Problemas

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Como eu disse, já se passaram 3 meses desde o ocorrido naquela noite. Minha vida estava finalmente começando a mudar.

Descobri nesse curto período de tempo que se existe algo na vida de que devemos desistir, é exatamente desistir de desistir. E fiz esse pacto comigo mesmo.

De qualquer forma, esses meses foram longos, mas me trouxeram muito aprendizado.

Eu comecei um tratamento como também já falei, com o doutor Federico. O doutor George que o havia recomendado. Aparentemente eles eram amigos, então logo deduzi que ele deveria ser tão bom quanto o amigo.

George se mostrou um ótimo médico, frequentemente eu o visitava para alguns check-ups. Pelo pouco que eu entendia, meu organismo estava se recuperando aos poucos e não fiquei com nenhuma sequela. Eu também já me sentia melhor.

Larissa sempre me acompanhava às consultas. Ela permaneceu comigo em casa, muito mais do que o combinado. Mas eu não reclamava. Sua presença me trazia segurança. Ela sempre foi muito protetora, possessiva a esquentada. Se tinha alguém que era capaz de me defender era ela.

Às vezes eu tinha até vergonha, confesso. Eu que deveria ser seu defensor. Mas ao invés disso estava muito ocupado afundado nos meus próprios dramas e crises existenciais.

Como eu era idiota. Por que simplesmente não fui capaz de usar toda a dor que passara na vida para me transformar em uma pessoa mais forte como ela fez?

Eu era e sou consciente de que existem muitas pessoas por aí no mundo, que já passaram por coisas semelhantes a mim ou até pior. E estão aí perfeitamente saudáveis, sem nenhum tipo de problema emocional, nenhum trauma. Com uma vida e uma família feliz.

Mas eu... Bem, meus monstros insistiam em me perseguir.

Por que justo eu? Isso me irritava. Inclusive, fora um dos motivos que me incentivou a mudar isso de uma vez por todas.

As sessões de terapia com o Dr.Federico também iam bem. Não sei porquê, mas eu conseguia me abrir com ele. Realmente esse troço funcionava. É como se ele fosse uma estátua pra qual posso falar da minha vida e ela simplesmente não tem nada a ver com isso, não vai me julgar, não vai pedir satisfação... Era um pensamento meio estranho, mas era assim que eu me sentia com ele. E acredite, ajudava.

Mas o processo não foi tão fácil, muito menos rápido. Nem acabado.

Esses 3 meses foram muito calmos. Calmos demais pro meu gosto. E como eu estou cansado de saber que na minha vida as coisas não vão bem por muito tempo, eu comecei a desconfiar.

Eu voltei para as escolas em que leciono faz algumas poucas semanas. Os alunos foram simplesmente maravilhosos comigo. E no final do dia, depois de ter sido surpreendido de sala em sala, com balões, bolos e muitos gritos em cada escola. Eu estava no meu quarto e comecei a chorar.

Querendo ou não, aqueles pirralhos me emocionaram demais.

Eu me senti amado. E eu vi como amo eles também.

Agora sei que se eu tivesse morrido... Alguém teria sentido minha falta.

Estava tudo indo bem. Voltei a dar minhas aulas a todo vapor. Como nunca tinha feito antes. Estava em uma fase muito fascinante da vida. Tudo estava se tornando tão diferente. E eu compartilhava com meus alunos o que eu vinha aprendendo.

Os orientadores de cada escola acharam melhor não divulgar em detalhes para os alunos o que havia acontecido comigo. E eu concordei. Por mais que eu não quisesse esconder nada deles, eu também não queria perguntas inusitadas durante as aulas.

Enquanto ainda estava nesse mar de emoções, o telefone toca.

Número desconhecido.

–Alô? – atendi.

Perfeitamente QuebradosOn viuen les histories. Descobreix ara