Alexander Lightwood - Capitulo 12

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Eu tinha cinco anos de idade quando a minha vida mudou, quando o meu mundinho colorido se transformou em preto e branco. Mas apesar de toda a violência, dos maus-tratos e sofrimento, eu ainda me mantinha "humano", ainda tinha esperança de dias melhores. Aquele pequeno animal era o meu refúgio, minha luz no fim do túnel. Depois de uma tarde ao lado do "papai", eu me sentia um lixo, sentia vontade de sair correndo e pular dentro do maldito poço que havia atrás da nossa casa. Então eu corria, corria, corria, respirava fundo, olhava para o fundo do poço e quando eu finalmente tomava coragem para acabar com todo aquele sofrimento, Bob aparecia, mordia a barra da minha calça como se dissesse; " não faça isso, eu preciso de você", então, eu mudava de ideia, o pegava no colo e brincávamos o resto do dia. Quando ele estava ao meu lado, eu me esquecia da mãe omissa, do pai violento e da vida desgraçada que eu era obrigado a ter desde que ele decidiu voltar para as nossas vidas. Aquele pequeno cachorro era o último fio que ainda me matinha "humano" e quando ele morreu, eu não me joguei dentro do poço, eu joguei meus sentimentos e os deixei lá, onde eram o seu lugar.

— A mamãe estava certa o tempo todo. — Isabelle estava escutando meus devaneios atrás das cortinas. — Antes de vir morar com você, ela havia me alertado para tomar muito cuidado com você e com o amor que você dizia sentir por mim. Mas eu te defendi, disse que você era o meu irmão, que me amava e que só queria o meu bem. Eu te defendi, Alexander, eu te defendi todas as vezes que ela me disse que você era um monstro desalmado. — Dizia em meio as lágrimas. — Eu acreditei em você, acreditei cegamente em tudo o que você me dizia. Acreditei no seu amor e acreditei quando você disse que queria o meu bem-estar. Mentira, era tudo uma grande mentira. Eu te odeio, você é um filho da puta desgraçado.

— Isabelle... — Tento me aproximar, mas sempre que eu dava um passo à frente, ela dava dois para trás.

— O que você realmente sente por mim, Alexander? Porque você me trouxe para essa maldita cidade? Porque você me tirou da minha casa? Porque você me tirou da minha mãezinha?

Eu gostaria de contar meus motivos, mas Isabelle ainda era uma criança e o meu trabalho como irmão mais velho, era protegê-la dos males do mundo.

— Porque você me trouxe para a sua casa e me deu uma vida de princesa se você não gosta de mim? — Perguntava desconsolada. — Você estava tentando magoar a mamãe? É isso, Alexander? Você estava me usando para magoá-la? Por favor, diga alguma coisa. — Cobriu o rosto para que eu não visse suas lagrimas. — Porque você não me ama? Eu te amo tanto, Alexander, muito mesmo.

— Isabelle... — Tento segura-lá, mas ela se afasta mais uma vez.

— Você queria se vingar da nossa mãe, e por isso me trouxe para a sua casa. — Concluiu erroneamente. — Eu sou apenas um instrumento para a sua vingança idiota, não é mesmo? — Ela havia descoberto o rosto, e não haviam mais lágrimas em seus olhos. — Me tirando dela, você não estava apenas tirando a sua filha, você também estava lhe tirando a vontade de viver. — Disse caminhando em minha direção. — Mas mesmo eu sabendo que a minha mãe iria sofrer, eu decidi vir morar com você. Eu tinha esperanças de que o amor que você dizia sentir por mim, abriria o seu coração para novos sentimentos. Acreditei que com o tempo, seu coração se abriria e você deixaria a luz entrar. Eu tinha certeza de que conseguia te salvar, eu tinha certeza de que o meu amor seria forte o suficiente para te trazer para a luz, que ele salvaria a sua alma. Mas pelo visto, não tem alma alguma para ser salva. Você é oco, sem alma e sem coração. A mamãe estava certa o tempo todo... Você é um monstro. — Isabelle estava tão entregue ao ódio que estava sentindo por mim que nem se lembrou que havia um vaso de flores a um passo de distância. — Merda. — Disse assim que chutou o objeto.

Confissões de um Sociopata (Malec) -Tempat cerita menjadi hidup. Temukan sekarang