It Ain't My Fault [jikook/kookmin]

(51) daddy

[P O V   P A R K  J I M I N]

Talvez um dia você seja a verdade que mente para o bem da felicidade. 

Mas você ainda não é. 

Você ainda é o causador da minha angústia. 

Você me causa dor porque eu deixo, e eu gosto, eu gosto quando não estou pensando nas consequências.

Você me tira do mundo, e me leva para um lugar mais bonito, mas o caminho de volta é pior, porque eu percebo que não tem realmente volta e você não está sabendo. 

É um pouco duro, eu admito. 

É um pouco duro que eu tomei decisões erradas e eu as tomei sabendo que elas me corromperiam dessa forma absurda.

É duro, ok. 

E você não está sabendo que eu mal fui e já estou sentindo saudade, que está me corroendo da mesma forma pesada que os meus erros, me levando para lugares que não são mais bonitos como você fez eles parecerem ser.

Você não está sabendo porque eu não fiz questão de te dizer o quão mau seria. Eu não fiz questão de te trazer para o meu olhar, e não ceder ao que eu cedi. 

E se você quiser falar sobre arrependimento, eu posso te falar. Sim, você. Agora é você. Vou te desapontar, porque eu não estou arrependido, não dessa vez. 

''Me ouça, porra!'' Eu esbravejei, realmente irritado, mesmo que eu não estivesse no meu direito. 

''Não tem nada que você possa falar, Jimin.'' Ele disse-me, pela terceira vez nos últimos cinco minutos, e eu voltei a bufar, porque era verdade, mas eu não poderia deixar de tentar. 

''Taemin, pare por um segundo, nó-'' 

''Papai!'' 

Eu acabei suspirando, fechando os olhos quando senti os braços da melhor garotinha do mundo em volta das minhas pernas, caindo nos meus joelhos, sem me importar com a dor, mesmo que ela persistisse por alguns segundos, abraçando-a, trazendo-a para cima de mim, apertando-a demais, ouvindo-a rir sobre isso. 

''Eu tive saudade s-''

''Deixe o seu pai, Yang Mi.'' Taemin acabou proferindo e eu acabei me afastando da pequena, olhando o mesmo com o maior olhar repreenssivo, vendo a garota o olhando estranho. 

''Pare, Taemin.'' Eu mandei, segurando-a ao meu lado, vendo como ela parecia assustada. 

''Vá para o seu quarto, Yang!'' Ele exclamou, apontando o quarto com a mão e eu fiquei de pé no mesmo instante, segurando a mão dela para que não ficasse assustada. 

''Taemin.'' Eu quase ameacei, com o tom sério e o olhar acusador, julgando-o claramente. 

E ele me olhou, naquele confronto ridículo de olhares, descendo então para Yang Mi, virando o rosto e afastando os cabelos para trás, se encostando no sofá, de costas para nós. 

''Yang.'' Eu chamei, impotente naquela situação, abaixando-me em sua frente, segurando ambas as suas mãos, mas ela largou-as, levando-as para as minhas bochechas. 

''O que está acontecendo com o Papai?'' 

Eu engoli em seco, negando com a cabeça e pegando a sua mão de novo, a beijando. 

''Eu tive saudade sua, meu amor.'' Eu declarei, de maneira a tentar fazê-la esquecer aquilo. ''E essa noite nós dois vamos comer um monte de pipoca. Até não caber mais.'' 

''E ver o filme das princesas?'' Perguntou-me e eu ri, tocando a ponta do meu dedo na ponta do seu nariz. 

''Não abuse.'' Eu disse, brincalhão, aproximando-me dela para beijar a sua bochecha e alcançar o seu ouvido. ''Dois filmes das princesinhas.'' Eu revelei, a fazendo festejar, mas logo se conter, como se fosse um segredo, colocando o dedo minúsculo dela em frente do seu nariz, pedindo-me silêncio. 

A partir dali foi fácil convencê-la a ficar no seu quarto, porque afinal era o lugar preferido dela, com todos os livros de colorir, os de histórinha, o castelo montado para as bonecas aparentemente preciosos e tudo o resto que preenchia o lugar demais. 

Eu esperei que ela se soltasse, caminhasse pela sala, olhasse preocupada para o pai, para então deixar a sala, correndo para o seu quarto e fechando a porta com cuidado, pois a mesma tinha um ursinho com o seu nome pendurado.

"Taemin." Eu acabei o chamando pelo meio de um suspiro, quando ele não fez questão de se virar ou procurar ter uma conversa civilizada. "Só diga o que tem a dizer." Eu ofereci, cruzando os braços na frente do meu peito, finalizando a minha posição.

Foram alguns minutos, com Taemin de costas para mim, afrouxando a gravata azul marinho e acabando por a tirar mais tarde.

E quando ele se virou eu vi nos seus olhos que eu não seria perdoado por aquilo nunca.

"Eu vou dormir." Ele disse-me e eu nada esbocei, mesmo que estivesse incrédulo por ele não querer resolver aquilo.

"Tae..." Eu resmunguei e ele me olhou, com a gravata nos dedos, sem qualquer repreensão no olhar, apenas desapontamento. "Perdão." Eu disse, porque ele precisava no mínimo saber que eu queria me desculpar, mesmo que não fosse ser aceite.

Ele acenou uma vez, e via-se que até ali ele esteve tentando se acalmar, provavelmente arrependido pelas atitudes perante a filha.

Finalmente eu pude me sentar, afastar os meus cabelos de forma lenta e respirar.

Eu me mantive ali por um tempo, com as mãos esfregando a minha face, espreitando entre os dedos a garrafa de whisky em cima da mesa alta, negando com a cabeça e ficando de pé.

Às vezes só é pior quando as pessoas não dizem nada.

Às vezes é pior quando ninguém joga na sua cara os erros que você sabe que cometeu.

Às vezes é pior quando a pessoa está tão desapontada que deixa a raiva de lado e nem grita na sua cara.

Eu bati com os nós dos dedos na porta, abrindo a mesma em seguida, e abrindo um sorriso ao ver Yang Mi em meio a cobertores azuis e verdes, com o controle remoto em mãos.

Eu me aproximei da cama, vendo-a abrir os braços. Então, eu deixei os meus joelhos se suportarem no colchão, me deixando cair de forma boba perto dela, puxando-a pelo tronco e trazendo-a para cima de mim.

Provavelmente ela estava pensando que eu iria fazê-la rir, fazer cócegas ou qualquer outra coisa do tipo, pois já estava rindo, mas eu apenas a abracei e eu percebi a estranheza, mas logo a seguir ela tentou me rodear com os bracinhos pequenos, retribuindo.

Eu tinha Yang Mi, enquanto ela não pudesse entender. E isso foi o que me fez apertá-la mais, fechar os meus olhos com força, como se eu pudesse viver daquilo, e provavelmente eu podia.

"E aí garotinha?" Eu brinquei, finalmente brincando com os dedos na sua barriga, beijando a sua testa e deixando-a sentada em cima do meu abdômen. "Qual princesa nós estamos vendo primeiro?"

"Bela e o monstro!"

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