Alexander Lightwood - Capitulo 18

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— Mas que porra foi essa, Alexander? — Magnus não acreditou no que havia acabado de acontecer. Ele esperava qualquer coisa vinda de Alexander Lightwood, menos um tapa no meio da cara. — Você perdeu o juízo de vez?

Alexander o olha com tristeza e se afasta sem dizer uma única palavra. Ele queria ficar sozinho. Queria pensar no que havia acabado de acontecer. Havia muitas coisas passando por sua cabeça naquele momento. Ele estava irritado, magoado, aliviado, assustado e... infeliz.

Quando Alexander escolheu o caminho mais rápido para ganhar o coração de Magnus Bane, ele sabia que não seria uma tarefa nada fácil. Sabia que Magnus iria lutar, resistir, contra-atacar. Sabia que aquela seria uma guerra muito difícil de ganhar. Mas ele nunca imaginou que, no meio da batalha, Magnus fosse escolher o caminho mais fácil, o caminho dos fracos, o caminho dos egoístas. Aquele não era o homem por quem ele se apaixonou, aquele não era o homem que ele havia escolhido para dividir a vida e os sonhos. Magnus preferia a morte do que lhe dar uma chance de fazê-lo feliz. Aquela era uma guerra perdida. Não tinha mais o que dizer ou argumentar. Tem gente que não nasceu para ter o seu "felizes para sempre" e ele era uma dessas pessoas. Ele tinha que libertá-lo, tinha que deixá-lo ir.

Chegando no apartamento, Alexander foi para o quarto sem dizer uma única palavra. Correu para o banheiro, pegou os objetos de higiene pessoa de Magnus e os colocou dentro de uma nécessaire. Sua decisão havia sido tomada. Antes de fechar a bolsa, ele olhou os objetos com tristeza. Lembrou-se da primeira vez que viu Magnus escovando os dentes: "Você poderia me dá um pouco de privacidade, por favor?" Disse irritado. Era triste ter que deixá-lo ir, era muito triste desistir de quem se ama.

Foi para o quarto. As roupas que Magnus havia trazido ainda estavam dentro da mala: "Prefiro deixá-las onde estão." Foi a resposta que Magnus lhe deu ao recusar uma gaveta em seu closet. Uma parte dele estava feliz por não ter muita coisa para arrumar, mas a outra parte estava triste. Triste por constatar que Magnus nunca cogitou a possiblidade de ficar na sua casa, em sua vida.

Respirou fundo antes de abrir a mala que estava estacionada no lado da mesinha de cabeceira desde que Magnus havia ido morar em sua casa. Guardou o livro triste que o havia feito chorar na noite anterior, a nécessaire e os óculos de leitura. Deu uma segunda olhada nos óculos de graus e lembrou-se do quanto Magnus ficava bonito usando-o. Balançou a cabeça tentando afugentar as lembranças. Lembrar só iria doer, só iria atrapalhar a sua decisão de deixa-lo partir.

— Au... Au... Au... — Max latia na soleira da porta para chamar sua atenção.

— Você não deveria estar trancado dentro do quarto de Isabelle? — Revirou os olhos. Deixar aquele cachorro solto pela casa era sinônimo de prejuízo. — Volte imediatamente para o quarto antes que eu te jogue pela janela.

— Au... Au... Au... — Max não só desobedeceu a ordem de ir, como também entrou no quarto e sentou-se ao seu lado.

— Você não aceita um "não" como resposta, não é mesmo? — Disse admirando a determinação do animal.

— Au...

— Eu também era destemido como você. Mas então eu conheci Magnus Bane e tudo mudou, meu jeito de ver o mundo mudou. Eu fiz o possível e o impossível para ser uma pessoa merecedora do seu amor. Eu o coloquei como prioridade, abri meu coração, contei meus segredos e meus medos. Sabe o que recebi em troca, meu amigo?

— Au... Au... — Latiu como se entendesse o que o dono lhe dizia.

— Traição. Eu recebi traição. — Suspirou melancólico. — Hoje de manhã ele me chamou para uma caminhada na praia. Eu estava feliz por finalmente estarmos nos entendendo. Mas Magnus não estava querendo uma trégua, ele estava querendo jogar a última pá de cal que faltava no meu caixão. Ele me usou, usou o meu maior medo para me magoar. Sabe, Max... Depois de tudo o que Magnus fez comigo, eu deveria odiá-lo, deveria fazê-lo pagar, mas a possibilidade de feri-lo nunca passou pela minha cabeça. Mesmo depois da vingança, das mentiras e dos maus-tratos, sua felicidade sempre foi a minha prioridade. Eu poderia colocá-lo contra a parede, exigir explicações sobre aquele planinho ridículo de vingança, mas eu decidi esquecer, deixar aquela merda toda no passado. Eu o amei e o aceitei apesar de tudo o que havia acontecido. E sabe o que eu recebi em troca? Recebi desprezo, ignorância e ingratidão. Mesmo com ele me tratando pior do que um cachorro, eu estava sempre sorrindo e sendo o mais prestativo possível. Mesmo com o coração partido eu nunca deixava transparecer minha frustração. Mas eu estou cansado, meu amigo. Aquela brincadeira foi a gota d'água. Magnus conhecia meus medos, conhecia meus traumas e em momento algum ele se importou comigo. Eu não aguento mais ser humilhado, não aguento mais levar porrada do homem que amo.

Confissões de um Sociopata (Malec) -Where stories live. Discover now