A proposta

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Will

Cheguei na casa do Lui naquela noite. Tudo estava escuro e deprimente, como sempre. O silêncio se estendia fúnebre e majestoso por todo o lugar.

Já no jardim, haviam plantas sem vida, mato alto, ratos que fugiam de mim, mas não do meu amigo. Até os ratos riam dele. 

Eu vinha há cada três dias, até essa casa no meio da floresta densa. Precisava arranca-lo deste inferno lungrube e assustador. O castelo de Dracula era mais acolhe vcdor do que este lugar que cheirava a morte. 

Entrei porta a dentro muito contrariado com o que veria agora.  Um homem feito, largado em uma proltrona de onde contemplava o tempo passar. Isso era ridículo! Nunca esperei tal coisa do jovem humano que conheci. O Lui exalava vida, beleza, encanto. Cativava até o coração mais duro e frio com um sorriso e poucas palavras espertas.

Cheguei ao seu quarto abrindo a porta que rangeu.

_ Há ratos rindo de você no seu jardim, velho amigo.

Me olhou por cima dos ombros como se despertasse de um transe. Ignorou as minhas palavras e levantou-se em alta velocidade para se vestir. 

Sentei a beira da cama intocada desde que fora feita. Olhei para a grande janela aberta vendo a paisagem que servia de palco para o Lui. Ele nunca foi feliz depois de transformado. Ser vampiro quebrou algo dentro dele. O amor o consertaria. Mas nunca aconteceria. 

Amar a predestinada de outro era um impessilio enorme para qualquer um sem a metade da carência do Lui. A cada vez que encontrava a sua amada, ficava mais deprimido quando ela morria. Mas nunca experimentou a felicidade de ser amado como a amava.

Nem eu tampouco. O amor da nossa amada pertecia ao nosso criador.  Isso era claro como a noite diante dos meus olhos noturnos. Mas eu me conformei com uma fração do seu amor, era melhor do que amor algum. E minha vida seguia em frente. 

Chegou parecendo gente de novo diante dos meus olhos. Até sorriu o seu lindo sorriso sedutor, ainda que os seus olhos estivessem tristes. Me cortava o coração vê-lo assim. Mas o máximo que eu podia fazer,  era levá-lo para beber sangue quente de pescoços afáveis ou hostis.

Levantei e seguimos para fora da casa e de lá para a cidade. Apostamos corrida. Sempre apostávamos corrida. 

Paramos no beco escuro de sempre.

_ Eu ganhei, Will _ apontou quando eu parei ao seu lado.

_ Me distraí um pouco.

_ Sempre a mesma desculpa _ gargalhou.

Sorri por ouvi-lo rir. Ja fazia um tempo que ele não ria gostoso como agora.

_ Eu não perdi o interesse pelo mundo como você, é  fácil me distrair. 

Tossiu, cortando o assunto que o aborrecia, ajeitando as mangas do sobretudo nos pulsos. 

_ Vamos caçar alguém bem ruim. Eu não quero poupar a vida de ninguém hoje.

Observei a impaciência no seu olhar. Havia uma forte raiva de si mesmo ali também. 

_ Claro.

Seguimos pelas ruas limpando a cidade das escórias. Eu ja estava saciado,  Mas o Lui insistiu em caçar mais um, antes de voltar para o seu túmulo de inércia e dor. Concordei.

Faltava um pouco mais de uma hora para o nascer do Sol. Estávamos pelas ruas de um quase subúrbio. Quase ri, pensava que não haveriam mal-feitores aqui. Mas havia.

Segui o Lui que sumiu pelos becos atrás da sua última vítima desta noite.

Pude ouvir os últimos pensamentos do grande homem de uns cinquenta anos. Ele lamentava não ter conseguido matar uma mulher, antes de ser morto pelo Lui. 

Numa Noite Sombria Where stories live. Discover now