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[P O V   P A R K  J I M I N]

''Você tem a certeza que não quer que eu vá aí?'' Jungkook resmungou do outro lado, não se contendo com a minha resposta anterior. 

''Não.'' Eu murmurei, desconcentrado, prendendo o celular entre o meu ombro e a minha bochecha, mal o ouvindo enquanto, com uma caixa em mãos, que mal me deixava ver o caminho à minha frente, eu tentava empurrar a porta da entrada. 

''Mas é a minha casa também.'' Insistiu, descontente, e eu bufei, me abaixando e pousando aquilo no chão do corredor, depois segurando o celular de forma a que não caísse e com a outra mão afastando os cabelos para trás em frente do espelho. 

''Quer ajudar?'' Eu perguntei, sem lhe dar a chance de responder. ''Pode pegar Yang Mi na escola de dança quando sair.'' Eu ofereci, sabendo que ele não recusaria. ''Mas, senhor Jeon, se chega em meus ouvidos que você ficou quase duas horas falando com o senhor Kim, como da última vez, você fica proibido de ajudar mais.'' 

''Foram quinze minutos!'' Corrigiu e eu podia perceber o seu revirar de olhos mesmo através da ligação. 

''Não foi isso que minha pequena me disse''

''Ela nem sabe ver as horas.''

''Vou lhe dizer que falou isso.'' 

''Não...'' Ele fingiu choramingar, finalmente desistindo. ''E depois nós podemos ajudar aí?'' 

''Pode se despachar.'' Eu contornei o assunto, voltando a caminhar para o lado de fora. ''Eu ainda tenho que levar Yang no Taemin hoje.''

''Esse cara...'' Balbuciou, inconformado com a minha decisão desde que eu a tomara. 

''Já falamos sobre isso.'' Eu lembrei. 

Era uma decisão lógica, sem emoções ao caso, porque Taemin, apesar de agir da forma que age, ainda é o pai legítimo de Yang Mi, ainda foi ele que a viu crescer naqueles primeiros anos de vida, e apesar de Yang Mi ver Jungkook como uma figura paternal, ainda era Taemin que constava na certidão de nascimento dela, ainda era ele e continuaria a ser. 

''Eu posso deixar ela lá...'' 

''Nem pense, Jeon.'' Eu neguei para mim mesmo, conhecendo quem vivia debaixo do mesmo teto que eu como a palma da minha mão, depois observando a mala do meu carro, as coisas pesadas com as quais, provavelmente, eu não tinha força para carregar para dentro da nova casa. ''Talvez eu precise de ajuda...'' Eu disse para mim mesmo, pensando em voz alta, mas um guincho parou em meus ouvidos antes de eu puder sequer raciocinar. 

''Estou chegando!'' Ele festejou, feliz por ser preciso, feliz por vir ajudar e eu acabei rindo.

''Fique quieto, faz favor.''

''Qual quieto, qual quê?'' Retorquiu, já se mexendo. ''Chego em dez.''

E então ele desligou a ligação, me deixando para gargalhar sozinho, enquanto pegava as coisas menores ali, espalhadas em sacos, para levar para dentro. 

Viver com Jungkook fora uma decisão difícil para os dois. Tinha, claro, o facto de que eu já não tinha mais uma propriedade minha, vivendo com os meus pais, e tinha o facto de que Jungkook não morava nesta cidade. No entanto, depois de muita procura, por uma casa na periferia da cidade, para que ficasse desse modo perto da outra, nós conseguimos conciliar o tipo de lugar em que queríamos viver com o local indicado para que as nossas vidas correntes não precisassem de mudar drasticamente. 

Claro que o trabalho de Jungkook não era a dez minutos de distância, mas claro que, o conhecendo como eu conhecia, ele já tinha deixado o trabalho pelo menos à vinte, mesmo antes de me ligar. 

Não havia mais nada naquele carro que eu pudesse carregar por mim mesmo, no entanto, não me considerando um desistente, eu tentei puxar a mala grande com as roupas de Yang Mi para fora do carro, sem muito sucesso e sem muito tempo para ele, porque uns segundos depois eu ouvi a apitadela de um carro ao meu lado, me levando a dar um pequeno salto com o susto, até seguir o olhar e encontrar Jungkook, a ponta do dedo pressionado no botãozinho de abrir o vidro do passageiro, se curvando para me olhar. 

''E aí, precisa de ajuda, vizinho?'' Ele perguntou, brincalhão, piscando um dos olhos e eu revirei o olhar, voltando a puxar a mala dali até ela embater no chão. 

Jungkook andava realmente brincando sobre aquilo à uns dias, quando eu havia assinado a escritura da casa, que nós dois tínhamos chegado a acordo de ficar unicamente no meu nome para que mais tarde ela ficasse para Yang Mi e sendo que ele ainda tinha a propriedade da sua casa na outra cidade, que ele deixou intocável, às vezes murmurando em meu ouvido que eu não sei o que o futuro nos reserva, se nós podíamos dar um irmãozinho a Yang Mi e todas essas coisas que nós não falávamos de forma séria mas que eu sabia que era com o que ele sonhava. 

Alguns segundos depois, quando Jungkook já tinha estacionado o seu carro atrás do meu, ele puxou outra das malas para fora, enquanto eu arrastava a outra. 

''Ainda falta muita coisa, anjo?'' Ele perguntou, realmente feliz por estar ajudando, e eu neguei com a cabeça, deixando a mala na entrada, assim como eu vinha fazendo com o resto das coisas e assim como ele fez. 

''Não.'' Eu respondi verbalmente, me aproximando dele e passando os braços pelo seu pescoço, selando os seus lábios logo de seguida. ''Obrigado pela sua ajuda, mas você devia voltar para o trabalho.''

''Eu estava a pensar em, talvez, buscar Yang mais cedo?'' Ele sugeriu, totalmente incerto, de sobrancelha erguida, segurando a minha cintura e me mantendo perto e eu acabei formando um punho com a mão, o acertando no peito dele de forma lenta. 

''Pare de mimar ela!'' Eu mandei, como se fosse realmente sério e ele acabou rindo, subindo a mão pelo meu corpo, segurando a minha mão e entrelaçando os seus dedos nos meus, depois beijando o meu dedo anelar, onde eu já podia carregar o anel que ele me dera uns anos antes. 

Era um tipo de liberdade que eu não conhecia antes. Era uma coisa que eu não conhecia fazia um tempo. 

Era uma coisa nova, experimental, de chegar em casa e ter Jungkook com um pano no ombro, cozinhando, fazendo as comidas preferidas da minha filha. Ao domingo, na cozinha também, fazendo os bombons que a Yang Mi não gostava, mas que eu adorava. À semana, como se nada tivesse mudado, as mensagens aleatórias, mesmo que eu fingisse chateação quando ele me mandava alguma piada seca ou quando ele simplesmente insistia em saber como ia o meu dia e todas as outras coisas. E, sem esquecer, as nossas noites.

Era um tipo de atenção que me encantava. 

''É uma bebezinha e bebezinhos merecem carinho.'' Ele declarou, todo infantil, mas eu sorri ao invés de rir, antes de ele dizer: ''Como você.'' 

Então eu fui obrigado a socar o seu ombro, como se eu me importasse com aquelas coisas que ele acabava dizendo para me provocar. 

E, mesmo que eu ainda tivesse de ver, ocasionalmente, o rosto da pessoa que quis tirar a minha filha dos meus braços, como uma decisão minha, aquele dia, ainda assim, não teria nada de ruim, porque voltar para casa, não para casa-lar, mas para os braços de alguém que você considera casa, é a única coisa que você precisa, ainda melhor se vier com um ''eu te amo'' e um beijo nos lábios. 

♤♡♤

Está mesmo quase acabando, tô chorosa

Me desculpem a demora, mas as coisas já estão tomando o seu rumo de novo...

Se alguém aqui acompanhar InterTWINed, eu vou tentar atualizar ela amanhã

It Ain't My Fault [jikook/kookmin]Where stories live. Discover now