Magnus Bane Part4

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Olhando para o homem deitado ao meu lado, a única coisa que eu conseguia sentir era arrependimento. Eu deixei a razão de lado, agi com a emoção e não pensei nas consequências dos meus atos. Droga. Eu tenho 29 anos, sou um psicólogo, um homem racional, eu não deveria ter agido como um adolescente. Eu não deveria ter julgado sem antes conhecer, eu não deveria ter aceitado a chantagem emocional da Clary, eu não deveria ter me aproximado de Alexander Lightwood.

Um mês antes:

Em dia de chuva, é como se o mundo estivesse chorando por mim. Escondi a minha doença de Catarina, dos meus amigos e até mesmo do próprio Sebastian. Eu não podia e não daria o gostinho dele saber que havia fodido com a minha vida do mesmo jeito que havia fodido com a sua.

Vivo a minha vida como se nada tivesse acontecido: Vou para a ONG de segunda a quinta, nas sextas-feiras vou atender meus clientes mais abastados no centro da cidade, e nos finais de semana, ajudo a Catarina com a fazenda. Nada mudou na minha rotina diária, a única coisa que mudou são os remédios, os malditos remédios que me lembram a todo momento que a minha vida havia entrado em contagem regressiva.

A minha vida é como o tempo, a maior parte dos dias ainda continua com sol, mas às vezes chove, e quando isso acontece, é devastador.

Mais uma vez eu havia me esquecido de tomar aqueles malditos remédios. Minha cabeça estava prestes a explodir, era uma dor tão intensa que tirava meu equilíbrio e me deixava enjoado. Aquilo tudo era muito novo para mim; remédios, exames, alimentação, exercícios... Eram muitas coisas novas para eu me lembrar, às vezes eu me esquecia, e quando isso acontecia, eu tinha que pagar o preço pelo meu esquecimento, e o preço era alto demais.

Me arrasto para o banheiro e tomo um banho quente, geralmente, a água corrente alivia um pouco a minha dor de cabeça e o cansaço do meu corpo. Saio do banheiro enrolado em uma toalha, não estava com forças e muito menos ânimo para escolher uma roupa. Me deito na cama, cubro minha cabeça com um travesseiro e espero pacientemente os remédios fazerem efeito.

Minutos depois de me deitar, ouço a campainha tocar. Tocou duas, três, quatro, perdi as contas de quantas vezes ela tocou. Mas continuo em silêncio sem mexer um único músculo. Meu corpo estava muito fraco, mesmo se eu quisesse, eu não conseguiria me levantar. Então, a pessoa do outro lado da porta decidiu deixar a campainha de lado e começou a usar os punhos, batendo na porta ela gritava: "Magnus, é a Clary." "Por favor, abra a porta, é urgente.", "Magnus, por favor, eu sei que você está em casa.", "Magnus, eu estou desesperada." Tento me levantar, mas o meu corpo não responde aos meus comandos.

— Magnus... — Deu uma pausa. — Eu realmente preciso de você. — Ela estava chorando. Em quase vinte anos de amizade, eu só a havia visto chorar em duas ocasiões: Quando ela chegou no orfanato em que eu morava e quando lhe contei sobre a minha doença. A Clary era uma rocha, ela não era o tipo de pessoa que chorava sem um bom motivo. Alguma coisa de muito grave havia acontecido para ela estar daquele jeito.

Respiro fundo e com muita dificuldade, tiro a almofada do meu rosto. A claridade vinda pela janela era como ferro em brasa em meus olhos, mas eu não podia continuar deitado enquanto a minha melhor amiga se descabelava do outro lado da porta.

Cambaleante, eu caminho com muita dificuldade até a porta, assim que a abro, encontro a Clary sentada na soleira, cabelo desgrenhado, maquiagem borrada e olhos vermelhos de tanto chorar.

— O que aconteceu com você? — Pergunto o que havia acontecido, mas a única palavra que saia da sua boca era: "Alexander." Aquele infeliz havia aprontado alguma coisa, eu sabia que ele iria aprontar alguma coisa.

Confissões de um Sociopata (Malec) -Onde histórias criam vida. Descubra agora