Acorde!

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Me debruçava desesperadamente naquelas águas em busca do homem. Eu tinha certeza de que o vira sumir. Absoluta. Ele tinha que estar ali.

Retornei a superfície para pegar fôlego, sempre com o cuidado de não ir fundo demais nem longe demais. As correntes naquele mar eram fortes.

Mergulhei mais uma vez esforçando meus olhos a abrirem.

Dei um giro 360° e vi apenas o vulto de um corpo passando a alguns metros dali. Nadei em sua direção e encontrei-o afundando. Fui um poucos mais fundo e o puxei pela mão, virando pra cima e nadando de volta para a superfície.

Esperava que aquele não fosse o fim daquele rapaz. Quem quer que fosse, não aguentaria vê-lo morrer sabendo que tive em minhas mãos a chance de salvá-lo.

Não demorou muito e chegamos a superfície. Guiei seu corpo e o meu de volta a maré. Quando chegamos em terra firme nem tive tempo para notar o quanto estava cansado e sem ar. Apenas me voltei para o homem e...

Meus olhos começaram a marejar e minha vista ficou turva. Uma sensação horrível invadiu meu interior e cada célula do meu corpo sentiu.

—Sam! — gritei me aproximando de seu corpo inconsciente que estava deitado agora na areia. —Acorda! Sam!

Comecei a fazer compressões em seu peito.

—Sam...Sam...Sam...Acorda Sam!!! — eu falava desesperado enquanto via meu irmão ali no chão.

Eu já estava molhado demais, mas podia sentir as lágrimas caírem sobre ele enquanto eu fazia as compressões, se misturando ao sal da água do mar.

Por quanto tempo ele ficara debaixo da água? O que ele fazia no mar!? E sozinho.

Sam...

Ele estava pálido. Coloquei minha cabeça sobre seu peito para checar sua respiração.

Não ouvia um som sequer.

Comecei a fazer respiração boca a boca e nada.

Assim eu alternava entre as compressões e boca a boca. Vi de relance Larissa se aproximar correndo em nossa direção.

Quando ela viu quem estava no chão.

—Ó meu Deus! — gritou horrorizada. —Sammuel! — ela chorava.

—Larissa! Liga pra ambulância! Agora! — gritei sem tirar meus olhos dele. —Vamos amigão! Você consegue! Tenha fé!

Virei seu corpo de lado para que seus pulmões pudessem expelir a água.

Fiquei ali de joelhos encarando-o sem reação. Pus as mãos na cabeça em extremo desespero.

Que raios havia acontecido!?

Nós saímos apenas por uns minutos e...

Sem resposta.

—DROGA SAM! — gritei, assustando até Larissa que falava nervosa no telefone. Provavelmente com a emergência. —Não faz isso comigo! Ouviu? Nem pensa em fazer isso comigo! — falei enquanto o deitava novamente de barriga pra cima, continuando as compressões e respiração boca a boca alternada.

Ouvi de longe uma voz.

—Saaaaam! — virei e vi que era Naomi.

Ela estava acompanhada de Leo que assim que se aproximava ia diminuindo o ritmo de seus passos. Chocado com a cena. O vi cair no chão de joelhos, olhando fixamente para Sam.

Naomi estava do outro lado do corpo de Sam segurando sua mão e chorando.

—Vamos virá-lo de novo! — avisei-a.

Perfeitamente QuebradosWhere stories live. Discover now