Magnus Bane Part1

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Tento abrir meus olhos uma, duas, três, quatro, cinco vezes, mas toda vez que tento abri-los, a claridade fere meus globos oculares. Minha cabeça está estourando, me sinto tonto e enjoado. Sinto um desconforto em meu braço direito, provavelmente é o acesso do soro. Soro, até quando eles são insistir em injetar esse maldito líquido branco em meu braço? Puxo o máximo de ar para os meus pulmões, tento abrir meus olhos mais uma vez, mas a dor de cabeça e a claridade me impedem de mantê-los abertos. Essa dor, essa maldita dor de cabeça, como eu a odeio.

Escuto o som da porta se abrindo, abro meus olhos para identificar o visitante, mas a única coisa que vejo são flashes de luz. Esse é um dos efeitos colaterais dessa maldita doença, uma dor de cabeça tão intensa que me impede de enxergar o que está diante dos meus olhos. Sinto essa mesma pessoa se aproximar de mim, sinto ela tocar minha testa, sinto ela acariciando meus cabelos, sinto ela sentar ao meu lado, sinto ela segurar a minha mão.

— Você não faz ideia do quanto eu fiquei assustado quando te vi desabando diante dos meus olhos. — Disse acariciando a ponta dos meus dedos. — Aquela foi a primeira vez que eu me preocupei com outra pessoa que não fosse a Isabelle. — Aquela voz parecia ser do Alexander, mas não podia ser ele, ele não podia estar dizendo tais coisas para mim. — Te vendo nessa cama, eu sinto que trocaria de lugar com você se fosse possível. É estranho, é muito estranho o jeito que me sinto toda vez que você está por perto. — O ouvi suspirar. Sua voz parecia cansada, o que me fez pensar no tempo em que eu fiquei desacordado. — Eu não sei cuidar de ninguém, para falar a verdade, eu nunca cuidei de ninguém, mas eu prometo que irei cuidar de você, eu prometo não sair do seu lado. — Sinto um calor em minha testa, parecia um beijo, ele havia acabado de me beijar. — Eu... Magnus, eu...

— O que você está fazendo aqui? — Ouvi a voz familiar da minha melhor amiga, ela parecia irritada, extremamente irritada com a cena diante dos seus olhos.

— Estou fazendo a mesma coisa que você. — Respondeu soltando a minha mão. — Me certificando de que o Magnus tenha um tratamento médico adequado.

— Já que você constatou o óbvio, eu sugiro que você volte para o seu escritório. O Magnus está em boas mãos, eu vou cuidar dele de agora em diante. — Dava para sentir a tensão no ar, dava para sentir a mágoa e o ressentimento em cada palavra que ela proferia.

— Eu não vou a lugar algum. —Já o Alexander, ele não demonstrava sentimento alguma. Frio, calculista e sem nenhum resquício de emoção, era assim que ele era, pelo menos era o que ele demonstrava ser. — Eu vou ficar aqui até ele recobrar a consciência.

— Eu te proíbo de ficar nesse quarto, eu te proíbo de se aproximar do Magnus. — Disse levantando a voz. Cada palavra proferida era como espinhos cravados em meu cérebro, minha cabeça estava prestes a estourar e aquela gritaria toda só estava piorando o meu estado de saúde. Essa maldita dor de cabeça, como eu odeio essa maldita dor de cabeça.

— Você me proíbe? Foi isso mesmo que eu ouvi? — Riu em ironia. — A única pessoa que proíbe aqui sou eu, doutora Clarisse.

— Do que você está falando? — Outro grito estridente, ela só pode estar querendo diminuir ainda mais a minha perspectiva de vida.

— Eu estou dizendo que enquanto ele estiver hospitalizado, eu sou o seu guardião legal e eu não vou a lugar nenhum.

— Você está fazendo isso apenas para me irritar não é mesmo? — Perguntou depois de um longo período de silêncio.

— Depois eu que sou o narcisista. — Disse levantando-se. — Entenda de uma vez por todas que a sua existência é insignificante para mim, eu não me importo com o que você acha, com o que você pensa e muito menos com o que você sente. Eu estou aqui pelo Magnus, não por você.

Confissões de um Sociopata (Malec) -Where stories live. Discover now