(30) go away, please

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25 de abril [em Portugal] - Revolução do 25 de Abril/ Revolução dos cravos (conhecido principalmente pela palavra ''liberdade''). 

1º de abril [em Portugal] - Dia das mentiras

 ♤♡♤ 

[P O V    P A R K  J I M I N]

"Pronto, Yang, não vá para longe." Eu mandei, puxando o seu rabo de cavalo uma última vez, apertando-o no totó, deixando-a então correr dali para fora, em direção às outras crianças que enchiam o parque. 

Eu suspirei, com o sol batendo nas minhas pernas, já os últimos raios do dia. 

"Nunca mais faça isso." Eu mandei, quase desapontado, mas era tudo cansaço. 

Cansaço das noites mal dormidas... encantadas... você sabe...

''Você tem razão.'' Ele acabou admitindo, mesmo que para meu choque. ''Perdão.'' Ele acabou resmungando, porque logo a seguir estava a tossir contra o seu braço, dando um sorriso de canto quando o olhei preocupado. 

E, sentado do meu lado, naquele banco típico de jardim, Jungkook deixou as mãos deslizarem pelos bolsos das calças, porque não tinha mais nenhuns, com a camisa aberta caindo para os lados. 

''Só...'' Eu murmurei, desengonçado. ''Seja rápido.'' 

Ele acenou, enquanto observava Yang Mi, um pouco longe de nós, sem sequer se dignar a me encarar, com o maxilar travado. 

''Quando é o seu casamento?'' Ele perguntou, olhando-me então, fazendo-me gelar dos pés à cabeça. 

''Vinte e cinco.'' Eu murmurei, descontente. ''Domingo.'' Acabei dizendo, porque era a verdade, faltavam três dias e eu não podia ignorar isso. 

''Que irónico.'' Ele soltou uma gargalhada através das narinas, quase incrédulo. 

''Porquê?'' Eu acabei rindo com ele, mesmo que eu não tivesse um porquê. 

''Liberdade.'' Ele quase assobiou, e eu tinha que concordar, mas provavelmente Taemin nem sabia disso, nem sabia que era realmente irónico. ''Deveria ter sido umas três semanas antes, não?'' 

Eu suspendi uma sobrancelha, com a matemática à prova, sabendo o que ele queria dizer, mas desafiando-o a realmente dizer aquilo e não apenas a insinuar. 

''O que você quer dizer?'' 

''O seu casamento é uma mentira, Jimin.'' Ele sacudiu os ombros, como se não se importasse, mas claramente havia algo o incomodando. 

''Como você sabe?'' Eu ri, mas não era por ter piada. ''Eu ainda não estou casado.'' 

''E se dependesse de mim você não estaria, não com alguém que não te faz feliz.'' 

E eu arregalei o olhar,  ainda no limite, sempre na corda bamba, controlado e ciente de que aquilo não era algo que estava nos nossos limites. 

''Isso é muito ruim.'' Eu acabei comentando, risonho, fingindo que aquilo era uma piadinha de mau gosto. 

''Porque você vai casar com alguém que não te faz feliz?''

''Taemin me faz feliz.'' Eu o corrigi em primeiro lugar, porque Taemin me fazia feliz, só...

''Mas não o suficiente.''

É, talvez seja isso mesmo, Jungkook. 

''O que veio fazer aqui, Jungkook?'' Eu decidi perguntar, um pouco cheio daquela palhaçada. ''Você vem aqui, invadir o meu espaço e o da minha filha, para me dizer que o meu noivo não é o suficiente para mim? Porque eu estaria casando com ele se fosse assim?'' 

Jungkook soltou uma risada, o olhar de novo em Yang Mi, enquanto passava os dedos por debaixo do nariz, logo o puxando, uma risada tão seca, quase troçador. 

''Pelo mesmo motivo que faz você me encontrar todos os anos.'' 

E eu fui obrigado a fechar os olhos, deixar-me escorregar um pouco, segurando as bordas do banco e encostando a nuca no seu encosto. Eu nunca poderia refutar aquilo, nunca. 

''Vá embora, por favor.'' Eu pedi, desesperado interiormente, olhando de relance para ele, fazendo depois o meu pescoço movimentar-se em circulo, cansado. ''Jung- Yang Mi!'' E eu gritei, chamando pela menor, percebendo o que aconteceria antes dela, levantando-me, caindo com o joelho no chão em um tropeço, mas Jungkook me puxou para cima, e eu corri, sem lhe agradecer, vendo uma mulher mais velha do que eu, provavelmente mãe da outra criança que antes brincava com Yang, chegar perto da minha filha. E eu me ajoelhei no chão, mesmo que fosse areal, puxando-a para as minhas pernas e percebendo que a ferida no seu joelho não era grave, abraçando-a então, beijando-lhe a testa, e sentindo as pernas de Jungkook ao lado das minhas, logo segurando as mãos dela, que a fez parar de chorar e olhá-lo. ''Está doendo, Yang?'' Eu perguntei, passando o polegar por cima da sua calça agora rasgada. 

''Está d-doen-do.'' Ela fungou, encolhendo-se contra o meu peito, ainda segurando a mão de Jungkook, escondendo o rosto em meio aos cabelos compridos. 

''Vai passar, meu amor.'' Eu disse, vendo a outra mulher sorrir-me, logo puxando a sua filha pela mão, levando-a embora. ''Vamos para casa? Colocar um pensinho colorido, hein?'' Eu brinquei, abanando-a de leve, fazendo-a rir baixinho, entre uma fungada. ''É só um arranhão.'' Acrescentei, tranquilizando-a. 

E eu fiquei de pé, estendendo a minha mão na direção dela, que logo a segurou, olhando torto para a própria calça rasgada. 

''Você quer que eu leve você?'' Jungkook perguntou-lhe, enquanto segurava a outra mão dela, baixando-se um pouco para a olhar, e ela acenou-lhe, fazendo-o baixar mais até que ele pegasse nela e ela se encolhesse rapidamente. 

E eu queria que ela andasse, com medo de que ganhasse algum tipo de choque, mesmo que com um ferimento pequeno como aquele. 

E pelos minutos seguintes eu fui obrigado a caminhar do lado de Jungkook, que carregava a minha filha enquanto lhe esfregava as costas e lhe fazia pequenas cócegas, até que estivéssemos de volta à escola, atravessando então a rua até ao meu carro. 

Yang Mi foi colocada no banco de trás, agarrando-se logo ao seu peluche, enquanto Jungkook já lhe colocava o cinto, e ela lhe beijava a bochecha, dizendo-lhe que guardaria o seu chapéu, sabendo que ele iria embora agora. Depois ele bateu a porta, ficando no passeio, com as mãos sempre nos bolsos, na minha frente. 

''Obrigado.'' Eu murmurei, olhando-o, com certo dó. 

''Você está bem?'' Ele quis saber, e eu não entendi até ele olhar os meus jeans, que estavam todos sujos, mas os dele não estavam muito diferentes, a diferença é que eu tinha dado um tombo e ele não. 

''Sim.'' Eu esfreguei o cotovelo, quase envergonhado. ''Você pode ir agora.'' Eu disse, sem esquecer as suas palavras anteriores, mais tomado agora pela consciência de que ele não podia fazer aquele tipo de coisa, não podia aparecer à porta da escola da minha filha para falar mal do meu casamento.

''Nós não conversamos.'' Ele disse, enquanto eu checava Yang por cima do ombro, entretida. ''Não te disse o que queria dizer.''

''Então diga, Jungkook.'' Eu disse-lhe, impaciente, cruzando os braços na frente do peito e subindo para o passeio também. 

''Não cometa esse erro. Não case, Jimin.'' Ele disse-me, sem pretextos. ''E isto não é um pedido.'' 

[C O N T I N U A]

It Ain't My Fault [jikook/kookmin]Where stories live. Discover now