Família Garcez

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Sentei em minha cama e finalmente abri aquela carta.

Dentro do envelope tinha uma pequena tira de papel com a seguinte mensagem.

"Eu tenho exatamente o que você precisa. Por enquanto aguarde por mais informações e não faça nada estúpido. Entrarei em contato."

Não havia assinatura.

"O que eu preciso"?

Releio várias várias e várias vezes a carta, mas não entendo. Ela estava totalmente sem nexo, sem sentido, era muito aleatória. Chego a me perguntar se foi entregue para a pessoa certa. Poderiam ter me confudido, mas no fundo eu achava improvável que fosse isso.

Guardei-a e simplesmente ignorei. Já tinha preocupações demais, como o problema com a Taylor e...Larissa.

Saí mais uma vez do quarto e fui checar como ela estava. Dessa vez bati na porta, queria respeitar seu espaço e não era hora para brincadeiras ou invasões de privacidade.

Passam-se uns 5 minutos e a porta se abre. Larissa estava de frente pra mim, com os olhos vermelhos e inchados e uma expressão vazia. Como se estivesse perdida nos pensamentos, no mundo...

—Você quer alguma coisa? Estava pensando em pedirmos um delivery daquele restaurante que você gosta... — disse olhando-a sem jeito. Eu não era bom lidando com meus sentimentos, quanto mais com os dos outros. Não sabia o que fazer numa hora dessas.

—Tudo bem. Como você quiser. — ela respondeu indiferente e ia fechando a porta quando eu meti o pé.

—Larissa? — chamei seu nome, queria que ela me olhasse nos olhos pra ouvir o que eu precisava falar.

—O quê? — perguntou ríspida.

—Sem você... Sua mãe teria morrido há muito tempo. Quando vocês perderam seu pai, você se manteve firme por ela. E logo conseguiu fazê-la feliz de novo. Você foi uma ótima filha, e ela nunca te culpou por nada. Espero que consiga entender isso. — apenas falei e me virei voltando pro quarto. E pelo que ouvi atrás de mim, ela irrompeu em choro depois do que falei. Mas era a verdade, e eu sentia que ela precisava ouvir essas palavras.

Não comentei com ela sobre a carta nem sobre a Taylor ainda. Iria dar um tempo. E tentaria conversar de forma civilizada com minha aluna. Se existia um pedacinho sequer de bondade nela, eu iria despertá-la.

Fiz o pedido no restaurante favorito da Larissa. A comida chegou em 20 minutos. Chamei ela e nós almoçamos, em silêncio. Porém, eu via que sua feição estava diferente. Talvez tivesse parado pra pensar um pouco no que eu acabara de lhe falar. Espero que sim. Não poderia vê-la assim por muito tempo.

Terminamos, e eu avisei que iria sair. Não queria deixá-la sozinha, mas seria breve. Havia ligado mais cedo para as escolas explicando a situação e eles apenas me liberaram do trabalho hoje. Então pensei em aproveitar a tarde para fazer uma visita à Taylor. Ela estudava de manhã, então se eu tivesse sorte, a encontraria em casa.

E não foi difícil descobrir onde ela morava. Tendo nome e sobrenome, logo você tem um perfil do facebook, instagram, logo tem um número, email e até mesmo o endereço da pessoa. A internet é uma loucura.

Saí de casa às 14h e fui com meu carro em direção a sua casa. Eu amo dirigir em Curitiba, algumas pessoas reclamam, mas eu sempre amei tudo nessa cidade, como é tão verde, cheia de praças, parques e árvores por todos os cantos. Avenidas largas e imensas. Agora a tarde o clima estava terrivelmente quente, de fritar ovo na calçada. E logo o verão vai chegar. Estamos em novembro. Como o ano passou rápido.

Coloquei como sempre uma música pra tocar no carro. Amo fazer tudo com música, sou movido à música praticamente.

Estava tocando Skinny Living, minha banda favorita. Eles não são muito conhecidos, mas deveriam. Recomendo muito suas músicas.

Perfeitamente QuebradosWhere stories live. Discover now