Amanheceu e eu ainda estava acordado. Tentei me distrair de alguma forma, mas sem sucesso. Eram 5:30 da manhã quando decidi levantar da cama. O Sol ainda nem havia nascido direito. Saí do quarto e decidi dar uma espiadinha no quarto do lado. Que é ocupado pela Lari.
Quando abri uma brecha da porta, a vi toda jogada na cama de roupa e tudo, ela sempre chegava tarde do trabalho e exausta. Seus cabelos morenos e compridos estavam jogados em cima de sua cara, ela estava deitada de barriga pra baixo e roncava alto. Agradeci na mesma hora pelas paredes serem à prova de som.
Quem iria imaginar que uma mulher tão bonita e elegante como ela, a noite se transformava nisso. Não pude evitar, peguei meu celular, me aproximei e tirei algumas fotos. Ela me ouviu sorrindo e acordou.
—Bom dia flor do dia! — ri mais ainda quando ela começou a perceber o que estava acontecendo e como estava sua aparência. Tirou os cabelos do rosto, e passou a mão discretamente na cara e no travesseiro, limpando toda baba.
—Mas que idiota! Para! — acho que a deixei mau humorada. E logo pela manhã, ops.
—Foi mal, foi mal! Não tenho culpa, você estava pedindo pra tirar fotos! — droga, eu não parava de sorrir.
Ela começou a me bater e me empurrar até que eu finalmente estava fora do quarto dela. Ela bateu a porta e provavelmente a trancou.
E quando eu estava indo em direção a cozinha, eu ouço um grito. Mas aqueles gritos mesmo, bem agudos, de doer o ouvido. Essa mulher era estranha. Batia como um menino, mas gritava como uma menininha.
Fui correndo de volta à porta do seu quarto e bati desesperado.
Cinco segundos depois, uma Larissa furiosa abriu a porta. Céus, eu podia quase ver a fumaça saindo de suas narinas.
—O que foi? Tá louca? — o que ela estava eu não sei, mas sei que EU estava com medo.
Ela se aproximou lentamente de mim. Seus olhos azuis agora brilhavam de raiva.
Ferrou. O que foi agora?
Eu vi que ela tentava respirar e se acalmar. Mas isso era meio impossível, se eu realmente conhecia Larissa. Até que finalmente, ela respirou um pouco e voltou a me olhar.
—Pedro... Amor da minha vida. — dizia com um sorriso sarcástico e diabólico ao mesmo tempo. E quanto mais ela se aproximava, mais eu dava ré. Parecíamos duas crianças novamente.
—Fala linda.
—Você por acaso sabe que horas são? — eu me esforçava pra não começar a rir. Agora entendi o que foi aquele grito.
—Sei sim! — ah, qual é. Ela me assustava, me batia... mas eu também amava provocá-la e a cara que ela fazia depois era hilária.
E pelo visto minha resposta surtiu mais efeito do que pensei. Ela nem me deu tempo pra correr, quando vi já estávamos caídos no sofá, e ela me batia freneticamente.
—São...Cinco...E...Quarenta...Da...Manhã...5:40 DA MANHÃ PEDRO!
—Tá bom tá bom, entendi. Mas eu só te fiz um favor. Já já você iria acordar de qualquer jeito pra trabalhar. — então, depois dessas palavras, eu quase vi ela infartar. Às vezes essa raiva dela me dava medo, mas não do que poderia fazer comigo e sim com ela. Ela tinha uns sintomas assim, que tu podia jurar que ela parava de respirar só pra te encarar e tentando se acalmar.
—Pedrinho?
—Oi meu amor?
—HOJE É MEU DIA DE FOLGA SEU IMBECIL! — ela pegou o travesseiro e começou a me atacar mais e mais. Mas eu não ficava sem fazer nada, ela tinha um ponto fraco: os pés. Segurei sua perna com uma mão e com a outra taquei cócegas. Ela odiava, mas a acalmava.
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Perfeitamente Quebrados
Romance[Vencedor do Wattys 2017] Capa by @anniectorres Uma infância traumatizante, uma adolescência a ser esquecida e uma história de superação, ou... quase isso. Pedro, um aclamado professor de Curitiba enfrenta diariamente seus fantasmas do passado, e...