(1) Good Family

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[ P O V    P A R K  J I M I N]

Ir ao encontro de Jeon Jungkook era, certamente, a parte preferida do meu ano, aliás, de todos os anos. 

Ao invés de ficar com a minha vida monótona durante 365/6 dias, eu permitia a mim mesmo, por sete dias, deixar o meu namorado e a minha filha sem qualquer resquício de culpa. E não é que eu não os amasse, mas Jeon Jungkook... 

Quando eu o conheci ele só era um garotinho no bar, no auge dos seus vinte e três, depois da primeira discussão com a mulher com que casara três exatos meses antes. Ah, mas agora... 

Agora Jeon Jungkook era quem tirava o meu sono quando eu sonhava com ele, era quem eu encontrava por volta do mês de maio, era quem eu deixava fazer de mim o que ele quisesse, porque ele fazia tão bem. Não era mais um garoto, era um homem que me tratava bem e, na mesma quantidade, mal. Mal de um modo bom. 

E eu não me lembro de como chegamos àquele ponto, porque nos dias restantes do ano nós fingimos que não nos conhecemos, não nos contactamos nem nunca nos vemos. E, ás vezes, sendo que ele é um homem de negócios que vive a uns longos quilómetros de mim, nós cruzámo-nos, mas é como se não acontecesse, porque, fora daqueles sete dias, não éramos mais amantes, mas sim completos desconhecidos. 

E nas minhas maiores confissões, eu devo dizer que a culpa tomava conta de mim (no início) porque eu estava a trair o meu noivo e Jungkook a sua esposa, mas ele era e sempre será bom a fazer-me esquecer disso. Claro que isso não excluía o facto de que eu ainda era um filho da puta, mas não havia mais aquele peso em cima dos meus ombros, porque aquilo agora fazia parte da minha rotina. 

E, mais uma vez, eu não me lembrava mais de quem tinha sido essa ideia, mas lembrava-me das suas mãos atrosas enquanto puxava o meu banco para perto dele naquele dia, no bar. Lembrava-me de como me confessara os seus maiores segredos e de como eu deixei que ele vomitasse todas as palavras maldosas e bêbadas para cima de mim. Agora ele não me deixa saber muito sobre a vida dele lá fora, mas eu sei que é por isso que ele aparece ali e se deixa cair nos meus braços, porque esse é o mesmo motivo pelo qual eu permito exatamente o mesmo.  

Eu encarava as roupas frescas que estavam agora dobradas dentro da minha mala, sabendo que para onde íamos fazia calor. O destino era sempre o mesmo, e trocávamos mensagens apenas uns dias antes, para confirmarmos a ida e marcarmos os voos, que nunca eram os mesmos. 

''Papai!'' 

Eu baixei-me em reflexo, acolhendo a garotinha de cabelos escuros e olhos azuis nos meus braços, sabendo que ela tinha acabado de chegar da escola e logo me levantando, com ela nos braços, pois sabia que o pai dela, e meu namorado, vinha logo atrás. 

''O que eu falei sobre tirar os sapatos antes de entrar, Yang Mi?'' Taemin apareceu atrás dela, fazendo-me sorrir para a chateação indevida dele. 

''Vamos, vá tirar os sapatos.'' Eu pousei-a no chão, dando-lhe um tapa tão leve que eu mesmo duvido que ela tenha sentido enquanto corria para fora do quarto. 

''Já fez as malas?'' Ele veio até mim, logo segurando um lado da minha cintura e beijando os meus lábios muito levemente. 

E eu queria alguém que chegasse a casa e me beijasse de forma a demonstrar que tinha sentido a minha falta durante o dia, e eu sentia isso quando Jungkook voltava do banheiro com o fogo todo. Obviamente que eu não pensava nele todos os dias, mas quando a data se aproximava... Eu sentia realmente saudade dele. 

''Já.'' Eu murmurei, procurando no meu cérebro alguma informação que me dissesse se eu me esquecia de algo. 

''E vai ficar para jantar?'' 

''É melhor não.'' Eu voltei a puxá-lo para mim, sabendo que ele já ia. ''Tenho medo de me atrasar.'' Eu encostei a minha testa na dele, logo enlaçando os meus braços em volta do seu pescoço e juntando os nossos lábios. ''Você me leva no aeroporto? Com Yang Mi?'' 

Ele acenou. 

''Eu e Papai te levámos!'' 

Eu soltei-me dele, com um sorrisinho estampado, enquanto via a minha filha subir a cama alta com dificuldade e vinha até mim, mas antes que o fizesse eu tratei de a trazer para perto, logo pegando o corpo pequeno e fazendo-o deitar com um salto, logo a enchendo de cócegas que faziam as risadas dela encherem os meus ouvidos com tanto gosto. 

E essa era a pior parte... Eu tinha uma boa família. 

It Ain't My Fault [jikook/kookmin]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora