Batman e Alfred

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—Eaí campeão! — falei me abaixando para receber Miguel que vinha como sempre correndo para me abraçar. —Já tá pronto?

—Sim, sim, sim!

—Bom, então vamos indo. Não queremos nos atrasar pro seu primeiro dia de aula né?

—Não mesmo! — concordou convicto.

Peguei sua mão, nos despedimos de Aurora e fomos até o carro.

—Toma cuidado com essa mochila e lancheira, que eu aposto que seus colegas vão sentir inveja delas! — sorri enquanto arrumava no banco de trás o conjunto de mochila e lancheira do Batman que havíamos comprado no dia anterior.

—Relaxa tio, só o Batman pode usar elas!

—Uau, entendi, mas e quem é o Batman?

—Euu! — cruzou os braços e revelou-se.

—Poxa! Que decepção. O Batman de verdade não contaria tão fácil pra alguém que ele é o Batman. É um segredo só do Batman. E do Alfred claro.

—Mas você é o Alfred tio!

—Eu!? E como você sabe disso?

—Porque é você que dirige o carro que me leva pros lugares!

E com essa eu ri e me conformei enfim que, sim, eu sou o Alfred. O mordomo do Batman mais pentelho que já conheci.

—Depois dessa eu devia te fazer ir a pé sabia? — ele riu sem dizer mais nada.

Chegamos na escola e estacionei o carro. O bom de ser professor é que eu nunca tinha que me preocupar em ter vaga no estacionamento da escola. Descemos e ajudei Miguel a levar sua mochila de rodinhas.

Caminhamos até o prédio Kids, onde ficavam as crianças do maternal até o 5° ano do fundamental I.

O bom era que eu não conhecia ninguém desse prédio, o que evitava perguntas e os olhares de conhecidos.

Afinal ninguém precisa saber sobre Miguel, não ainda. Não enquanto eu não tenho certeza de que realmente as coisas vão dar certo.

Ainda sei me dar o luxo de ter uma vida pessoal separada da profissional.

Entramos e perguntei para o segurança da entrada onde ficava o Jardim II e ele me apontou para uma rampa descendo que dava acesso a escola em si, saindo daquela área de recepção.

Quanto mais nos aproximamos mais sentia minha mão sendo apertada. Foi quando percebi que Miguel estava quieto e bem mais quieto que o normal.

Ele estava nervoso. E me julguem, mas eu ri.

Era engraçado como há apenas alguns minutos atrás ele estava tão animado e agora ele estava tão nervoso.

Continuamos o caminho, passando por uma área aberta até chegar em um enorme terraço, perto de um jardim (literal dessa vez), com salas de cada lado e um parquinho enorme na área gramada.

Ao nos aproximarmos da aglomeração de crianças, pais e professores se preparando para as brincadeiras de primeiro dia de aula, uma moça se aproximou de nós.

—Bom dia! Em que turma ele está?

—Jardim II. — respondi.

—Só um momento. — e saiu.

Aproveitei e me virei para Miguel, que estava escondendo seu rosto atrás da bainha da minha camisa.

Agachei-me até sua altura encostando a mochila em pé no chão.

Perfeitamente QuebradosWhere stories live. Discover now