Tentei com quinze garotas já e realmente foi um completo desastre. Bem, dezesseis, contando com a senhorita.

– O que exatamente aconteceu? – perguntei curiosa sobre o que realmente tinha acontecido. Se eu tinha a nova função de limpar a barra do príncipe, deveria ao menos saber de toda as coisas que ele havia feito até ali.

– Certo, eu devo lhe contar para que me ajude. Primeiramente, naquela noite quando estava neste mesmo jardim e te vi na sacada do seu quarto, e a primeira garota foi embora...

– Você me viu? - me assustei com sua declaração. - Percebeu que era eu?

– Você se surpreenderia com a minha visão. – Légolas disse, sorrindo para mim. Senti meu rosto corar com a menção dele me observando, mas não me deixei levar pelo pensamento. – Pois bem, continuando: naquela noite aquela senhorita, que no momento não recordo o seu nome, andava pelo castelo distraída quando eu a vi. Fiquei muito perturbado com a presença dela ali tão perto, mas fui falar com ela assim mesmo para saber se estava possivelmente perdida ou precisava de algo. Quando cheguei perto a primeira coisa que ela me pediu foi para sair. Assim sem mais, nem menos, e com toda a certeza e amargura em sua voz. Não entendi, mal havia chegado e nem me conhecido ainda e ela já estava desesperada para ir embora. Disse à ela que poderia ir, eu não a questionaria, então ela me pediu que parecesse que eu a expulsei. Ela tinha alguém, disse-me que estava apaixonada, mas os pais insistiram para ela participar da seleção assim mesmo porque ele era de origem humilde. Então, chamei os guardas e fingi que eu não queria ser perturbado por ninguém, e pedi para levarem-na de volta, pois estava expulsa. Ela me agradeceu, seriam alguns dias até conseguir chegar em casa e ela diria que ao menos tentou.

Príncipe LégolasOpowieści tętniące życiem. Odkryj je teraz