Reunião de pais

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Passou-se quase uma semana desde aquela visita infeliz a casa dos Garcez. Larissa ainda está com saudades da mãe, mas está melhorando. Já não vive mais só na cama e voltou a trabalhar também.

Está tenso dar aula na escola, ainda mais na sala da Taylor, sinto que a qualquer momento ela pode soltar alguma bomba. Mas torço para que demore, ou que eu consiga fazê-la mudar de ideia.

Estou tentando não deixar isso me afetar em sala e nem a forma como dou minhas aulas.

Ainda bem que meus alunos facilitam, por causa deles, estou sempre com um sorriso no rosto durante o trabalho.

Pena que Taylor não vê o mesmo de mim. E me pergunto o porquê, mas não vou me torturar novamente pensando nos "ses" da vida.

Estava prestes a sair de casa, pra mais uma manhã de aulas, quando Larissa aparece do nada.

—Pedro! Bom dia!

—Larissa? Já está acordada?— me surpreendo, Larissa só começa a trabalhar mais tarde, então geralmente sempre sou o primeiro e único a acordar a essa hora.

—Sim, algum problema com isso? — ela pergunta já irritada. Não, calma. Talvez estivesse de TPM. Não sei, Larissa já é tão temperamental por natureza, que é difícil diferenciar seu estado normal pra sua TPM. Simplesmente desisto de adivinhar. E perguntar é que eu não vou!

—Não, imagina, nenhum! —digo indo em sua direção dar um beijo de bom dia em seu rosto, mas ela desvia e me mostra um papel em suas mãos.

Era a carta que eu recebera aquele dia. No dia do velório da tia Rosário. Mas Lari estava tão abalada que pensei que nem estava prestando atenção quando Ricardo nos abordou.

—Onde você achou isso? — pergunto.

—Encontrei quando fui te procurar no seu quarto. Estava jogada em cima do criado mudo. — ela fala com um olhar ameaçador. —Agora vai me explicar o que raios significa isso?

Droga, garota difícil. E curiosa, detalhe né.

—Prometo que vou docinho! Só que agora eu tô indo trabalhar okay? — abracei ela rapidamente, fugindo da situação. —O café já tá na mesa, volto às 20h como sempre, agora fui, beijo!

Saí do apartamento antes que ela pudesse falar qualquer coisa e fui pra escola.

Hoje era terça, então a primeira turma seria a minha turma do primeiro ano favorita daquela escola. Inclusive, era a turma de Caio.

Como sempre, a aula foi maravilhosa. Muitos alunos que antes não falavam muito já estavam interagindo mais e compartilhando suas dúvidas e ideias. No entanto, quem eu menos esperava ver quieto, estava. Absolutamente calado, não soltou um pio durante a aula toda. Sim, Caio.

Não consegui esconder que aquilo me incomodou. Será que era algo comigo? Ou apenas não estava num bom dia?

Quando o sinal bateu, todos estavam saindo para a sala da próxima aula. Foi onde vi a oportunidade.

—Ei! Caio! — o chamei. Ele era o último a sair, mas eu o impedi. Quando virou vi que seus olhos estavam marejando.

—Sim professor? — perguntou.

—Venha aqui. — fiz um gesto com os dedos para que se aproximasse de onde eu estava sentado. Ele se aproximou e ficou em pé de frente pra mim.

Eu não podia atrasá-lo muito pra próxima aula, mas qualquer coisa eu explico para o professor daquele horário. Eu me importava com o bem estar dos meus alunos, e o de Caio, mais ainda. Nós estávamos nos aproximando aos poucos, devido ao projeto de profissões, ele estava animado, e eu também. A cada dia ele se revela um garoto brilhante. E é raro vê-lo sem um sorriso no rosto.

Perfeitamente QuebradosWhere stories live. Discover now