Café da manhã

904 121 75
                                    

—Caio? — perguntou Larissa.

—Sim, um dos meus melhores alunos. Ele era o anônimo. — sorri depois de ter contado a história toda pra ela.

—Então ele só queria ajudar mesmo? — falou desconfiada.

—Sim Lari, não se preocupe. Caio é diferente, além do mais, me vê como seu amigo, não apenas seu professor.

—Se você diz né... Agora preciso agradecer esse Caio, e também... Preciso conversar a sós com ele e bolar nosso plano maligno, já que você é um molenga! — ela resmungou. Eu sabia exatamente do que ela estava falando.

—Você sabe que sou assim, e não vou mudar de ideia tão fácil. Ao meu ver aquelas duas são inocentes, apenas uma mãe e filha enganadas por esse homem. — Larissa ainda não aceitou o fato de que não quero usar àquelas informações por medo de prejudicar Taylor e sua mãe. Sim, Vitória podia ser a cobra que fosse, mas eu via inocência nela (pelo menos nessa questão).

Depois de esclarecermos o assunto, já estava tarde, dei um beijo em Larissa, fui para o meu quarto e ela para o dela.

Essa foi uma daquelas noites em que não consegui dormir. Deitei, fechei os olhos, mas o sono não vinha. Apenas pensamentos horrendos e preocupações que atolavam minha mente há muito tempo.

Sentei, liguei a TV, apenas para ter a companhia do som e da luz que ela transmitia e chorei um pouco. Ou muito. Eu nunca sabia pelo que chorava, ou será que sabia? Apenas sentia uma profunda angústia me acompanhar o  tempo todo. Era meu bichinho de estimação. Só sei que mais uma vez vi o dia amanhecer, mas estava acostumado já.

E o pior dessas noites, de ficar em claro... É que a sensação era de que eu ainda estava no mesmo dia. Quando eu não dormia, era como se eu estivesse no mesmo dia anterior ruim. E isso não ajudava muito.

Por isso eu amo dormir, mas odeio ter que todos os dias levantar da cama. A única coisa que realmente me motiva a levantar é que em casa eu sou arrebatado por uma enorme onda de sentimentos podres e fúteis, estar em casa é horrível. Me sinto sozinho, mesmo sabendo que tenho Larissa, Sam, Leo, e meus alunos lá fora.

Mas ne esforcei e levantei, e fiz meu ritual de toda manhã. Falar em ritual, uma pausa para uma curiosidade... Eu, Pedro, tenho um tique ou hábito meio estranho: não posso sair de casa sem estar usando pelo menos alguma coisa azul. Podia ser uma camisa, uma calça, uma pulseira, um relógio, uma cueca, qualquer coisa. E quando raramente acontecia de eu perceber que não estava usando eu simplesmente entrava em pânico, parecia que tudo ao meu redor iria desmoronar e as coisas iriam dar errado... Enfim. Ah, e eu também odeio vermelho, mas detalhes à parte. Os médicos me disseram há muitos anos que eu sofria de ansiedade, mas eu não ligava muito. Afinal, não somos uma geração ansiosa de qualquer jeito?

Dessa vez não incomodei Larissa, tomei meu café e fui direto para a escola.

----------------------

Larissa

Estava muito cedo ainda. Eram 6:15, Pedro ainda devia estar dormindo, ou se estava acordado, ainda não tinha saído do quarto. Aproveitei a oportunidade e saí de fininho, eu não havia dormido nada nessa noite pensando em tudo que ele me falara e decidi que não ficaria parada. Peguei minhas chaves e abandonei o apartamento, tranquei a porta do meu quarto em caso de ele decidir abrir não conseguir. Iria pensar que eu estava dormindo.

Desci pelo elevador, cumprimentei o porteiro ainda sonolento e saí em direção ao meu carro.

Próxima parada: escola da loira. Esperava chegar cedo e encontrá-la lá e a tempo de não esbarrar com Pedro.

Perfeitamente Quebradosजहाँ कहानियाँ रहती हैं। अभी खोजें