Perfeitamente Quebrados

Convite

Faltam apenas três dias para o baile e sinceramente, estou mais calmo do que antes. Não sei se é apenas impressão, mas ao meu ver a ameaça de Taylor parece ter perdido seu efeito. Seria sua falta de vontade em continuar com essa chantagem? Espero que sim. De qualquer maneira, não reclamo.

Minha preocupação atual é encontrar algo apresentável para vestir e... Bem, convidar Larissa quem sabe.

Alguém bate na porta da sala de aula, estava no meu intervalo.

—Com licença Pedro. — era Artur.

—Entre. — o convido e continuo com os olhos voltados para minhas anotações sobre a mesa.

—Eu queria lembrá-lo que o baile está chegando.

—Sim, eu sei Artur.

—E não está nem um pouco nervoso? — eu não o via, mas percebi pelo tom de sua voz que estava surpreso. No mínimo.

—Verdadeiramente... não.

—É... Então, qualquer coisa estou na minha sala se quiser conversar.

Nesse momento estendi minha cabeça e o encarei.

—Olha Artur. Pode parecer loucura minha, mas acredite, não é. Sabe, essa ameaça de Taylor não tem nenhum sentido para começo de conversa, e mesmo que tenha, olhe ao redor. A caça cessou. — sorri por fim.

—Sim... Talvez você esteja certo. Eu espero que você esteja certo.

—Espere e verá. — falei e depois voltei minha atenção para o trabalho novamente, o dando sinal para ir embora. Felizmente, ele entendeu.

Aproveitei aquele momento de paz para adiantar o planejamento de minhas aulas. No entanto, algo circulava em minha mente. Continuei tentando ignorar, mas nossa, quando tenho uma ideia preciso executar na hora, ou caso contrário, ela não deixa minha consciência em paz.

Olhei para o celular em cima da mesa ao lado dos milhares de papéis espalhados. Lutamos através de olhares por um bom tempo. E sim, ele ganhou.

Peguei-o finalmente e disquei seu número. Chamou algumas vezes até que ela atendesse.

—Oi Pedro! — disse Larissa no outro lado da linha. Céus, como era bom ouvir sua voz.

—Oi Larissa, espero não estar atrapalhando.

—Imagina, hoje é um dos dias calmos aqui no escritório sabe? Nenhum caso novo e todos os em andamento estão indo bem.

—Que ótimo.

—Mas então, não que eu esteja reclamando, mas por quê exatamente está me ligando? — mais direta impossível, me obrigando a ser também.

—Você é esperta demais pra mim né? — sorri, com uma pitada de nervosismo. Espero que ela não tenha percebido, de jeito nenhum.

—E só agora você se deu conta? — retrucou em tom de sarcasmo. —Enfim, desembucha vai. Sou advogada, mas não sou à toa.

—É que, como você deve saber. O baile é daqui a três dias.

—Sim, eu sei e você sabe que eu sei. Agora, o que eu não sei que você tem pra me falar?

—Eu...eu... Só tava pensando que sabe. Alguns professores também vão acompanhados e eu... Achei que talvez... Você. Quisesse. Ir. Comigo.

Silêncio no outro lado da linha.

—Larissa? — chamei. Achei até que a ligação tinha caído.

Estava enganado, logo ouvi uma risada cortante fazer tremer meus tímpanos.

—Era só isso? — perguntou ela recuperando-se.