Olá Anônimo

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Estava quase no final do último horário da manhã e estava super nervoso. Na noite de ontem recebi mais uma mensagem daquele anônimo, dessa vez pedindo para me encontrar e sinceramente, não sei o que esperar desse encontro.

O local combinado era o shopping Estação, 12:30. Então como o cara pontual que sou, às 12h cheguei lá. Infelizmente, foi só lá que percebi que ele não tinha especificado onde exatamente no shopping nos encontraríamos e eu estava sem celular pra tentar sequer mandar uma mensagem pro fulano.

Então fiz o mais lógico e fiquei na porta da entrada, em pé no Sol quente esperando que se ele estivesse entrando por ali me notasse.

Centenas de pessoas passavam por mim e eu ficava as observando como um maníaco, achando que qualquer uma delas poderia ser o tal anônimo. Aliás, seria mulher o homem? Intrigante. Um adulto, um jovem, um idoso... Eram tantas possibilidades que minha mente chegava a dar curto circuito com tantas hipóteses e suposições.

Estava encostado na parte de vidro onde eu tinha uma visão ampla de todas as pessoas que vinham em direção a entrada.

Deu 12:30. É agora! Fiquei mais nervoso ainda se é que isso era possível. Comecei a pensar em 'n' motivos para não estar ali. A pessoa podia ser uma criminosa, um sequestrador, um bandido, não sei, tudo.

De repente avistei uma pessoa, acho que um homem, vestindo um capuz preto, encostado em um carro estacionado ali na rua. Ele olhava para os lados, como que procurando alguém também. No entanto, ele parecia assustado. Seria ele? Comecei a andar em sua direção.

Aos poucos ia vendo melhor o seu rosto e cada vez mais eu achava que era ele. Estranho, assustador (e assustado), cara de mau e...

Alguém me cutuca no meio do caminho quando estava quase chegando até o homem. Me virei, espantado, achando que poderia ser o anônimo, mas era só... Caio.

—Caio! Que susto! — falei mais aliviado.

—Oi Pedro, desculpe-me. Enfim, que bom que veio.

—Vim? Vim pro que?

—Pro encontro!

—Encontro!? Quem te disse isso garoto? — falei rindo e também envergonhado. —Não estou em nenhum encontro, não que eu não quisesse, mas...

—Eca, não! — me cortou enquanto se espremia com cara de nojo. —Não esse tipo de encontro! O encontro comigo!

—Contigo? — ué. Boiei. —Desculpa Caio, não lembrava de termos marcado nenhum estudo ou algo do tipo. — falei, mesmo sem lembrar, eu podia ter marcado algo então achei plausível me desculpar por via das dúvidas.

Caio apenas colocou a mão na cara, me pegou pelo braço e me puxou para dentro do shopping. No primeiro banco vazio que avistamos ali sentamos.

—Caio, lamento, mas eu tenho um compromisso com... alguém.

—Comigo Pedro, comigo, meu Deus! — ele estava irritado já. —Eu sou o anônimo! Bem, agora não sou mais.

Calma. É o quê? Não sei exatamente como reagi ou como estava minha cara naquele momento em que eu digeria aquelas palavras, mas pela gargalhada que ele deu, deveria estar hilária.

—Calma, você é o anônimo? — perguntei tentando agir sem ser um idiota. Céus, como fui lerdo, "que vergonha Pedro".

—Sim, eu mesmo. — disse com animação.

—Por que? Como? — não tinha mais palavras.

—Bom, paredes tem ouvidos, ainda mais paredes de lugares onde vivo. Já deveria saber que a Biblioteca é tipo minha segunda casa, bem que eu queria que fosse a primeira, mas enfim. Eu pude ouvir a conversa entre você e Artur, assim como a Taylor ouviu a de vocês. — disse envergonhado desviando os olhos dos meus. —E me desculpe por isso.

Perfeitamente QuebradosKde žijí příběhy. Začni objevovat